quinta-feira, fevereiro 05, 2004

Tavira precisa de visão estratégica

(Publicado na edição de 5 de Fevereiro de 2004 do jornal POSTAL DO ALGARVE)

Por José Graça *

A habitual pacatez da cidade de Tavira tem sido afectada nos últimos anos pelos problemas causados pelo acréscimo da circulação automóvel e pela ausência de soluções adequadas para resolvê-los...

O alargamento progressivo das zonas de estacionamento tarifado de duração limitada e as medidas de combate ao estacionamento ilegal e abusivo (?!) apenas têm contribuído para dificultar a vida aos automobilistas tavirenses, dada a ausência de parques de longa duração nas zonas mais procuradas – zonas centrais de comércio e serviços e interfaces de transportes de médio e longo curso, por exemplo – e a lamentável ineficácia da rede de transportes urbanos de Tavira, quer pelos percursos, quer pelos horários, quer pela falta de acções de promoção!

As expectativas criadas pela abertura do concurso para construção e exploração do parque subterrâneo na Praça da República não passaram duma miragem. Como já tinha previsto, devido às dificuldades de construção e de rentabilização, ninguém quis arriscar vários milhões de euros num investimento de duvidoso retorno...

Na última semana, os habitantes, comerciantes e demais utentes da avenida Dr. Mateus Teixeira de Azevedo foram confrontados com a colocação de “palitos” nos passeios e com a aprovação pela Câmara, apesar dos votos contra do PS, da introdução de estacionamento tarifário naquela artéria, na praceta Marcelino Galhardo e no largo de São Francisco. Alguém acredita que as coisas vão mudar para melhor?!

Para além de colocar em perigo a integridade física dos peões, pelas características dos “palitos” escolhidos, dificulta a recolha de crianças nas escolas primárias da estação e afectará negativamente os inúmeros comerciantes da avenida e da praceta Baltazar Gonçalves Lobato...

Futuramente, prevendo-se a transferência do centro coordenador de transportes para a rua Luís de Camões (terrenos da antiga estação agrária) e a melhoria da rede ferroviária / metro de superfície, a situação tenderá a agravar-se, caso não seja considerada a construção de parque de estacionamento de longa duração naquela zona ou a melhoria significativa dos serviços de transportes urbanos!

E na EN 125, como estamos?!

A reformulação do traçado da Estrada Nacional 125, com a construção de duas rotundas de grande dimensão no final do acesso à Via do Infante e na zona de São Pedro, no alargamento do traçado com adopção de separador central e na eliminação do cruzamento da estrada de Santo Estevão, resultante de um investimento de 4,5 milhões de euros do anterior Governo, criou um conjunto de expectativas sobre a sua melhoria em torno de Tavira.

Construído em 1966, para além da degradação evidente da ponte sobre o Rio Gilão, apresenta hoje problemas que não são solucionáveis com a recomendação de limitação de velocidade existente, pela iluminação parcial do seu percurso ou pela eliminação de algumas viragens à esquerda. Muitos deles só podem ser resolvidos através de intervenções de fundo, as quais importa pensar em termos globais, mas tendo como prioridade a segurança dos seus utilizadores actuais e potenciais, porque são muitos os habitantes das novas zonas de expansão da cidade ou nas aldeias mais aprazíveis do barrocal.

Iniciadas as obras de construção da rotunda no cruzamento da Fonte Salgada, as viragens à esquerda nos acessos às diversas urbanizações existentes na recta do Eurotel devem ser solucionadas com a implantação de mais uma ou duas rotundas (Mato de Santo Espírito e/ou Almargem, caso se justifiquem) e o alargamento do traçado nas zonas onde ainda é possível.

É possível que ainda não seja tarde para pensar-se numa nova variante, na ligação directa dos anunciados parques de feiras e exposições do Mato de Santo Espírito e da zona industrial de Santa Margarida à Via do Infante.

Tavira precisa de visão estratégica, pois a qualidade de vida dos tavirenses não pode ser colocada em causa com anúncios de reduzido efeito ou medidas avulso de duvidosa utilidade. Tavira e o concelho precisam de soluções de futuro!

* Presidente da Comissão Política Concelhia de Tavira do PS e membro da Assembleia de Freguesia de Santiago

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