quinta-feira, março 02, 2006

Basta de demagogia!


(Publicado na edição de 2 de Março de 2006 no jornal BARLAVENTO - FRENTE & VERSO)

O estudo da Escola de Gestão do Porto (EGP) para apoiar a decisão do Ministério da Saúde colocou o Hospital Central do Algarve (HCA) no segundo lugar da ordem de prioridades estratégicas.

A opção defendida pela EGP assenta na construção de um hospital de raiz, com cerca de 550 camas, no Parque das Cidades, com um perfil assistencial constituído por 31 especialidades médico-cirúrgicas e uma área de influência de primeira linha que abarca a totalidade dos concelhos do Sotavento.

Por outro lado, o HCA é justificado no pressuposto da substituição progressiva das 486 camas do Hospital Distrital de Faro (HDF). Mas sobre isso falaremos mais adiante…

Perante as diversas opções em cena, a manutenção do HDF foi afastada dadas as desvantagens que apresenta e os problemas que são conhecidos, apesar de dispensar o custo de investimento associado à construção do HCA.

Outra opção passaria pela construção do HCA, mas com a manutenção de alguns serviços nas instalações actuais. Comparadas as vantagens e as desvantagens, a EGP não encontrou justificação técnica para a manutenção do HDF.

Assim, restava a opção de construção do HCA em terreno já designado para o efeito, com dimensão adequada, acessibilidades de qualidade e boas condições ambientais. Com estas condições reunidas, resta acrescentar que são eliminadas as necessidades não satisfeitas e os sobrecustos, são reduzidas as insuficiências de qualidade na prestação de serviços e são dados contributos significativos para a racionalização da rede hospitalar e de outras infra-estruturas de saúde da região e para a melhoria da competitividade internacional da principal actividade económica do Algarve.

No futuro próximo, estou certo que a libertação do HDF vai permitir colmatar a falta de camas de retaguarda, estabelecendo protocolos de gestão com instituições de solidariedade social e melhorando a qualidade dos serviços prestados a uma população cada vez mais idosa e carenciada.

Contudo, a construção do HCA não poderá ser desligada do processo de criação da Faculdade de Medicina na Universidade do Algarve. Estas são duas condições essenciais para atrair e fixar na região mais profissionais de saúde, em especial médicos de família e de saúde pública, enfermeiros e técnicos.

Vir agora tentar confundir os algarvios com questões que pouco têm a ver com a região é um acto lastimável de quem não consegue convencer os seus, quanto mais demonstrar aos outros que pode ser uma alternativa real de Governo. Basta de demagogia!

3 comentários:

Miguel disse...

Chega de tretas ...

Agora que está comprovado ...
Vamos avançar com o Hospital!

Bjks da Matilde

PS: Agora falta a vontade politica do Sr. Dr. Correia Campos ...!!

Carla disse...

Esta é a Politica que temos...

Anónimo disse...

Curso de Medicina avança

in Observatório do Algarve, 01-03-2006 8:01:00

A Universidade do Algarve (UALG) já entregou ao Governo a proposta para a criação do curso de Medicina. Os candidatos só serão aceites quando demonstrarem a vocação para ser médicos.


A proposta foi entregue ao ministro do Ensino Superior no final de Janeiro e será avaliada por uma comissão internacional, que incluirá um conjunto de peritos maioritariamente estrangeiros.

A UALG pretende abrir apenas 25 vagas no primeiro ano do curso, que, segundo Adriano Pimpão, reitor da instituição de ensino superior, terá um modelo inovador do ponto de vista pedagógico.

O curso só receberá candidatos que tenham concluído o 1º ciclo numa outra área de ensino. Se ao fim de três anos um aluno de Biologia ou Química quiser candidatar-se a Medicina terá de conseguir um estágio de seis meses numa unidade de saúde, como auxiliar de enfermagem, por exemplo, para que a sua vocação para ser médico seja avaliada. Um sistema ao exemplo do que já se faz em instituições dos Estados Unidos, Canadá, Inglaterra e Holanda.

“Um aluno quando opta por Medicina deve ter um elevado nível de maturidade”, justificou Adriano Pimpão ao Observatório do Algarve, acrescentando que os futuros licenciados naquela área devem ter um “perfil médico mais próximo do doente”.

“Os futuros médicos têm de ter a consciência plena do que é a vida num hospital ou num centro de saúde. Não podemos ter candidatos que desmaiam numa sala de urgência ou de operações”, sugeriu.

O curso terá a duração de sete anos, seguindo o modelo de 3+4, o que significa que, após terem terminado o primeiro ciclo de uma licenciatura numa área generalista, os alunos terão que completar mais 4 anos que lhes permitirão aceder ao título de médico e ter um diploma de mestrado integrado.

Um sistema que permitirá receber muitas pessoas que estão a ser formadas em outras áreas e que podem ter vocação para ser médicos.

A proposta entregue ao Governo segue as orientações definidas em legislação publicada em 1998, quando foram criados os cursos de Medicina das Universidades da Beira Interior e Minho.

Instalações da UALG aproveitadas

Este modelo inovador permite à UALG utilizar as instalações laboratoriais e parte do seu corpo docente, de várias áreas. “Não estamos a plantar um curso no deserto. É obvio que temos de recrutar o corpo docente da medicina”, advertiu Adriano Pimpão.

O reitor garante que estão criadas as “condições mínimas” para avançar com o curso, embora a construção do Hospital Central do Algarve viesse facilitar a tarefa.

“A existência de um hospital com uma parte afecta à formação dará outras condições ao curso. E um bom hospital atrai bom corpo docente”, explicou.

Outra das apostas passa por um acompanhamento sistemático dos formandos, estando prevista a existência de um tutor por aluno para a parte prática do curso, que acontece nos hospitais e nos centros de saúde. “É um rácio que defendemos para assegurar a qualidade”, disse ainda Adriano Pimpão.

Segundo estimativas da proposta entregue pela UALG, o custo de formação por aluno será 30 por cento inferior à média nacional dos cursos de medicina.

Esta foi uma das últimas decisões de Adriano Pimpão enquanto reitor - vai entregar a pasta a João Guerreiro, o seu sucessor. Ainda assim, o professor catedrático vai liderar a concretização do projecto.



Pedro Maia