terça-feira, dezembro 13, 2005

Takes 4 e 5 - Faltei aos debates...


Confesso-vos, a agenda destes dias impediu-me de assistir aos dois últimos debates entre os candidatos, mas parece-me que não perdi grande coisa...

Ontem,
Alegre e Louçã admitiram a possibilidade de demitir duas das principais figuras de Estado caso ganhem as Presidenciais de 2006, o que é pouco provável, mas nenhum concorda com a demissão proposta pelo adversário. De qualquer forma, Alberto João Jardim e Souto Moura que se cuidem...

Hoje,
Jerónimo atirou-se a Cavaco, recordando-lhe os dez anos de governação e o ambiente de crispação entre as forças de segurança, acabando ambos de braço dado na luta contra a legalização da prostituição...

Amanhã, há mais!

1 comentário:

Anónimo disse...

CONFIANÇA?

VASCO PULIDO VALENTE in Público, 2005.12.11

O dr. Cavaco acha altamente "anormal" que a "crise de confiança" permaneça, apesar da maioria absoluta do PS. Não lhe ocorre que a "crise de confiança" é, em primeiro lugar, uma "crise de confiança" no regime, talvez porque ele próprio não se considera parte do regime. Mas basta pensar na nossa feia história de 85 até hoje para perceber que seria, ao contrário, altamente anormal se um pequeno episódio político, como a última eleição parlamentar ou a próxima eleição do Presidente, conseguissem de repente apagar o efeito acumulado de um desastre de vinte anos. O "cavaquismo" acabou, e não por acaso, no meio de uma densa hostilidade do país: tinha prometido que os portugueses "nunca mais voltariam a apertar o cinto" e, no fim, tinha "apertado o cinto" aos portugueses; tinha prometido a "modernização" de Portugal e, no fim, fora um verniz de superfície, Portugal continuava arcaico. Depois de um optimismo quase histérico fazia uma saída de sendeiro. Guterres foi o "pântano" desde o princípio e nunca ninguém o respeitou, porque ninguém respeita a ânsia de "agradar" se ela se mistura à indecisão e à fraqueza. Barroso não representava nada excepto a vontade de poder e ganhou mentindo. Santana era o que era. E Sócrates, um recurso do desespero, chegou onde chegou pelo silêncio, o cálculo e a dissimulação. Como baixa e servilmente a Assembleia e os partidos permitiram isto, ficou o desprezo geral pela política e pelos políticos. Não se confia em quem se despreza.

E há pior. Levados velhacamente de esperança em esperança, os portugueses sentem que os burlaram. O Serviço Nacional Saúde começou logo pela irresponsabilidade e a decadência; e vai de reforma em reforma para um caos desumano. A educação, objecto de tanto palavrório, passa moeda falsa: promete o mundo e não dá saber ou trabalho. A justiça, na prática, não existe. Para remediar e esconder a sua incompetência, o Estado pede dinheiro e mais dinheiro e falta a compromissos que solenemente estabeleceu. E o desemprego efectivo ou futuro, que ele não previu, não tentou evitar e não compensa, abate e humilha milhões de portugueses. Toda a gente sabe que não está segura. Para cúmulo, a frustração e a miséria assistem dia a dia ao triunfo da impunidade. Da negligência médica à fraude política e do negócio de favor ao roubo puro e simples, o crime entrou tranquilamente nos costumes. Mesmo a Ditadura, no seu tempo, se recusou a ir tão longe. Confiança? Pensem bem.