sábado, dezembro 17, 2005

Ainda a procissão vai no adro...


Segundo o Expresso, Cavaco Silva será o próximo Presidente da República, pois parece ser esta a conclusão lógica do estudo feito pela Eurosondagem para os "media" de Francisco Balsemão e para a Rádio Renascença...


Realizado entre 12 e 14 de Dezembro, este estudo demonstra a consolidação dos eleitorados da direita e da esquerda em torno de Cavaco Silva e de Mário Soares, que alarga a diferença pontual com Manuel Alegre para oito pontos, e já é fonte de
controvérsia antecipada. Registe-se que Cavaco e Soares sobem ligeiramente, Jerónimo mantém o "score" anterior, Louçã perde 1,5 pontos e Alegre desce 4,4 por cento...

A ficha técnica já foi analisada
aqui e refere tratar-se de uma sondagem telefónica, fruto de 2069 inquéritos, recorrendo a selecção aleatória estratificada por região de domicílios e aleatória de inquiridos em cada domicílio. A análise do posicionamento político e do desdobramento das intenções de voto por posicionamento político julgo que merecerá uma análise rigorosa dos "staffs" das várias candidaturas...

Confirmando as tendências das últimas sondagens, os efeitos positivos que este estudo da Eurosondagem poderia carrear para a candidatura de Mário Soares acabam por ser prejudicados pelo "xinfrim" provocado por algumas declarações menos felizes. Por vezes, é bom saber escutar...

8 comentários:

Anónimo disse...

Alegre garante que vai «até ao fim»
O que muitos queriam, não vai acontecer.

Anónimo disse...

A TRANSMUTAÇÃO DAS ALMAS

por Emídio Rangel

in COOREIO DA MANHÃ, 2005.12.17

Manuel Alegre está possuído, não pelos demónios, infelizmente, mas por uma qualquer alma que o tornou vulgar. A incoerência fácil tomou conta do seu discurso.

Há aqui uma transmutação das almas para a qual não se encontra explicação. Esperar-se-ia que Manuel Alegre, gritantemente empenhado numa candidatura presidencial, mantivesse as vestes, a postura, o estilo e o discurso que cultivou durante mais de duas décadas e que esculpiram a imagem do resistente antifascista, do poeta distinto, do político de causas, do homem de princípios, sem vénias nem salamaleques. Mas a verdade insofismável é que a candidatura à Presidência da República produziu uma transformação arrepiante no político de Coimbra que se mascarou com os tiques mais comuns e os golpes mais baixos da politiquice portuguesa.

Manuel Alegre aparece-nos agora de outra forma, perdeu a genuinidade que o caracterizava, deixou cair o discurso original da fusão entre a política e a poesia e abastardou o estilo irreverente que sempre lhe moldou a pose.

Manuel Alegre era diferente. Inconfundível. Hoje é difícil distingui-lo no contexto da “população política” do País. Manuel Alegre está possuído, não pelos demónios, infelizmente, mas por uma qualquer alma que o tornou vulgar. A incoerência fácil tomou conta do seu discurso. Ninguém estava à espera deste Manuel Alegre nem dele tinha conhecimento.

Hoje, Alegre ataca os partidos políticos com uma agilidade surpreendente. Até parece um ‘outsider’ da política. O mal reside nos partidos, diz Alegre, os directórios partidários são um bando de malfeitores que desprestigia o exercício político.

Quem o ouvir falar até se esquece que Manuel Alegre é dirigente do Partido Socialista desde 1975. Fez parte de quase todas as comissões políticas do PS e é vice-presidente da Assembleia da República no contexto da lógica partidária. Hoje, Manuel Alegre ataca o seu partido, foge das votações delicadas na Assembleia da República e faz do Governo de maioria absoluta do PS o seu bombo da festa. Critica tudo o que ontem aprovou. Num tempo de grandes dificuldades para o País e em que o Governo procura soluções para problemas que herdou de governos anteriores, numa ocasião em que mais se tornaria importante a solidariedade de Manuel Alegre para com os seus correlegionários desenvolverem trabalho árduo em S. Bento, eis que o poeta e político se distanciam de quase tudo o que está e tem de ser feito para vencer a crise.

Manuel Alegre é até menos prudente que Cavaco Silva. Cavaco é contido na apreciação da acção governativa. Alegre ataca as decisões governamentais que antes considerava adequadas com o mesmo à-vontade que um qualquer outro político de direita. Alegre afasta-se das causas da Esquerda. Dá um ar arrogante e prepotente quando sentencia que se for presidente opor-se-á a isto e àquilo, sem mais delongas. Provavelmente, perdeu-se o Manuel Alegre que tanto enchia de orgulho a Esquerda portuguesa.

Anónimo disse...

UM PACTO

por Vasco Pulido Valente

in Público, 2005.12.17

No auge do Império, um contemporâneo disse que a França tinha feito um pacto leonino com Napoleão: a França consentia que Napoleão fosse imperador enquanto ganhasse e correria com ele quando perdesse. Napoleão não ignorava isto. Para o inimigo, qualquer que ele fosse, uma derrota era um acidente: para ele, era o fim.

