(Publicado em 26 de Julho de 2001)
A abertura ao trânsito do novo troço da Auto-Estrada LISBOA-ALGARVE, entre Grândola e Castro Verde, e o avanço imparável das obras dos derradeiros 60 quilómetros é uma vitória de todos os algarvios, mas acima de tudo um desgosto para quantos foram cimentando a ideia de que tal nunca seria possível.
Construída aos solavancos desde 1966, a ligação de Lisboa ao Algarve por Auto-Estrada será o marco desta Legislatura pelas vantagens inegáveis que acarretará para Portugal, mas essencialmente para o desenvolvimento sustentado do Algarve, para a diversificação das actividades económicas, para o aumento de competitividade das empresas algarvias, para as ligações entre Portugal e Espanha e para o alargamento considerável da área de influência do Aeroporto Internacional de Faro...
O progresso evidenciado nas redes de acessibilidades ao longo dos últimos seis anos é manifesto, construindo-se mais de 120 quilómetros de auto-estrada, onde será possível circular em boas condições de segurança e de fluidez de trânsito. Para além da Auto-Estrada do Algarve, também foram dados passos importantes noutras ligações, quer através da Auto-Estrada Marateca - Almeirim (que tornará possível a ligação directa ao Porto, através de Santarém), quer através das vias ferroviárias, com a utilização da Ponte 25 de Abril e a abertura do Túnel de Penalva (que completará a ligação directa em comboio de Lisboa ao Algarve).
Justiça e solidariedade
Por outro lado, o troço sul do Itinerário Complementar (IC) 22, entre Castro Marim e a Barragem de Odeleite, já está em curso, a Via do Infante entre Albufeira e Lagos, atravessando os concelhos de Lagoa e Silves entre outros, estará concluída no final de 2002 e há poucos dias foi lançada a obra de renovação e valorização da Estrada Nacional 2, entre São Brás de Alportel e Almodôvar. Quase concluídas, a serem inauguradas por estes dias, estão também as ligações de Tavira e de Olhão à Via do Infante. São obras que beneficiam todo o Algarve, independentemente da cor política dos municípios servidos, desmentindo quaisquer denúncias de alegada discriminação...
A finalização da Via do Infante e dos acessos às principais cidades do Algarve – Tavira, Olhão, Faro, Quarteira, Silves, Lagoa, Portimão e Lagos – deve ser encarada como uma das principais conquistas deste período. Inexplicavelmente, os projectos iniciais desta via estruturante não contemplaram novas ligações aos principais centros urbanos, obrigando os automobilistas a circular por autênticas azinhagas com inúmeros acessos a propriedades rurais e a habitações particulares, sujeitando os habitantes das aldeias do barrocal – Moncarapacho e Santa Margarida, por exemplo - ao tráfego intenso despejado em vias estreitas de características antiquadas, afastando turistas das cidades de Olhão, Quarteira e Tavira, tornando insuportáveis os já estrangulados acessos à cidade de Faro, ao aeroporto ou aos “campus” universitários de Gambelas ou da Penha, entre muitos outros inconvenientes que uma sociedade marcada pela posse de transporte próprio e pela facilidade das comunicações sempre acarreta quando as coisas não são devidamente estudadas e planeadas com visão estratégica!
Qualquer das cidades beneficiadas pelos troços em construção da Via do Infante não vai sofrer nenhum destes inconvenientes, estando devidamente asseguradas as ligações às respectivas malhas viárias. Antes não foi assim e perderam-se meia dúzia de anos a corrigir erros herdados do passado!
Contudo, interessa-nos mais perspectivar o futuro que temos à porta e saudar as populações beneficiadas com estes empreendimentos, motivar os empresários para aproveitarem as vantagens decorrentes destas infra-estruturas e tirar as lições necessárias para evitar lacunas semelhantes. No caso concreto de Santa Margarida, atravessada pelo acesso de Tavira e que a partir desta semana deixará de contar com o “inferno” diário, resta-nos esperar que o Instituto das Estradas de Portugal reestabeleça as condições do piso e que o acesso à zona industrial prevista seja repensado, para a tranquilidade agora conquistada seja definitiva!
E na EN 125, como estamos?!
Por outro lado, o atraso acarretou um prémio traduzido na reformulação do traçado da Estrada Nacional 125, a qual consiste na construção de duas rotundas de grande dimensão no final do acesso à Via do Infante e na zona de São Pedro, no alargamento do traçado com adopção de separador central e na eliminação do cruzamento da estrada de Santo Estevão, sendo já respeitadas as recentes determinações sobre segurança de motociclistas. No total, trata-se de um investimento público superior a 900 mil contos, cujos benefícios de comodidade para os tavirenses e todos os que nos visitam abstemo-nos de quantificar...
Contudo, este empreendimento leva-nos a questionar todo o traçado da variante da EN 125 à cidade de Tavira. Construído em 1966, apresenta hoje diversos problemas que não são solucionáveis com a recomendação de limitação de velocidade existente ou com a iluminação que está prevista. Muitos deles só podem ser resolvidos através de intervenções de fundo como a presente, as quais importa pensar em termos globais, mas tendo como prioridade a segurança dos seus utilizadores actuais e potenciais, porque hoje são muitos os tavirenses que habitam nas urbanizações localizadas nas novas zonas de expansão da cidade ou nas aldeias mais aprazíveis do barrocal.
Das anomalias mais graves destacamos os entroncamentos existentes junto à ponte sobre o rio Gilão, sendo mais perigoso o do lado poente (localizado em curva sem visibilidade, referenciado como de elevada sinistralidade e onde devem ser suprimidas as viragens à esquerda e alterados os equipamentos de sinalização), mas não podemos deixar de lado o cruzamento da Fonte Salgada e os acessos às diversas urbanizações existentes na recta do Eurotel, onde deveria ser seguida a regra proposta para os entroncamentos da ponte ou seguir-se a via adoptada nesta última reformulação, com a implantação de duas ou três rotundas (Fonte Salgada, Mato de Santo Espírito e/ou Almargem, caso se justifiquem) e o alargamento do traçado nas zonas onde ainda é possível.
Outras anomalias menos graves de sinalização e de segurança existem, estão devidamente elencadas entre Vila Real de Santo António e Vila do Bispo, mas competirá ao Instituto das Estradas de Portugal, em conjugação com as autarquias locais, delinear um plano de intervenção e de investimento que a Estrada Nacional 125 carece com urgência e os algarvios há muito reclamam!
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