quarta-feira, março 01, 2006

Finalmente...


Quatro anos depois da "primeira pedra", é assinado hoje o protocolo entre o Ministério da Administração Interna e diversas entidades para avançar em definitivo com o Estudo de Risco Sísmico e de Previsão de Tsunamis no Algarve...

Com esta iniciativa, o ministro António Costa assinala o Dia Internacional da Protecção Civil responsabilizando a Região pela prevenção dos seus riscos e chamando à atenção da Comunidade para a necessidade de promoção de uma cultura de protecção civil...

A
Protecção Civil é uma actividade desenvolvida pelo Estado e pelos cidadãos, com a finalidade de prevenir riscos colectivos, inerentes a situações de acidente grave, catástrofe ou calamidade, de origem natural ou tecnológica. Pelo Estado e pelos cidadãos, começando na Escola e nas Famílias!

2 comentários:

Anónimo disse...

Estudo de risco sísmico vai custar 2 milhões

in Observatório do Algarve, 01-03-2006 20:23:00


Foram hoje assinados os protocolos que prevêem a elaboração do Estudo de Risco Sísmico e de Previsão de Tsunamis do Algarve. O Ministro da Administração Interna esteve no Algarve e garantiu que o plano estará pronto em 2008.


O Algarve é a região, a par com a de Lisboa e Vale do Tejo, com maior perigosidade sísmica, uma vez que está localizada entre a fronteira da placa euroasiática e da placa africana. Estas estão em constante movimento provocando milhares de sismos, anualmente.

O distrito de Faro já foi afectado por sismos intensos que provocaram graves danos. Em 1755 um sismo de magnitude igual a 8,5 na escala de Richter devastou o Algarve e em 1969 foi novamente lesado com outro sismo de magnitude de 7,5.

O estudo para a área metropolitana de Lisboa já está concluído e o plano de emergência será apresentado no final de Março. O plano para a região do Algarve é considerado urgente.

O Dia Mundial da Protecção Civil foi o escolhido para assinar os protocolos que marcam o arranque do Estudo de Risco Sísmico e de Previsão de Tsunamis do Algarve.

O Ministro de Estado e da Administração Interna, António Costa, salientou que este é um projecto essencial e que é necessário conhecer as vulnerabilidades humanas para se poder concretizar um plano de emergência.

“As parcerias com as câmaras municipais são muito importantes quer ao nível do ordenamento do território quer ao nível dos requisitos técnicos das construções”, adiantou António Costa. “Uma coisa é termos perigosidade sísmica outra é sabermos o quê e como é que o homem construiu e desse ponto de vista a parceria com os municípios é essencial”, salientou.

Macário Correia, presidente da AMAL, comprometeu-se em levar a cabo este estudo e salientou a responsabilidade das autarquias no que diz respeito ao licenciamento dos edifícios.

Adriano Pimpão, Reitor da Universidade do Algarve, congratulou a iniciativa e sublinhou a importância de integrar as matérias de protecção civil nos currículos escolares, desde o ensino básico até ao final da escolaridade obrigatória.

A UALG é uma das instituições que participará com uma equipa de investigadores da qual faz parte, Carlos Martins, director do departamento de engenharia civil da UALG.

Carlos Martins elogiou o projecto mas adiantou que “o estudo visa um plano de emergência pós sismo. São necessárias medidas complementares às existentes para que se construa dentro das normas exigidas”, conclui.

Inicialmente será identificado o risco sísmico da região, as suas vulnerabilidades, serão estimados os danos face a diferentes cenários e os efeitos dos Tsunamis. Posteriormente será desenvolvido o Plano Especial de Emergência e adaptadas as políticas de prevenção e protecção.

O estudo terá quatro entidades de coordenação e gestão, o Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil (SNBPC), a Universidade do Algarve (UALG), a Junta Metropolitana do Algarve (AMAL) e a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR).

A UALG, o Laboratório Nacional de Engenharia, o Instituto Superior Técnico e o Centro de Estudos Geográficos serão as entidades técnico-científicas juntamente com o Instituto de Ciências da Terra e do Espaço e do Instituto Nacional de Engenharia, Tecnologia e Inovação.

O acompanhamento será efectuado pelo Instituto de Meteorologia, pela REFER, Estradas de Portugal, ANA-Aeroportos de Portugal e Direcção-Geral de Autoridade Marítima.

O Estudo de Risco Sísmico e de Previsão de Tsunamis do Algarve, estimado em dois milhões de euros, deverá ser concluído no prazo de dois anos para dar origem ao Plano de Emergência Regional adaptado a cada município.

Sofia Carvalho de Almeida

Anónimo disse...

