terça-feira, março 04, 2008

O futuro já começou...


A presença do escritor Alvin Toffler, para falar sobre Bioeconomia no III Congresso da Ordem dos Biólogos, não passou despercebida... e, esperamos, deixou marca!


Pela primeira vez a Portugal, o autor de "o Choque do Futuro" ou "A Terceira Vaga" e a mulher Heidi abordaram a forma como as tecnologias de base biológica moldarão o rumo da sociedade contemporânea, no que já é denominado a “4ª vaga”, sucedendo à Era da Informação...

Interpelado pela
Agência Lusa sobre que futuro espera os netos da geração portuguesa nascida entre o fim da II Guerra Mundial e a era do presidente norte-americano John Fitzgerald Kennedy (1946-1964), «baby boomers» já da 4ª vaga, Toffler sintetizou as respostas nas vertentes política, económica e das saídas profissionais, e da segurança colectiva e individual.

Na vertente política, por defender que o Estado-Nação começa a ser o «Parque Jurássico» do modelo de Vestefália lançado no século XVIII, e porque o presente estágio da democracia não marcará certamente «o fim da história», como sustenta outro proeminente investigador norte-americano, Francis Fukuyama, Alvin Toffler admitiu a «convivência de uma multiplicidade de experiências» no futuro próximo.

«Vamos viver experiências de muitos tipos, para as quais ainda não sabemos a resposta, mas a verdade é que o Estado-Nação - com governos clássicos cujas receitas provêm da colecta de impostos - entrou em falência», afirmou.

«O Estado-Nação assenta na burocracia, que sendo a forma mais ineficaz de organização na sociedade pós-industrial, se apresenta como um inimigo face ao futuro», acrescentou.

Ora, para combater as burocracias, por si classificadas de «Katrinas institucionais» - numa alusão ao furacão que devastou o sul dos Estados Unidos em 2005 -, Toffler preconizou que os jovens portugueses exijam «cada vez mais informação» no exercício diário do seu direito cívico.

Na vertente económica e das saídas profissionais para os «baby boomers» portugueses do século XXI, Toffler foi muito claro: «Terão de estudar diferentes cursos ao longo das várias etapas da vida».

«Não há segredos curriculares e, por isso, cada um deverá seguir o seu talento a aplicar a fundo as suas capacidades», adiantou.

Em relação ao panorama curricular universitário actual, o futurista norte-americano não quis deixar margens para dúvidas: «Nada permanecerá, os cursos serão redesenhados, para serem mais individualizados», garantiu.

Heidi, inseparável «cara-metade» de Alvin nas investigações desenvolvidas e livros publicados, foi mais longe: «Aceitando que já não se pode realizar o mesmo trabalho toda a vida, a questão é saber quantos cursos estamos dispostos a tirar», indicou.

Por último, na vertente da segurança colectiva e individual, Toffler assegurou que na 4ª vaga - com o cunho da intromissão da biologia na tecnologia - «serão travados todos os tipos de guerra em simultâneo», embora «as menos prováveis venham a envolver países contra países», ou seja, o modelo de Vestefália.

O problema, concluiu, é que «não estamos preparados para a fragmentação do inimigo», avisou Toffler, referindo-se às perigosas «assimetrias» nas relações dos governos tradicionais com poderosas forças terroristas, como a Al Qaeda, ou estados-pária munidos de armas de destruição em massa (ADM), como a Coreia do Norte.


Alvin Toffler, 79 anos, começou a carreira como sindicalista e enveredou pelo jornalismo na área da tecnologia, na revista Fortune. Daí passou a ser analista económico e consultor, nomeadamente, de personalidades como Mikhail Gorbachev, e foi o fundador da primeira ONG na Rússia, em 1986. Um percurso ímpar, uma vida plena!

NOTA - As imagens pertencem à conferência de imprensa, onde os Tofller analisam o estado do Ensino Superior, e à entrevista concedida por Alvin Tofller a Mário Crespo na SIC-Notícias, onde analisa de forma acutilante e clarividente as mudanças sociais. Vale a pena espreitar!

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