quinta-feira, fevereiro 19, 2004

E agora, que fazer?!

(Publicado na edição de 19 de Fevereiro de 2004 do jornal BARLAVENTO)

Por via do alargamento da União Europeia, o Algarve vai enriquecer artificialmente nos próximos anos perdendo parte significativa das ajudas comunitárias, que constituíram na última década um instrumento fundamental para a redução das desigualdades de desenvolvimento regional.

Hoje, o Algarve dispõe duma rede de abastecimento de água para os próximos vinte anos, a Via do Infante liga as duas pontas da região e Lisboa e a Espanha ficam já ali, foram eliminadas as lixeiras a céu aberto, investimos no ensino superior e na investigação, temos a melhor rede de escolas e de centros de saúde do País, alargámos os horizontes da frota de pesca, os agricultores e os empresários algarvios dispõem de melhores condições de trabalho...

Analisando-se a aplicação do 2.º QCA, percebe-se que Portugal apresentou taxas de execução claramente acima da média comunitária. Os relatórios intermédios do 3.º QCA comprovam a tendência portuguesa para utilizar eficazmente os recursos disponibilizados pela União Europeia. É necessário não perder o rumo!

Concretizando-se a saída do objectivo 1, as perspectivas financeiras do 4.º QCA não são as melhores, mas admite-se que o Algarve venha a beneficiar de um período de transição (phasing out). Por tudo isto, é necessário estabelecer consensos, definir prioridades e adoptar projectos que sejam concretizáveis neste período de tempo.

Os algarvios não aceitam ser tratados como burros por quem acena-lhes com uma cenoura para trincarem em 2018...

A conclusão das redes regionais de infra-estruturas, asseguradas por projectos nacionais ou intermunicipais de âmbito regional, salientando-se as redes de acessibilidades interurbanas (onde pontifica o metro de superfície com ligações ao aeroporto e à universidade, a Quarteira e Loulé) ou a necessidade urgente de reestruturar as redes de saneamento básico e de valorizar a orla costeira de elevado potencial turístico são prioridades incontornáveis.

No contexto da Estratégia de Lisboa, assente no modelo social europeu, que prevê a redução das disparidades através de políticas integradas de renovação económica e de coesão social, também não podemos deixar de apostar no reforço das redes do conhecimento, da inovação e do desenvolvimento. Não podemos ficar de braços cruzados e satisfeitos da vida porque estamos estatisticamente mais ricos!

Por isso, assume especial importância o financiamento e a concretização do plano de desenvolvimento da Universidade do Algarve, com o arranque do pólo universitário de Portimão e a construção do hospital universitário do Algarve, e a criação de espaços de intercâmbio entre o ensino superior e as entidades competentes para a rentabilização do seu potencial para a criação de emprego duradouro e produtivo.

Recentemente, o sociólogo Manuel Castells assumiu que as universidades são a verdadeira fonte de poder dos Estados Unidos e apontou o modelo sócio-económico da Finlândia como exemplo a seguir.

Nesta fase, seguindo os bons exemplos, acredito que podemos dar alguns passos de gigante, encarando com determinação os desafios e agarrando a última oportunidade que a União Europeia nos proporciona!

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