A Administração Regional de Saúde do Algarve associou-se às celebrações do «Outubro Rosa», mês internacional da Saúde Mamária, com o objectivo de sensibilizar para a importância do rastreio do cancro da mama...
A campanha regional é dominada pelo cartaz onde surgem as duas políticas mais destacadas no Algarve - Isilda Gomes (Governadora Civil de Faro e dirigente regional do PS) e Isabel Soares (presidente da Câmara Municipal de Silves e dirigente nacional do PSD) - e duas das "jovens" que integram o grupo de música popular tradicional Moças Nagragadas, de Paderne (Albufeira)
A nível europeu, as comemorações estão a ser realizadas sob o mote Outubro Rosa: faça o rastreio do cancro da mama, sendo anualmente diagnosticados na Europa «cerca de 430.000 novos casos», segundo as informações do Parlamento Europeu, prevendo-se que «uma em cada dez mulheres será afectada por um cancro da mama até atingir 80 anos».
PS - Exemplar, igualmente, a história da deputada bracarense e ex-presidente das Mulheres Socialistas, Sónia Fertuzinhos, relatada hoje nas páginas do Público, onde «apela às mulheres para não cometerem o seu erro e agirem ao primeiro sinal de cancro da mama»!
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Sónia Fertuzinhos apela às mulheres para não cometerem o seu erro e agirem ao primeiro sinal de cancro da mama
in Público, 31.10.2008, por Leonete Botelho
Deputada socialista participa na criação de uma rede de prevenção, informação e apoio sobre a doença
O que mais lamenta é ter deixado passar seis meses entre o momento em que detectou um nódulo no peito e a primeira mamografia. Sónia Fertuzinhos, deputada socialista, tinha apenas 34 anos e não pertencia a nenhum grupo de risco. Nunca fumou, tinha amamentado os três filhos pequenos, praticava exercício físico, não tinha antecedentes familiares. O diagnóstico foi o pior momento da doença. O cancro de mama mata 1800 mulheres por ano em Portugal.
No dia em que se assinalou o dia de prevenção da doença, Sónia Fertuzinhos recordou ao PÚBLICO os momentos mais difíceis da sua vida para deixar uma mensagem: "Todas as mulheres têm de estar alerta e não hesitar em procurar ajuda ao primeiro sinal."
Prova de vida
Até porque, nunca é demais sublinhar, "a capacidade de cura é cada vez maior e tanto maior quanto mais cedo for feito o diagnóstico".
Dentro do pesadelo da doença, Fertuzinhos tem uma boa história. Teve um excelente acompanhamento médico, familiar e de amigos e uma atitude positiva que lhe permitiu encarar a situação com "estabilidade e serenidade". Isto enquanto era operada, fazia quimioterapia, perdia o cabelo e sentia a angústia dos outros. "Muitas vezes dei por mim a fazer prova de vida, quando alguém me olhava como se estivesse condenada à morte." E tudo com três filhos pequenos, que a acompanharam quando foi rapar o cabelo enquanto cantavam: "Eu [não] quero ir à máquina zero."
"Nunca me senti perdida, senti-me sempre apoiada e acompanhada, tive uma atitude pró-activa e percebi o quanto isso é fundamental". Sobretudo quando tem consciência que "o medo e o isolamento são grandes aliados da doença".
Fez dieta para engordar de modo a resistir melhor aos tratamentos, procurou nutricionistas para aprender a proteger-se dos efeitos da quimioterapia, pediu ajuda profissional para aprender a lidar com o medo e o stress. "Todas as pessoas que passam por uma situação destas confrontam-se com elas próprias e a possibilidade da morte. Precisamos de energia, de aprender a lidar com isso."
O desafio para pôr a sua visibilidade ao serviço da prevenção e combate à doença que lhe lançaram os responsáveis do Hospital de S. Marcos, em Braga - círculo pelo qual foi eleita - encontrou nela terreno fértil. Ela e Helena Albuquerque, médica do centro de saúde de Carandá (Braga), começaram a trabalhar juntas na criação de uma associação de âmbito distrital, ainda em fase embrionária, que funcione como uma rede de informação e apoio, tanto ao nível da prevenção como ao longo dos tratamentos e depois deles.
A ideia é criar uma rede que permita fazer campanhas de prevenção constantes, junto de juntas de freguesia, centros de saúde, escolas, empresas têxteis; no pós-diagnóstico, o objectivo é harmonizar tratamentos e serviços e disponibilizar apoios permanentes às mulheres. Fica o seu ideal: "Que todas as pessoas possam encarar o diagnóstico desta forma: tenho uma má notícia, tenho cancro de mama. E uma boa notícia: é que vou ficar boa."
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