(Publicado na edição de 19 de Fevereiro de 2004 do jornal POSTAL DO ALGARVE)
Em 2003, as dificuldades das famílias portuguesas foram agravadas pelo aumento do desemprego, acentuando situações de exclusão social e pobreza!
No final de Dezembro, mais de 452 mil desempregados estavam inscritos no IEFP (+ 19% em relação a 2002). Agora, o Eurostat aponta para uma taxa de 6,9%, o valor mais alto dos últimos seis anos.
Geralmente, as mulheres e os jovens são as primeiras vítimas. Porém, o agravamento da situação está a afectar também os homens com mais de 45 anos, que trabalhavam nos sectores da indústria e da construção civil.
Segundo o IEFP, em Dezembro, o Algarve apresentava o maior aumento mensal de desempregados (+ 7,8%). Não acreditamos que, no curto prazo, a situação venha a alterar-se substancialmente...
Apesar das boas intenções da propaganda governamental, a aplicação do Código do Trabalho e as reivindicações dos empresários (liberalização dos despedimentos, por exemplo) não se vislumbram soluções que ultrapassem este quadro.
É urgente prever a fixação de incentivos à criação de postos de trabalho duradouros e o reforço dos programas de estágios de integração para licenciados e recém-profissionalizados, através de parcerias entre universidades, escolas profissionais e as diferentes entidades com potencial de criação de emprego e conhecimento.
A criação de condições para a fixação de empresas e para a diversificação da oferta de trabalho no Algarve, marcada pela sazonalidade do sector turístico, é outra prioridade que não deve ser desprezada.
Veja-se o caso do município de Olhão, que prepara já o segundo parque empresarial, como um exemplo de dinamismo e de iniciativa para limitar os impactos da redução da actividade piscatória e das indústrias conexas.
Por outro lado, a criação de incentivos específicos à criação de postos de trabalho e a promoção do emprego jovem, numa estreita articulação entre os pólos de I&D e as empresas, devem ser articuladas com políticas activas de emprego fomentadoras de aprendizagem ao longo da vida, auto-emprego e da iniciativa empresarial, competindo ao Estado a captação de fundos comunitários para programas de incentivos à iniciativa e criatividade empresarial jovem.
Tudo isto passa pela promoção de formação básica geral com qualidade e adequada ao modelo de desenvolvimento que preconizamos e pela intervenção responsável e cooperante do município com os seus principais actores – professores e formadores.
Para além da promessa sempre adiada do pólo universitário, os tavirenses andam iludidos há seis anos com a miragem duma zona industrial em Santa Margarida e dum parque de feiras e exposições no Mato de Santo Espírito.
Mais do que promessas irrealizáveis, pelo menos no curto prazo, importa encontrar soluções que permitam o desenvolvimento sustentável do concelho e correspondam às necessidade de mão-de-obra da região.
É inadmissível num concelho que aposta na rentabilização do património e da qualificação da oferta turística que a oferta de formação nestes domínios seja nula ou reduzida obrigando a deslocações morosas, dificultando a fixação de jovens e, mais grave, levando ao abandono das suas áreas residenciais.
A valorização dos recursos humanos obtém-se através de formação adequada à procura do mercado, com especial prioridade nos domínios da cultura, das artes e dos ofícios tradicionais.
A insistência na criação de expectativas positivas pela concretização de grandes investimentos públicos pode provocar dificuldades acrescidas devido à deficiente previsão dos custos de manutenção dos equipamentos.
Fazer obra é importante, mas cumprir os prazos acordados com empreiteiros e fornecedores para o pagamento das facturas e dos autos de medição é fundamental!
Os atrasos na liquidação das dívidas acumuladas prejudicam a competitividade e fragilizam as finanças das micro, pequenas e médias empresas, gerando atrasos nos salários e dificultando a manutenção de postos de trabalho.
Tavira precisa de mais e melhores empregos, de agentes motivados e de políticas (e de políticos, já agora!) responsáveis. Tavira e o concelho precisam de soluções de futuro!
1 comentário:
Concordo plenamente, Tavira e o Algarve necessitam de agarrar os seus profissionais qualificados, melhorar os seus salários e incentivar á qualificação de todos os que pretendem entrar no mercado de trabalho. Deixar de ser uma região sazonal.
Eu fui obrigado a deixar a minha amada terra/região. Um exemplo, e dou o meu que é como muitos outros, Especializei-me em informática formações, cursos profissionais, e frequento o curso de Eng. Informática. O único emprego que com a minha experiência laboral e qualificações consegui foi numa câmara num espaço Internet, claro que nem acabei o contrato e tive de vir para Lisboa. Desejo voltar... mas é quase impossível, espero desejoso pela abertura do parque industrial de Tavira e que consiga agarrar os seus jovens.
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