sexta-feira, janeiro 11, 2008

Haja saúde... e bom senso!


A Administração Regional de Saúde do Algarve e o Centro Distrital de Segurança Social de Faro têm vindo a instalar progressivamente a rede de cuidados continuados integrados (RNCCI) na região do Algarve, contando ter 189 camas disponíveis até ao final do mês de Março...

Contudo, parece que este esforço está a passar ao lado dos responsáveis do Hospital Distrital (?) de Faro e de alguns políticos da praça, dando aso a certo tipo de
declarações e exigências menos correctas ou totalmente despropositadas. Para mais, sendo certo que não existem boas ou más notícias (Há notícias!), certos jornalistas insistem em dar cobertura apenas aos críticos do sistema, marimbando-se para as suas responsabilidades sócio-profissionais...

Conhecendo-se as carências e lacunas do Serviço Nacional de Saúde e sabendo-se que Roma e Pavia não se fizeram num dia, não deveria ser implementada uma campanha de informação sobre a RNCCI no Algarve?! Já agora, alguém sabe onde é que arranjam alguns ingredientes essenciais ao desempenho de funções públicas?!

4 comentários:

Anónimo disse...

Sampaio elogia política do Governo para a saúde

in Observatório do Algarve, 13-01-2008 10:56:00

O antigo Presidente da República, Jorge Sampaio considera a política de Saúde do Governo "corajosa" e "correcta" na orientação, mas defende que o sistema de transportes de saúde tem que ser acautelado.

Numa entrevista de três páginas ao Diário de Notícias, o antigo chefe de Estado português que é actualmente representante da ONU (Organização das Nações Unidas) para a Aliança de Civilizações, considera ainda que a "política de comunicação" na área da saúde "podia ser reforçada".

"Havia reformas dolorosas a fazer sob pena de, a prazo, comprometermos a viabilidade financeira e a qualidade do Serviço Nacional de Saúde", afirma, mas sublinha que "há um complemento indispensável às reformas em curso, que é o sistema de transportes - neste campo, temos muito a fazer".

"Se se encerra uma unidade de saúde em determinada localidade, por todas as boas razões - e, sobretudo com vista a assegurar ao doente cuidades de saúde de qualidade - é indispensável, paralelamente, assegurar-lhe rápido e adequado transporte para o local onde vai ser tratado", explica.

O antigo Presidente entre 1996 e 2006, sublinha que o futuro do país "depende da aposta na investigação e na inovação, na capacidade produtiva e da capacidade da iniciativa privada", mas considera que o actual governo "tem tido várias políticas sociais". "Não vamos cometer a injustiça de dizer que não", afirma.

Quanto à presidência portuguesa da União Europeia, Jorge Sampaio avalia-a de forma muito positiva, afirmando que "os objectivos estabelecidos foram todos atingidos".

No entanto, quando questionado sobre a opção do Governo em ratificar o Tratado de Lisboa no Parlamento, Jorge Sampaio insiste que a "a melhor decisão teria sido a de realizar uma vasta consulta a nível da União Europeia sobre o futuro Tratado".

Defensor de sempre do referendo, Jorge Sampaio considera mesmo que a "conjuntura não poderia ser mais favorável a um desfecho positivo" de uma hipotética consulta pública e que um vasto referendo na União Europeia contribuíria para "reconciliar os cidadãos com o projecto europeu".

No entanto, admite que "na sequência das diligências e dos esforços desenvolvidos por Portugal durante os últimos seis meses como presidência da União Europeia para ultrapassar as fortes reticências de alguns parceiros europeus e tornar possível a assinatura do Tratado de Lisboa, se devam considerar factores de ponderação adicionais".

Jorge Sampaio, que desempenha ainda as funções de enviado especial da ONU para a erradicação da tuberculose, considera um "sucesso muito relevante, do ponto de vista simbólico e político" a realização da cimeira UE/África em Lisboa.

