Mário Soares manifestou a sua preocupação com alguns sinais nacionalistas que vão surgindo na Europa, aliados a inaceitáveis manifestações de intolerância, de racismo e de xenofobia...
O antigo Presidente da República, que falava em Aveiro na comemoração dos 40 anos do II Congresso Republicano, considerou que os portugueses não têm razão para pessimismo, porque a crise é mundial, mas lamentou que a União Europeia não tenha uma política para a enfrentar, apontando mais uma vez o dedo à falta de liderança da Comissão Europeia...
A intenção recente do Governo de fixar um contingente indicativo da concessão de vistos de residência para a admissão em território nacional de cidadãos estrangeiros (fora da UE) para o exercício de uma actividade profissional subordinada é um outro sinal preocupante, já criticado por António Vitorino e António Vaz Pinto, ex-Comissão para a Imigração e Minorias. Reclamado e consagrado na Lei pelos governos do PSD/CDS, este encerramento progressivo das fronteiras só poderá contribuir para o aumento dos números de ilegais e da exploração laboral por patrões pouco ou nada escrupulosos.
Se, agora, com processos de legalização e de regularização de permanência em curso já sucedem episódios verdadeiramente lamentáveis de chantagem e perseguição, imagine-se aquilo que poderá vir a acontecer num futuro próximo...
Independentemente dos estudos que possam justificar esta medida, todos sabemos que os tempos que atravessamos não são fáceis, exigindo-nos um empenhamento redobrado no acolhimento solidário daqueles que procuram melhores condinções de vida em Portugal e querem participar na construção de uma sociedade dinâmica, moderna e sustentável.
Reforcem-se os mecanismos de fiscalização, persigam-se os patrões e os trabalhadores incumpridores e criem-se as condições para regularizar a situação dos inúmeros trabalhadores imigrantes detentores de contrato de trabalho legal. O combate à crise económica e a estabilidade social das nossas comunidades demandam essa atitude!
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