Desde a primeira batalha em Itália à última em Waterloo, que a sua legitimidade dependia de uma sucessão de vitórias militares. Mais nada contava: nem a reunificação política da França, nem a reconstrução do Estado, nem a paz religiosa, nem o Código Civil. Uma campanha desastrosa - e ele acabava. Como de facto acabou depois da mortífera retirada da Rússia. A que propósito vem esta digressão? Vem a propósito do tão "atacado" e "perseguido" prof. Cavaco.

Os presidentes que precederam Cavaco não chegaram a Belém com o peso de uma promessa precisa. De Eanes, que apesar de tudo carregou o maior peso, só se esperava que não entregasse o Exército à extrema-esquerda ou à extrema-direita e que metesse a tropa nos quartéis. De Soares só se esperava que "salvasse a liberdade" de um revanchismo largamente imaginário e que liquidasse, de caminho, a insuportável aventura do PRD. De Sampaio, no fundo, no fundo, só se esperava que ele não deixasse continuar o "cavaquismo" por outros meios, cometendo a improvável proeza de ser eleito.

Mas de Cavaco toda a gente hoje espera a recuperação da economia portuguesa, a reaproximação de Portugal do nível médio de "Europa", uma drástica diminuição do desemprego, um crescimento de, pelo menos, três por cento (como a Espanha) e o definitivo reequilíbrio das finanças. Sem talvez se aperceber, Cavaco prometeu o pacote inteiro, com entusiasmo, com zelo, como fervor. Pior: com suficiência. Ele sabe, ele cumpre.

Cavaco deu, assim, um metro para o medirem. Mais: deu um prazo. A situação actual, garantiu ele, palavra a palavra, não pode durar até 2008. Portugal está, portanto, informado de que para melhorar as coisas deve votar Cavaco e também, inversamente, de que, se as coisas não melhorarem, a culpa é de Cavaco. A Presidência irá ser julgada, e ainda por cima com números, pelo dinheiro no bolso de cada um, pelo dr. Constâncio e por Bruxelas. Se houver um azar ou, simplesmente, um fracasso inevitável e justificado, a oposição será dirigida contra Belém. E mesmo que nessa altura o dr. Cavaco ofereça Sócrates como bode expiatório, a diversão não o ajudará de muito. O pacto é com ele. Um pacto leonino.

Unknown disse...

Eu não tenho memória curta. Quem em 1995 afastou Cavaco e os cavaquistas do poder, não pode agora elegê-lo como o SALVADOR DA PÁTRIA!

No dia 22 de Janeiro, só eu (...e mais dez milhões) sei porque não fico em casa...

Anónimo disse...

O candidato "quase" no trono

por Mário Mesquita

in Público, 2005.12.18

O título principal do Expresso (de ontem) foi escrito com três ou quatro meses de atraso: "Cavaco quase em Belém". Em Agosto, estava mais perto. A mais de um mês de distância da votação na primeira volta, antes do fim do ciclo de debates e sem que a campanha oficial esteja sequer aberta, parece, no mínimo, prematuro, mesmo admitindo a bondade da sondagem que o sustenta e prevê a vitória, à primeira volta, do antigo presidente do PSD, ao mesmo tempo que revela a "descolagem" das intenções de voto em Soares da candidatura de Manuel Alegre.
O resultado deste inquérito de opinião é insatisfatório na perspectiva do MASP III, mas o "quase" do título, talvez indiferente com outros candidatos, não é insignificante quando o adversário é Mário Soares, que se baterá, com ânimo de vencer até ao último segundo da campanha. Ainda antes da apresentação formal do candidato apoiado pelo PSD e pelo CDS, uma parte significativa da Comunicação Social dedica-se a apresentar Cavaco Silva, nas linhas e nas entrelinhas, como o "Presidente em potência". A eleição, qual passeio pelo campo, se encarregaria de transformara potência em acto. Mas o Rei ainda não está em seu trono...
Aquele precioso "quase", que torna o título do Expresso "jornalisticamente correcto", ainda vai acarretar múltiplos esgares de sofrimento por parte do candidato do centro-direita e da direita. Com outros adversários, seria um pequeno "quase", mensurável em percentagens de sondagens (ainda incertas). Com Mário Soares, será para Cavaco e os seus apoiantes um enorme "quase", gerador de incerteza e mal-estar.

Anónimo disse...

Mas o que será que certas pessoas têm contra Cavaco Silva?
Não lhe reconhecem mérito? economicista, financeiro, gestor, ...? qualquer coisa?!
politico não certamente! ...e ainda bem, digo eu.
Lamento ver preconceituosos de esquerda, toldados pela sua cor avermelhada, não reconhecerem a mais valia que têm em mãos.
Pegunto: Pensem assim - em quem confiariam a gestão da vossa casa, o controlo das vossas despesas e receitas, a manutenção da vossa qualidade de vida, no caso de ausencia forçada do País?!? -... Soares? Louçã? Qunado regressassem tinham o quê? Honestamente....
Caro JG, quem se retirou do poder foi o próprio Cavaco. Quem lhe retirou a cadeira presidencial foram os comunistas!!!
Obrigado pelas boas festas e um bom natal para vós também.

Unknown disse...

A gestão da nossa casa está bem atribuida a José Sócrates...

Na Presidência da República requere-se mais que um simples gestor...

PS - Agradeço e retribuo os votos de Boas Festas... a quem?!

Anónimo disse...

ao A.P.!