"A realização desta Cimeira era, por si só, importante porque há sete anos que não havia um encontro deste género. Por isso, a presidência portuguesa conseguiu ultrapassar um impasse significativo", afirma.

Mas adverte que "dos compromissos é preciso passar agora para o terreno, para a prática, para a aplicação dos programas e dos projectos - no plano da paz, desenvolvimento, da educação, da saúde pública" com "urgência".

Jorge Sampaio falou ao DN em vésperas da realização do primeiro Fórum da Aliança das Civilizações, agendado para os próximos dias 15 e 16, em Madrid e no qual espera "reunir um leque alargado de pessoas oriundas dos quatro cantos do mundo".

"Os objectivos desta primeira edição do Fórum são triplos: selar um compromisso forte dos governos e da comunidade internacional em investir politicamente na Aliança; ser um laboratório de parcerias e de lançamento de projectos conjuntos na área da educação, da juventude, dos media e das migrações; mobilizar a opinião pública para a Aliança e, assim, fazer dela uma iniciativa aberta à participação cidadã", referiu.

Anónimo disse...

Coordenadora dos Cuidados Continuados desmente médico de Faro sobre hospitais de retaguarda

por hugo rodrigues, in Barlavento

A coordenadora da Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados disse hoje que o Algarve nunca teve "hospitais de retaguarda", desmentindo um médico do Hospital de Faro que lamentou a falta das camas daquelas unidades.

Em declarações à agência Lusa, o porta-voz dos 19 médicos demissionários do Hospital de Faro, Armindo Figueiredo, pediu esta segunda-feira à tutela da Saúde para que voltassem a estar disponíveis as camas dos hospitais de retaguarda do Algarve.

Desde o Verão de 2007 que o Hospital de Faro deixou de ter acesso às camas dos hospitais concelhios de Loulé, Albufeira, Vila Real de Santo António, Tavira e São Brás de Alportel, mencionou à Lusa o médico.

"Estes centros hospitalares não foram todos fechados, mas foram cedidos a uma organização, que nós não entendemos bem os contornos, mas não temos qualquer acesso a estas camas", adiantava Armindo Figueiredo.

A afirmação do médico foi desmentida hoje pela coordenadora da Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados, que explicou que as camas que existiam pertenciam aos centros de saúde e nunca a hospitais de retaguarda.

"Essa afirmação resulta de uma ignorância do médico. Nunca tivemos hospitais concelhios no Algarve, nem nunca houve hospitais de retaguarda", defendeu Inês Guerreiro.

A coordenadora da Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados admitiu, contudo, que o que existiu no Algarve foram "internamentos de centros de saúde antes de 2004 que tinham 122 camas com desadequação de instalações".

"Actualmente, dessas 122 camas dos centros de saúde que existiam no Algarve e que foram chamadas de hospitais de retaguarda, foram transformados em 196 camas", sublinhou a médica Inês Guerreiro.

Inês Guerreiro acrescentou que em 2005, em todo o Algarve, existiam apenas 15 camas de cuidados continuados localizados na Misericórdia em Portimão.

"Quando cheguei aos cuidados continuados tinha 15 camas, neste momento foram reconvertidos todos os centros de saúde para cuidados continuados e em todo o Algarve há 196 camas. Conseguimos em dois anos criar uma rede de cuidados continuados", disse Inês Guerreiro, confirmando, todavia, que ainda são poucas camas para a região.

Até ao final deste ano, Inês Guerreiro assegurou que a região iria ganhar até 324 camas, ou seja, mais 128 camas das que já existem actualmente.

15 de Janeiro de 2008 | 08:55
(Fonte: Lusa)

Anónimo disse...

O Algarve vai ter mais 263 camas de Cuidados Continuados em 2008

Unidade de Convalescença será construída no edifício do ambulatório do Hospital de Faro

O Conselho Directivo da ARS Algarve, IP, informa que por decisão do Sr. Ministro da Saúde, António Correia de Campos, o Algarve contará no ano de 2008 com mais 263 camas de internamento em cuidados continuados.