Sete falhas sísmicas activas no Algarve

in Observatório do Algarve, 01-03-2006 22:27:00

Vilas do Bispo, Aljezur, Portimão, Albufeira, Quarteira, Vale de Lobo, Almancil, Loulé e São Brás de Alportel são algumas das localidades atravessadas por falhas sísmicas activas.

O diagnóstico consta da carta de risco sísmico elaborado no âmbito dos estudos do PROTAL – Plano de Ordenamento do Território, que identifica três níveis de falhas: as activas, as provavelmente activas e as secundárias.

Consideram-se falhas activas as que possuem evidências de deslocamentos suficientemente recentes para que seja expectável a ocorrência de novos incidentes, num futuro relativamente próximo, que tenham impacto na comunidade.

Já as falhas prováveis, ou potencialmente activas, são as que mostram evidências de deslocamento relativamente recente, mas para as quais não é possível aplicar, objectivamente, critérios de actividade.

Em estudos de perigosidade avalia-se a capacidade dessas falhas para gerarem movimentos do solo, designados vibrações sísmicas fortes, ou seja, sismos de magnitude elevada, superior a 6 na Escala de Richter.

Vila do Bispo e Aljezur estão ambas sobre a mesma falha activa, estando ainda referenciada uma falha activa provável próximo de Odeceixe e diversas falhas secundárias na zona da costa vicentina.

Junto a Lagos regista-se uma falha provável, enquanto em Portimão estão assinaladas duas falhas activas, da qual deriva uma outra, provável, que se estende até Monchique.

As zonas de Silves e Lagoa apresentam registos de falhas secundárias.

Em Albufeira, as duas falhas activas existentes correm respectivamente para Norte e Oeste, atravessando, por isso, a cidade e a zona da marina.

Em Quarteira, a falha inicia-se no litoral e prolonga-se pelo barrocal, até São Bartolomeu de Messines, só passando a falha activa provável já na serra do Caldeirão.

A falha activa de Loulé estende-se até o litoral, entre Quarteira e Vale de Lobo, e para Oeste. No sentido Leste está classificada como activa provável.Esta é, aliás, uma área sismogenética importante, associada aos sismos de 1719, 1722, 1856, 1896, 1962 e 1972.

Esta zona apresenta a maior concentração de falhas sísmicas secundárias que abrangem todo o concelho louletano e ainda São Brás de Alportel, que também apresenta uma falha activa a prolongar-se para Norte na Serra do Caldeirão.

Já Tavira e Faro são cidades sob as quais está detectada uma falha activa provável, enquanto no Nordeste algarvio, as ocorrências tectónicas são todas secundárias, embora numerosas.

Construção não cumpre regras

A partir de década de 90 estudos levados a cabo sobre fenómenos sísmicos permitiram constatar que as falhas geológicas podem interagir entre si, mesmo a distâncias consideráveis, da ordem da centena de quilómetros, e como tal, a ocorrência de um sismo numa falha não depende apenas da evolução da mesma, mas igualmente das envolventes.

Desta forma, um sismo, ainda que a uma distância considerável, pode induzir a ruptura de uma outra falha geológica, com um atraso que pode ir de alguns minutos a algumas décadas.

Na área atlântica adjacente, o Algarve está associadoao fim da zona de fractura Açores-Gibraltar.Por outro lado, a sudoeste do território português existe uma fonte de sismos muito importante, no Banco de Gorringe, situado a 200 km a sudoeste do Cabo de S. Vicente.

Esta estrutura submarina está relacionada com a fronteira entre as placas Africana e Euroasiática, onde provavelmente tiveram origem grandes sismos históricos, seguidos de "tsunamis", que se repercutiram catastroficamente no território.

São exemplo os sismos de 309, 1356, e de 1761 e mais recentemente, a 28 de Fevereiro de 1969. Esta é uma região de grande actividade e onde se ocorrem sismos permanentemente.

Em Portugal registam-se cerca de 360 sismos por ano, de magnitude fraca a média - inferiores a 5.0 - e, esporadicamente, um sismo de magnitude moderada a forte, superior a 6.0.

A actividade tectónica concentra-se, sobretudo, na região do Algarve e zona marítima adjacente, bem como Lisboa e Vale do Tejo.

Em geral não são os terramotos que matam, mas sim os edifícios e outras estruturas construídas. No entanto, a engenharia sísmica já desenvolveu técnicas avançadas de construção sismo-resistente.

Contudo, a implementação destas técnicas torna a construção mais cara e por isso os promotores imobiliários tendem a subestimar a importância da resistência anti-sísmica, e embora haja legislação sobre a matéria, os especialistas reconhecem não existir uma fiscalização eficaz, para avaliar o seu cumprimento.

Por outro lado infra-estruturas críticas como escolas e hospitais poderiam ser sujeitas a obras de reforço estrutural (retrofitting) nas regiões mais sensíveis, como é o caso do Algarve, o que também não se verifica.

Conceição Branco