domingo, março 09, 2008

Andalucia absoluta, Espanha nem por isso...


No dia em que Manuel Chaves renovou a sua maioria absoluta na Andalucia, o PSOE ficou a sete deputados da mesmo objectivo no Congresso e reduziu a maioria do PP no Senado, numas eleições marcadas pelo reforço do bipartidarismo. Viva España!

PS - Também neste dia, o ídolo e modelo de Luís Filipe Meneses levou a primeira banhada em França... nas Autárquicas!

3 comentários:

Anónimo disse...

O PSOE ficou aquém da maioria absoluta, mas José Luis Rodríguez Zapatero foi o grande vencedor da jornada eleitoral. Com perto de 170 deputados, os socialistas reforçam a sua representação nas Cortes espanholas e Zapatero tem condições para governar de forma ainda mais determinada neste seu segundo mandato. É certo que continuará a depender de acordos pontuais com os partidos nacionalistas, mas a quebra eleitoral destes (com excepção da catalã CiU) deixa-os com menos condições de criar dificuldades ao Governo de Madrid.

Por seu lado, Mariano Rajoy, que apostou numa clivagem absoluta durante a campanha, sai derrotado e não tardarão vozes dentro do seu PP a culpá-lo por uma segunda derrota consecutiva. Mas curiosamente a direita subiu também em número de deputados, beneficiando, tal como o PSOE, da quebra de votação dos pequenos partidos (os comunistas, terceiro partido de âmbito nacional, passam de cinco para três deputados, quando em 1996 elegiam 21).

Num Parlamento em que a bipartidarização será mais evidente que nunca (PSOE e PP somam mais de 90% dos assentos) o desafio maior será agora socialistas e conservadores encontrarem uma forma de entendimento menos agastada que no passado recente. Até porque se adivinham tempos difíceis, seja porque a economia começa a dar sinais preocupantes, como porque a ETA já mostrou que não se dá por derrotada.

in DN, Editorial, 2008.03.10

Anónimo disse...

O REFORÇO DO BIPARTIDARISMO

por Belén Rodrigo (Correspondente em Lisboa do jornal 'ABC'), in Diário de Notícias, 2008.03.10

Nós, espanhóis, voltámos ontem a votar ainda com o coração encolhido depois do último atentado da ETA. A melhor resposta perante o terrorismo é a força da Democracia, como tem demostrado a alta participação. Segundo os primeiros resultados conhecidos, o PSOE ganha com uma ampla vantagem depois de quatro anos no Governo e a melhor forma que tem agora José Luis Rodríguez Zapatero de corresponder é governar de forma séria e realista.

Espanha precisa dum Governo e também duma oposição que deixe de olhar para trás e esqueça todos os rancores. Foram quatro anos em que muitos espanhóis sentiram vergonha dos seus políticos, porque se esqueceram de nós e puseram à frente os seus interesses. Nenhum dos dois principais partidos tem sabido fazer uma verdadeira análise da situação real da economia espanhola, e não é precisso perceber muito de números para entender que vêm aí dias difíceis para todos.

O bipartidarismo sai reforçado e, desta vez, os pequenos partidos poderão ter um papel menor na próxima legislatura. Aos socialistas vai ser mais fácil governar, mas correm sempre o risco de deixar de ouvir as outras forças políticas e perder o pluralismo democrático. Os partidos nacionalistas têm vindo a perder votos, mas ao mesmo tempo houve perda de população nessas áreas.

O grande desafio dos próximos anos volta a ser a luta contra ETA e para isso é preciso que todas as forças políticas estejam unidas. Esperamos não ter de ouvir outra vez o presidente do Governo defender a sua gestão argumentando que com o PSOE a ETA matou menos pessoas que com o PP no poder.

Anónimo disse...

Zapatero tem sido um governante independente no contexto internacional, que poupou a Espanha à vergonha da vassalagem e à desonra do beija-mão. Ou seja: a democracia social, a abertura, o diálogo e a independência não estão proibidos nem sequer fora de moda.

por João Paulo Guerra, in Diário Económico, 11 de Março de 2008