Ao contrário do que foi repetidamente dito ao longo das últimas semanas por vários intervenientes na imprensa nacional e regional, que acusaram a ARS Algarve de ter encerrado camas de internamento em Centros de Saúde, denominadas de “retaguarda” provocando assim um aumento da pressão de doentes idosos e dependentes sobre os internamentos dos Hospitais da região e em particular sobre o Hospital de Faro, na realidade temos vindo a aumentar a disponibilidade de camas de internamento.

Em 2005 o Algarve dispunha de 133 camas de internamento nos Centros de Saúde, no ano de 2006 com a criação da Rede de Cuidados Continuados iniciou-se o processo de transferência destas camas para a Rede de Cuidados Continuados, tendo sido contratadas mais 61 camas ao sector privado social, fazendo com que no final de 2007 se encontrem integradas nesta rede 159 camas: 42 camas de convalescença, nas unidades de internamento de Portimão e Loulé, 43 camas de média duração e reabilitação em Portimão e Tavira, 74 camas de longa duração e manutenção em Estombar, Silves, Albufeira e Vila Real de Santo António, a que se juntaram mais 37 camas a funcionar nos Centros de Saúde, em Monchique, São Brás de Alportel e Olhão, somando um total de 196 camas.

Com a decisão agora tomada o Algarve passará a contar para além das 159 camas já a funcionar, com mais 263 camas de cuidados continuados até final do ano de 2008, sendo 169 camas de longa duração e manutenção, 28 camas de média duração e reabilitação, 20 camas de cuidados paliativos e 46 camas de convalescença.

Para dar prosseguimento a esta resolução, decidiu a ARS Algarve, ouvido o CA do Hospital de Faro, antecipar o processo de reconversão do edifício do Ambulatório do Hospital de Faro, através da construção num dos pisos devolutos de uma unidade de cuidados continuados de convalescença e de uma unidade de cuidados paliativos.

Com esta medida o Governo antecipa e assegura a utilização das actuais instalações do Hospital de Faro para fins de saúde, cumprindo desde já as medidas anunciadas a quando da apresentação do perfil assistencial e dimensionamento do Novo Hospital Central do Algarve em Julho de 2007.

FONTE: Nota de Imprensa da ARSA,ip

Anónimo disse...

Salvação do SNS

Por Vital Moreira, in Público, 22 de Janeiro de 2008

A meu ver, por mais politicamente aliciante que seja, não tem fundamento a tese de que as políticas de saúde em curso estão a "destruir o SNS". Pelo contrário, penso que só a sua reforma pode salvá-lo da destruição, pela insustentabilidade financeira e pela incapacidade para responder às crescentes necessidades em cuidados de saúde.

Os sistemas de saúde como o SNS, baseados na prestação directa de cuidados de saúde pelo Estado financiados por via de impostos, enfrentam dois riscos maiores. Primeiro, o risco da ineficiência da gestão pública tradicional; segundo, o risco da politização imediata de todas as deficiências e de todas as reformas do sistema. Ambos esses riscos se agravam quando, como sucede universalmente desde os anos 80, os sistemas de saúde se tornam cada vez mais exigentes em termos financeiros (por efeito da maior procura e sofisticação dos cuidados de saúde), ao passo que as disponibilidades financeiras do Estado deixam de acompanhar essas necessidades (por causa de taxas de crescimento económico mais reduzidas e da pressão política e social para a diminuição da carga fiscal).

Por toda a parte as respostas aos problemas referidos passam por duas vias.
A primeira passa pela mudança da gestão dos serviços públicos, no sentido de mais autonomia e mais responsabilidade dos gestores, profissionalização da gestão, financiamento pelo volume e qualidade dos cuidados prestados, avaliação de desempenho, contratualização das prestações e do financiamento, adopção de mecanismos de direito privado, incluindo o contrato de trabalho nas relações de emprego (em vez da função pública), etc.

