segunda-feira, janeiro 23, 2006

O dia seguinte...


Conhecidos os resultados eleitorais para a Presidência da República, apreciem-se as reacções dos representantes regionais das candidaturas de Cavaco Silva, Manuel Alegre, Mário Soares, Jerónimo de Sousa, Francisco Louçã e Garcia Pereira...

Analisem-se as posturas, as ameaças, os aproveitamentos partidários, os namoros descarados, as caixas de eco ou as guerrinhas de sacristia proporcionadas nas declarações ao Barlavento. Vale a pena, nem que seja para percebermos certas atitudes e comportamentos!

Hoje, o Correio da Manhã brinda-nos com esta
preciosidade. Felizmente, a maioria dos portugueses continuam ao lado de José Sócrates e acreditam na necessidade de reformas para modernizar Portugal!

3 comentários:

Anónimo disse...

Socialistas em frenesim com vitória de Cavaco

in Observatório do Algarve, 24-01-2006/8:00:00

José Apolinário considera ser “motivo de orgulho” para o Algarve ter um filho da terra Presidente da República. Miguel Freitas também alterou o discurso. Quem tinha motivação para a “crispação social” é agora “factor de estabilidade”.


Afinal, os socialistas algarvios alteraram radicalmente o discurso em relação a Cavaco Silva, eleito com maioria absoluta para suceder a Jorge Sampaio. O último a tecer elogios é José Apolinário, presidente da Câmara de Faro.

“Independentemente do percurso político e das opções individuais, considero ser motivo de orgulho para o Algarve e para todos os algarvios ter na Presidência da República um dos seus mais ilustres e notáveis filhos”, garante o autarca.

Mais surpreendentes foram as declarações de Miguel Freitas, líder da Federação do PS/Algarve. Dias antes do acto eleitoral, o socialista havia alertado para a preocupação de eleger Cavaco Silva, até porque, segundo dizia ao Observatório do Algarve, o ex-primeiro-ministro tinha feito sua experiência legislativa “a partir de uma motivação para a crispação social”.

No rescaldo das eleições, Miguel Freitas optou por reformular os comentários. “Tenho a certeza que Cavaco Silva será um factor de estabilidade política”, afirmou, também ao Observatório do Algarve, acrescentando que o algarvio “sabe aquilo que é importante para o país”.

José Apolinário recorda ainda o período em que Cavaco Silva estudou em Faro, na escola Tomás Cabreira, convidando agora o social-democrata para visitar o concelho, o que a acontecer será uma “enorme honra”.

Anónimo disse...

A Valente Bofetada

por João Prudêncio (jornalista)

in Observatório do Algarve, 23-01-2006/17:50:00

A reacção do líder do PS/Algarve à vitória de Cavaco Silva e à derrota humilhante do candidato apoiado pelo seu partido, em oposição ao segundo lugar de Manuel Alegre, é o retrato acabado de um certo dirigismo partidário cego, feito de silogísticas absurdas, que pura e simplesmente não percebeu nada do que se passou.

Uma reacção mais calma, mas ainda assim na linha da sua entrevista de três dias antes, também ao “Observatório do Algarve”. Aí, Miguel Freitas chega a convidar os apoiantes de Manuel Alegre a apresentarem-se a eleições internas, para “clarificar” a situação no partido.

Na mesma entrevista, o líder da Federação jura a pés juntos que a candidatura de Alegre foi negativa para o PS e para a esquerda e não contribuiu para estender as presidenciais até uma hipotética segunda volta.

Ao contrário do PS acabrunhado e ensimesmado da noite eleitoral, do PS que não quis fazer ondas para não perturbar o Governo – numa irónica e significativa reedição do “deixem-nos trabalhar” em noite de glorificação do autor da frase - Miguel Freitas teve ao menos a ousadia de dizer o que lhe(s) vai na alma. E na alma dele(s), sublinhe-se, tudo está errado. Ou, fazendo minhas as palavras do próprio Alegre na ressaca da contenda, “só lamento que eles não tenham percebido nada do que se passou com esta [aquela] candidatura”.

Não perceberam que, longe de ter dividido a esquerda, a candidatura de Alegre foi o único factor agregador do centro-esquerda. Todas as sondagens o diziam, mas bastava andar atento ao homem da rua depois do anúncio de Soares, daquela estranha junção da fome com a vontade de comer protagonizada por ele e Sócrates, para perceber o que pensava o comum homem de esquerda que vota PS.

