sexta-feira, janeiro 13, 2006

Está aí a videovigilância...


O Governador Civil de Faro anunciou a instalação de um sistema de videovigilância nas principais zonas comerciais, aproveitando a legislação recente que permite a sua colocação e utilização em locais públicos de utilização comum...

Segundo o
Observatório do Algarve, o sistema será instalado em zonas públicas do Algarve e servirá apenas para “interesse público”, contando com diversos parceiros institucionais e terá de ter parecer positivo da Comissão Nacional de Protecção de Dados (CNPD) e autorização do Ministério da Administração Interna (MAI).

Em
editorial, a jornalista Conceição Branco lança algumas questões pertinentes sobre a implementação do sistema e sobre os direitos e garantias dos algarvios. Em determinado ponto, questiona mesmo se "em troca da alegada “maior segurança dos cidadãos” e na senda de “para novos desafios, novas soluções” não estaremos a cair da tentação de uma sociedade securitária e, a prazo, fascizante?"

Perguntas justificadas, na minha opinião, e que devem ser rapidamente esclarecidas. Principalmente, depois da polémica sobre uma listagem de chamadas telefónicas de altas personalidades que acabou na posse de um tablóide. Se acontece isto aos "grandes", que poderá acontecer aos "pequenos"?!

Esta apetência generalizada para rentabilizar a utilização dos meios tecnológicos disponíveis, quer para assegurar uma base de suporte das suas actividades logísticas, quer no exercício das suas funções de polícia de segurança não é nova.

Neste contexto, o recurso à utilização de sistemas de vigilância com câmaras de vídeo pelas forças e serviços de segurança em locais públicos de utilização comum antecedeu a publicação da
legislação de enquadramento. Tal verificou-se com particular acuidade na gestão do tráfego rodoviário, nos grandes espaços comerciais, bombas de combustível e zonas de estacionamento, no controle de circulação de pessoas e preservação de monumentos públicos e centros históricos, procurando prevenir-se a ocorrência da prática de crimes em locais onde exista razoável risco da sua ocorrência...

Na nossa modesta opinião, acreditamos que o caminho desejável para estabelecer uma sociedade mais tranquila seria a discussão e criação de uma estratégia nacional de segurança pública que não dependesse de visões conjunturais ou dos oportunismos ideológicos de cada governo, que não dependesse da componente meramente policial mas não a descurasse, que não fosse abstractamente social e descesse ao terreno dos problemas concretos.

Em matéria de segurança das comunidades urbanas, como noutros sectores fundamentais da nossa sociedade, são necessários compromissos de Estado!

1 comentário:

Anónimo disse...

Segurança no Algarve atinge patamares positivos

Conclusão da primeira "Conferência do Pontal"

Uma discussão aberta, animada e franca sobre "Segurança, Poder e Autoridade - o caso do Algarve" abriu a iniciativa que o Gabinete de Estudos do PSD/Algarve definiu como "Conferências do Pontal", na passada sexta-feira, 13.

Moita Flores e Fernando Negrão, conhecidos especialistas na área da criminologia, juntaram-se a António Pina, governador civil, e durante três horas animaram a assistência que lotou uma das salas do Conservatório Regional do Algarve.

O deputado e líder do PSD/Algarve, Mendes Bota, recordou que a segurança é uma das matérias que a Comissão Política Distrital dos social-democratas dedica mais atenção. "Mesmo com as estatísticas oficiais a registarem um decréscimo de criminalidade", o responsável elencou dois pontos negativos que marcam a região algarvia neste sector.

As instalações "indignas" de alguns postos e esquadras da GNR e PSP e a "descoordenação" entre várias brigadas das forças policiais existentes no Algarve - "só a GNR tem seis comandos na região..." - são os principais factores a resolver. "Acresce que 80% da actividade do comando baseado em Évora regista-se no Algarve, o que é uma situação aberrante", frisou o deputado.

Em resposta, António Pina, governador civil, mostrou-se concordante com estes temas. Porém, assinalou, "o Algarve é das regiões com um dos índices de segurança mais elevados da Europa". "Sendo, então, uma zona segura, precisamos de torná-la ainda mais segura", disse.

Desde que ocupa o cargo, nos últimos oito meses, o socialista tem olhado para este tema com especial enfoque. Em breve, deverá avançar a videovigilância, de forma experimental, numa zona de comércio tradicional de uma cidade algarvia. "Uma solução nova para desafios novos", refere o governador civil.

As estatísticas sobre as ocorrências registadas em 2005 - 22 mil, menos do que no anterior - geraram uma resposta interessante de Moita Flores: "Esse número não me diz nada. Temos de tratar os números de forma séria... Mas, quem sabe se essa redução não se deve a uma descida no consumo de droga, que se sabe estar intimamente ligado a toda a espécie de furtos?..."

"O Algarve está em patamares de segurança que não são apoquentadores", sublinhou, no entanto, o agora presidente da Câmara Municipal de Santarém.

A discussão, que se pretendia centrada no Algarve, tornou-se depois mais abrangente, mas também interessante, com Moita Flores e Fernando Negrão bastante solicitados pela assistência.

Sendo a segurança uma "questão transversal", de acordo com Fernando Negrão, deveria existir um "consenso" entre todas as forças políticas. "Há défice de pensamento em relação a esta área", denuncia o deputado do PSD, secundado pelos outros presentes.

"A classe política não tem vocação para discutir segurança. Foge sempre ao debate", acrescentou Moita Flores, preocupado com as notícias do dia - uma série de disquetes do processo Casa Pia envolvendo descrição detalhada sobre telefonemas de várias altas figuras do Estado.

Esta série de conferências vão prosseguir, em Março, com o debate sobre o PROTAL, no momento em que o documento está pronto para avançar para discussão pública, ficando a faltar as conversas sobre as temáticas ligadas à água e saúde.

Edgar Pires, in Região Sul, 17 de Janeiro de 2006 | 15:55