quinta-feira, março 23, 2006

O primeiro passo


(Publicado na edição de 23 de Março de 2006 no jornal POSTAL DO ALGARVE)

Espera-se que seja aprovada hoje em Conselho de Ministros a primeira fase da reestruturação da administração central do Estado, um passo essencial para o relançamento da regionalização.

Se o Governo optar por seguir na íntegra as recomendações da equipa que elaborou o relatório técnico, será concretizada a indispensável harmonização das circunscrições administrativas, com a adopção do modelo das cinco regiões, já utilizado pelas Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional.

Com esta decisão, o Governo decreta a reorganização de inúmeros serviços que ainda funcionam com o modelo dos dezoito distritos ou que optaram por uma divisão em sete unidades orgânicas, embora nem sempre as respectivas áreas sejam coincidentes, gerando disfunções incompreensíveis.

A nível central, entre institutos públicos e direcções-gerais, prevê-se que mais de cem serviços sejam extintos ou fundidos, mudando muitos de tutela e reforçado o papel de outros, que passam a reunir novas atribuições, competências e recursos.

A modernização da Administração Pública é uma componente essencial do processo de desenvolvimento do nosso País. É uma tarefa complexa que implicará o somatório de centenas de iniciativas específicas, de projectos concretos e de acções de modernização dos serviços e organismos do Estado, contribuindo cada um para racionalizar as estruturas, reduzir as despesas de funcionamento e melhorar a qualidade dos serviços prestados aos cidadãos, em benefício do desenvolvimento económico do nosso País.

Este processo vai mexer com a vida de milhares de funcionários públicos e com as suas famílias, estando garantido o Estado não vai optar pelos despedimentos, antes apostando na valorização dos melhores e na mobilidade interna.

A qualificação do capital humano da Administração Pública é indispensável, pois só com pessoas qualificadas e motivadas é possível garantir um serviço público eficiente e de qualidade, tornando a Administração Pública amiga dos cidadãos e das empresas.

Agora, Portugal precisa de uma Administração Pública com qualidade, reguladora e empreendedora, capaz de servir melhor os cidadãos, mediante uma actuação moderna e eficaz.

Uma Administração Pública moderna deve contribuir decisivamente para melhorar as condições gerais de competitividade das empresas e servir melhor os cidadãos, com mais proximidade, racionalidade e menores custos de funcionamento.


E são esses princípios de proximidade e de racionalidade que permitem reacender a esperança que as decisões de hoje permitam concretizar amanhã a regionalização administrativa, através da eleição da autarquia regional prevista na Constituição e tão desejada pelos algarvios!

PS - Como é fácil
constatar, o Conselho de Ministros desta semana orientou-se para comemorar o Dia da Floresta, com a aprovação de diversos diplomas no domínio da coordenação do combate aos fogos florestais e no ordenamento silvícola, e para outras questões bem mais prosaicas, como a revisão da legislação complementar do Código da Estrada...

1 comentário:

Anónimo disse...

José Sócrates: organização do Estado em cinco regiões-plano é consensual

O primeiro-ministro José Sócrates defendeu hoje que a organização territorial dos serviços do Estado em função das cinco regiões-plano é consensual «no PS e noutros partidos» políticos, mas também entre a comunidade técnica e científica.

No encerramento das jornadas parlamentares do PS, em Viseu, sobre «modernização da administração pública», o primeiro-ministro argumentou que essa estratégia não pode causar surpresa, salientando que está escrita no programa do Governo.

«Não compreendo a surpresa de muitos. Essa orientação está escrita num livrinho: chama-se programa do Governo do PS. Lá está escrito que devemos aproveitar as cinco regiões-plano como espaços territoriais para toda a desconcentração dos serviços públicos do Estado», afirmou José Sócrates.

«É essa orientação que vamos seguir. Disse na campanha eleitoral que o PS neste domínio também tinha evoluído e que o que nos parecia correcto em termos de espaço territorial para organizar regionalmente eram as regiões-plano que já existem», acrescentou José Sócrates.

O secretário-geral do PS sustentou, em seguida, que «essa ideia é hoje muito consensual no país, não apenas no PS, mas noutros partidos» políticos e subscrita igualmente pela «comunidade técnica e científica que há muito estuda o planeamento, o desenvolvimento regional».

As cinco regiões-plano - Norte, Centro, Lisboa e Vale do Tejo, Alentejo e Algarve - «correspondem a uma realidade estatística, orgânica, de planeamento que é a única que existe em Portugal» e deve ser «valorizada e potenciada para que ao nível regional os serviços do Estado tenham alguma lógica e coerência», argumentou José Sócrates.

O primeiro-ministro referiu que a organização territorial dos serviços do Estado em função das cinco regiões-plano e três «leis estruturantes para a modernização da administração pública» estarão concluídas até ao final deste ano.

José Sócrates precisou que o Governo apresentará propostas sobre «a mobilidade» e a avaliação e progressão nas carreiras dos funcionários públicos, defendendo que «a administração pública tem de ter capacidade de adaptação e flexibilidade» e que é preciso «premiar o mérito».

O programa do Governo prevê «a instituição, em concreto, de verdadeiras regiões administrativas, enquanto terceira categoria de autarquias locais - tal como as prevê a Constituição portuguesa - com legitimidade democrática, escala, racionalidade territorial e capacidade efectiva de decisão e execução».

«Impõe-se nesta legislatura a adopção de iniciativas tendo em vista a criação de condições políticas para um futuro referendo à regionalização» e «será adoptado um modelo coerente para a administração desconcentrada do Estado, também em torno das cinco regiões-plano», acrescenta ainda o documento.

in Barlavento, 25 de Março de 2006 | 17:55 (lusa)