Visão de Ferro
Três anos depois da demissão, Eduardo Ferro Rodrigues quebra um período de afastamento da vida política nacional...
O ex-secretário-geral do PS, em entrevista publicada na VISÃO, manifesta-se inconformado com as consequêcias pessoais e políticas do processo Casa Pia e defende uma mudança de rumo do actual Governo, considerando que os sacríficos devem ser pedidos aos portugueses com «menos arrogância e mais humildade». Pela esquerda, será?!
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PS: Títulos da entrevista de Ferro são diferentes do conteúdo
in Diário Digital / Lusa, 03-01-2008 17:26:00
O ministro da Presidência, Silva Pereira, considerou hoje que os títulos da entrevista de Ferro Rodrigues à Visão são diferentes do conteúdo da peça jornalística, sublinhando que o ex-secretário-geral socialista elogia várias vezes o executivo.
«Há uma certa diferença entre os títulos da entrevista [publicada hoje] e o conteúdo da entrevista. Na entrevista, o dr. Ferro Rodrigues tem ocasião de, em vários momentos, elogiar o governo e apoiar o programa de reformas que o Governo está a empreender», afirmou Pedro Silva Pereira, durante uma visita às verificações técnicas do rali todo-o-terreno Lisboa-Dakar2008.
O ministro comentava a entrevista do ex-secretário-geral do PS Ferro Rodrigues, publicada hoje pela revista Visão, em que o antigo líder socialista avisava que se o actual Governo pede sacrifícios é «indispensável» que o faça com «menos arrogância e mais humildade».
Na entrevista à Visão, com a qual o ex-ministro de António Guterres e actual chefe da delegação portuguesa na OCDE, em Paris, quebra um período de cerca de três anos de silêncio em matéria de intervenções na vida política, Ferro Rodrigues fala ainda de um «PS com pouca vida própria».
Duranta visita às verificações técnicas do rali todo-o-terreno Lisboa-Dakar2008, Pedro Silva Pereira garantiu que o Governo chefiado por José Sócrates está «bem consciente e muito empenhado» na «necessidade de promover o diálogo social».
«É por isso que as mais importantes reformas que o Governo tem empreendido tem-nas realizado na base em acordos de concertação social. Recordo que, porventura, a mais importante reforma que desenvolvemos, a reforma da Segurança Social, que tirou a nossa segurança social de uma situação de alto risco, foi conseguida com base num acordo na concertação social«, sustentou.
O governante que tutela também a área do Desporto considerou que »o mesmo aconteceu com o programa de aumento histórico do salário mínimo e com outras medidas do governo«.
«O nosso empenhamento é no sentido do diálogo social, mas também é preciso que os nossos parceiros sociais percebam que as mudanças são necessárias, porque o país não pode ter adiamentos sucessivos com os problemas a eternizarem-se», advertiu.
Sobre a necessidade de o executivo explicar melhor as suas medidas, Pedro Silva Pereira disse que «quanto a isso, o senhor ministro da saúde se pronunciou».
«Claro que faz parte das tarefas da governação explicar as medidas que têm vindo a ser adoptadas. Mas eu estou convencido que os portugueses percebem bem, de um modo geral, a necessidade de mudanças e de reformas e aliás também temos indicadores disso mesmo«, acrescentou.
Silva Pereira sublinhou ainda que »o que não podia acontecer era o país, que tem pela primeira vez um governo com maioria absoluta do PS, chegar ao fim da legislatura com os problemas como estavam ou com a situação pior do que encontrou«.
«E isso já todos estamos a ver que não vai acontecer, porque fizemos reformas importantes no Estado, de modernização da nossa economia, temos agora a economia a crescer, a nossa segurança social com futuro e temos também uma dinâmica que nos permite encarar o futuro com mais optimismo do que há alguns anos atrás e com crescimento económico. E isso é muito importante para que possamos olhar o futuro com mais confiança», considerou.
Ferro Rodrigues Um dia alguém perguntou ao Generalíssimo Franco, no leito de morte, se não se preocupava com os acontecimentos do 25 de Abril de 74, que corriam em Portugal, tendo obtido uma resposta seca: não, porque os portugueses são cobardes. Claro que há excepções mas quer-me parecer, como sói dizer-se, que as excepções confirmam a regra. Vem esta lembrança a propósito da entrevista que Ferro Rodrigues concedeu hoje à Visão, após um longo silêncio, somente entrecortado pelo ruído do chamado “processo Casa Pia” no qual, por razões que a razão desconhece, foi envolvido. Acabei de ler a entrevista.
O porta-voz do PS entende que Ferro Rodrigues tem uma visão «distorcida pela distância» da realidade portuguesa ao considerar que o Governo tem de ter «menos arrogância». (...)
Vitalino Canas desvaloriza os reparos de Ferro Rodrigues. Correia de Campos desvaloriza críticas sobre o encerramento de unidades de saúde (a agitação actual estará esquecida «dentro de um ano») e diz que é «uma excelente política». José Sócrates já tinha dito que nenhum governo tinha sido tão «de esquerda».
Grande Mário Crespo (agora na SICN) a não deixar o alter-ego socrático, o Ministro Silva Pereira, fugir de discutir a entrevista de Ferro Rodrigues e mais uma série de assuntos quentes para o governo! E continua, como o coelhinho da Duracell, com bons modos, perguntando, perguntando, perguntando, fazendo verdadeiras perguntas que mostram como é hoje tão raro ter verdadeiro jornalismo na televisão. Mas que diferença!
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