Estados de alma, intervenções e sinais de Tavira, do Algarve e de todo este mundo... e alguns raios de Sol!
quinta-feira, fevereiro 07, 2008
Tinha que ser assim?! (2)
(Publicado na edição de 7 de Fevereiro de 2008 do jornal BARLAVENTO - Frente & Verso)
O funcionamento do sistema político é condicionado pela capacidade dos líderes de corresponderem às exigências da sociedade, seja dos grupos de interesses, seja do eleitorado.
José Sócrates sabe isso e demonstrou-o de forma cabal na condução da mini-remodelação do Governo. Quando entendeu, sem ninguém saber, decidiu e comunicou a quem de direito. Podem acusá-lo de ser minimalista ou de querer agradar ao Presidente da República, na minha opinião apenas podemos culpá-lo por ter deixado Correia de Campos tanto tempo à deriva…
Confrontado com sondagens menos boas e sabendo que as alterações no Governo proporcionam uma nova energia ao executivo, o Primeiro-Ministro foi no dia seguinte à Assembleia da República explicar as mudanças e sublinhar a aposta nas políticas sociais.
Nos dias que correm, mesmo nas áreas mais sensíveis, como é o caso da Saúde ou da Educação, compete ao Estado fazer mais e melhor com menos recursos. Por outro lado, as acções dos governantes estão sob permanente escrutínio, prolongando-se os períodos de avaliação muito para além das campanhas eleitorais.
Ou seja, é seu dever garantir princípios básicos de eficácia e eficiência na gestão da coisa pública, acautelar a participação dos actores nos processos de reforma e, especialmente, assegurar a sustentabilidade das políticas públicas!
Os titulares das pastas da Cultura e da Saúde protagonizaram duas das áreas onde as reformas foram ainda mais profundas, enfrentaram corporações poderosíssimas e campanhas bem orquestradas para inviabilizar mudanças estruturais dos seus sectores.
Criador do Serviço Nacional de Saúde, o PS não deveria ter deixado Correia de Campos sozinho a explicar as reformas do sector. Antes, os seus deputados e os dirigentes locais e regionais deveriam ter participado nessa missão, justificando as opções políticas e a necessidade de modernizar e reorganizar o sector da saúde. Não sei se isso aconteceu aquando do encerramento das maternidades ou dos denominados serviços de urgências, aproveitados de forma demagógica pelos autarcas e líderes locais dos partidos da oposição, quando não mesmo de forma totalmente inqualificável…
A informação tablóide foi pelo mesmo caminho, aproveitando todo e qualquer protesto para subir audiências, fazer manchetes ou abrir telejornais. Infelizmente, nunca vi abrir um serviço de notícias com a criação da rede nacional de cuidados continuados integrados ou a entrada ao serviços dos primeiros profissionais formados nas Faculdades de Medicina de Braga ou da Covilhã mas, se calhar, isso não interessa nada!
Até às eleições de 2009, as exigências vão multiplicar-se, nestes e noutros sectores, mas estou confiante que José Sócrates entenderá os sinais da sociedade e saberá como renovar a liderança do Governo!
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