Quando o poeta se decidiu, ouviu-se o “respirar fundo” desse centro-esquerda distante das lógicas aparelhísticas, cujas motivações políticas vão muito para além do lugarzito na Assembleia ou na Junta de Freguesia.

Longe de tentar desfazer as impressões iniciais, Soares berrou aos quatro ventos que era o candidato do PS, que precisava do partido, que sem partido nem se tinha candidatado. Ao menos foi sincero, mas tratou-se de uma estranha burrice para uma figura com a sua experiência política. Na essência, porém, nada de diferente daquilo a que já nos habituara o homem que em tempos chegou a meter na gaveta o nome do partido que dirigia.

Miguel, Soares e o PS quase todo (o PS dos interesses, aquele que apoiou o candidato do partido para tratar da vidinha) não perceberam, não quiseram perceber, que uma candidatura à presidência é um acto cívico resultante de uma vontade individual. Não perceberam, não percebem, que alguém se candidate sem necessariamente querer colher frutos partidários no dia seguinte.

Que haja voluntários, já desiludidos de tanto interesseirismo que grassa na política, que não sejam carreiristas mas que também não sejam patetas alegres ao serviço de desígnios ocultos.

Por isso o aparelho socialista se interroga em silêncio – e Miguel murmura um pouco mais alto que os outros – que fará “ele” com este milhão de votos. E eles que passaram a campanha a dizer que o PS estava todo com Soares, pedem agora, em surdina, “uma clarificação interna”. Que clarificação?

Tenham as alminhas e os empregos em descanso: espera-se que, dentro do partido, Alegre não faça nada. O fantasma do PRD está omnipresente na esquerda portuguesa. E Alegre não é Eanes.

Mas a sua candidatura teve ao menos o mérito de trazer para a vida política gente de esquerda que já tinha desistido de sonhar. E outro mérito ainda: de essa gente ter dado uma valente bofetada ao PS dos interesses. Aquele que julgava que bastava a pata mãe acenar para os patinhos a seguirem, em fila indiana. Afinal, provou-se, o “grande PS” não é o “grande PCP”. Pelo menos entre os que só votam (e pensam), há muitos que recusam o carreirinho.

Anónimo disse...

José Sócrates quer que PS aceite os resultados eleitorais "sem azedume"

in LUSA, 31.01.2006 - 23h29


O secretário-geral do PS, José Sócrates, apelou hoje aos membros da Comissão Política Nacional do partido para aceitarem os resultados negativos das eleições para Presidente da República "sem azedume" e para evitarem "conflitos internos".

De acordo com fonte da direcção do PS, no seu discurso inicial na reunião da Comissão Política, José Sócrates fez várias alusões indirectas à divisão dos socialistas entre a candidatura presidencial independente de Manuel Alegre e a candidatura oficial do partido, protagonizada por Mário Soares.

No sentido de evitar qualquer ambiente de ajuste de contas com militantes que se colocaram ao lado de Manuel Alegre (que esteve ausente da reunião da Comissão Política), Sócrates vincou as características do PS como "partido democrático e moderno". "O PS aceita os resultados das eleições presidenciais sem azedume ou dramatismo e sem criar ambiente interno de conflitos", declarou o secretário-geral socialista.

No seu discurso, apesar do terceiro lugar de Mário Soares nas presidenciais, José Sócrates manifestou-se "satisfeito" com a forma como o partido se comportou ao longo da campanha.

Segundo o dirigente socialista, "o centro esquerda votou maioritariamente nas candidaturas de Mário Soares e de Manuel Alegre", mas, a partir de agora, a questão das presidenciais "está ultrapassada". "Vamos ter um ciclo de três anos e meio sem eleições. É um clima propício à unidade", sustentou, defendendo que o PS terá de se apresentar neste período como "uma força política estável e de confiança".

Ainda na reunião da Comissão Política Nacional do PS, Sócrates anunciou que vai liderar a Comissão Permanente, ficando com as competências de coordenação que eram exercidas por Jorge Coelho.

Antes do início dos trabalhos, o dirigente socialista afirmou que abandonou a coordenação da Comissão Permanente após as eleições presidenciais.

No entanto, Jorge Coelho sublinhou que se manterá "em todos os órgãos de direcção do PS" e que continuará "na vida política activa mas com outras funções".