É nesse movimento da "nova gestão pública" que se insere nomeadamente a gestão empresarial dos hospitais, como sucedeu em Portugal, bem como a "externalização" dos meios complementares de diagnóstico e de tratamento, parcerias público-privadas no financiamento, construção e gestão de equipamentos, etc. Em qualquer caso, trata-se de alcançar dois objectivos essenciais: em primeiro lugar, o aumento da eficiência, de modo a fazer mais com os mesmos recursos materiais, humanos e financeiros, eliminando desperdícios e utilizando plenamente os meios disponíveis; em segundo lugar, um certo distanciamento entre a gestão dos serviços de saúde e a gestão política, na medida em que aquela se torna mais autónoma, mais profissional e mais vinculada a objectos de desempenho "empresarial".

A outra via de reforma dos sistemas de saúde consiste na racionalização dos meios disponíveis, que passa pela concentração e diferenciação de estabelecimentos e pelo reordenamento territorial das redes de cuidados de saúde, de modo a cobrir todo o território e toda a população, sem vazios mas também sem redundâncias. É nesta vertente que se enquadra entre nós o reordenamento da rede de maternidades e blocos de partos (já realizado) e dos serviços de urgência (em curso). Visa-se não somente alcançar uma cobertura mais racional do território nacional, colmatando lacunas e eliminando a oferta supérflua, mas também de melhorar a qualidade dos cuidados de saúde prestados, substituindo serviços deficientes e sem pessoal qualificado suficiente por serviços mais modernos, mais bem equipados e com mais pessoal qualificado, mesmo se a maior distância.

Mesmo quando o saldo global entre ganhos e perdas é manifestamente positivo, o reordenamento territorial de serviços públicos enfrenta sempre a contestação dos que se vêem privados de serviços a que se julgam com direito, bem como a exploração mais ou menos demagógica das forças políticas interessadas na manutenção do statu quo (mesmo quando o seu interesse está justamente em deixar tudo como está, para depois invocar a insustentabilidade do sistema a fim de justificar a sua extinção). A contestação é em geral agravada pela conjugação da defesa de interesses profissionais (em especial a perda da generosa remuneração do horário extraordinário...) e das susceptibilidades locais à perda de qualquer equipamento público.

Mas é evidente que todos os serviços públicos devem ser justificados pelo serviço às populações e não somente porque "já lá estão" e há quem tenha interesse na sua permanência. Como mostrou o caso do encerramento das escolas do ensino básico e das maternidades - ambos os casos também muito contestados -, a diminuição da oferta não se traduziu em nenhum défice ou degradação do serviço público. Pelo contrário, trouxe um melhor serviço público. No caso das maternidades, por exemplo, há menos cesarianas e, contrariamente ao que corre, menos nascimentos em ambulâncias.

De resto, não faz sentido manter uma rede de serviços de urgência (ou de pseudo-urgência) mal equipados e mal dotados de pessoal qualificado, criados há muito tempo sem qualquer racionalidade territorial, quando agora os requisitos de qualificação de tais serviços não cessam de crescer e os tempos de deslocação se tornaram muito menores, mercê da nova rede rodoviária agora existente. Parece evidente que, tal como sucedeu nas escolas e nas maternidades, mais vale ter serviços mais qualificados a alguma distância, do que ter maus serviços ao pé de casa, que muitas vezes se limitam a ser locais de passagem (e de perda de tempo) para os serviços de urgência mais qualificados. Ponto é que seja assegurado o transporte dos doentes, incluindo ambulâncias medicalizadas.

Há três condições essenciais para o êxito de reformas politicamente tão delicadas como estas. Primeiro, assentarem numa forte convicção política; segundo, serem previamente validadas por estudos técnicos credíveis; segundo, assegurarem inequívocos ganhos em saúde (validação pelos resultados). Preenchidas as três condições, é muito mais fácil enfrentar os interesses profissionais ou paroquiais e os atavismos políticos e ideológicos. De estranhar seria que reformas destas fossem consensuais.

Declaração de interesses - O autor é presidente do Conselho Consultivo do Centro Hospitalar de Coimbra (CHC), EPE.