sexta-feira, abril 04, 2008

Os sinais da rua...


PCP e Bloco de Esquerda juntos somam 18%, um crescimento alimentado pelo desgaste do Governo e pela queda do PS...

O Presidente da República continua a ser, destacado, a figura mais popular e o líder do PCP, Jerónimo de Sousa, o único a acompanhar a subida de Cavaco Silva, atingindo valores positivos. Destaque ainda para os 21,7% de inquiridos que não sabem ou não respondem, um valor nunca registado... e cada vez mais preocupante!

São as conclusões da
Sondagem Expresso/SIC/Rádio Renascença/Eurosondagem do mês de Abril. Aceitam-se sugestões para melhor analisar os resultados!

1 comentário:

Anónimo disse...

E depois de Sócrates, o 'diálogo'?

por JOÃO PEDRO HENRIQUES, in Diário de Notícias, 2008.04.06

Luís Paixão Martins, o homem que "fez" a comunicação da campanha legislativa de José Sócrates em 2005, e no ano seguinte a da candidatura presidencial de Cavaco Silva, conta uma história: "Nos estudos pré-eleitorais em que participei, quando o mandato de Santana Lopes estava a chegar ao fim, aquilo que me surpreendeu mais foi a falta de vontade que os cidadãos tinham em falar do Governo. Viviam numa espécie de estado de 'negação' do Governo."

"Os portugueses - prossegue - associavam o então primeiro-ministro e o Governo a conceitos tão negativos como 'trapalhada', 'confusão', 'barafunda', "puxar para trás". "É natural que tenham votado expressivamente numa solução que tinha como conceito central a ideia de 'rumo'."

Paixão Martins testemunhou uma evidência: depois de Santana , só podia ser evencer alguém que protagonizasse algo radicalmente diferente. O mesmo tinha acontecido, aliás, em 1995 (só que num percurso inverso): a dez anos de "autoridade" cavaquista seguiram-se dez anos sem maiorias absolutas, começando pelo "diálogo" de Guterres, que durou seis anos.

Daí a pergunta: será possível que a Sócrates - alguém que cultiva um estilo aproximado da "autoridade" de Cavaco Silva (versão primeiro-ministro) - pode suceder alguém parecido do PSD (por exemplo: Rui Rio)?

Não há certezas porque nem se sabe, verdadeiramente, se a um primeiro-ministro duro tem de suceder outro "mole". É o que diz o politólogo Pedro Magalhães, coordenador do centro de sondagens da Universidade Católica: "Não estamos a falar de um tempo político de cem anos. Estamos a falar de 30 anos. É pouco. É impossível dizer se aquilo que aconteceu uma vez pode acontecer outra vez."

Quem acha que é possível, já em 2009, interromper a autoridade "socrática" é o especialista de comunicação que tem ajudado Luís Filipe Menezes. António Cunha Vaz diz que há "condições" para a "uma personalidade áspera, mas corajosa" suceder alguém "afável, mas consistente".

Joga, no entanto, num cenário de maioria relativa: "É mais difícil de gerir por uma personagem áspera." Paixão Martins, seu concorrente, não concorda: "É uma interpretação minha, mas os portugueses estão na fase interessante a que podemos chamar de 'exigência' - estão a exigir ao Governo que apresente resultados, que faça prova de que o rumo escolhido é o certo." Daí a "dificuldade" de alguém como Luís Filipe Menezes, que "pressupõe uma descontinuidade".

À margem destas cogitações de curto-prazo coloca-se Adelino Maltez. Este professor de ciência política ex-militante e dirigente do CDS- -PP denúncia uma "ditadura da incompetência" do poder político, "como na I República". E o problema "é que já não podemos emigrar, não há para onde". O diagnóstico é negro: "Estamos numa encruzilhada que pode durar dez anos. O precisamos é de um vendedor de sonhos."