terça-feira, janeiro 20, 2009

Chegou o nosso tempo!


Pragmático e realista, Barack Obama falou das dificuldades que o Mundo enfrenta e pediu uma nova era de responsabilidade, essencial para enfrentar os desafios desta geração...


No discurso da tomada de posse como 44.º Presidente dos Estados Unidos da América, Obama falou do "preço e da promessa da cidadania". Falou de um "momento que vai definir uma geração" e de "uma nova era de responsabilidade" – assente em "valores antigos".

Perante uma assistência superior a dois milhões de cidadãos, que enfrentaram temperaturas de treze graus negativos, Barack Obama viveu hoje o primeiro dia dos resto das nossas vidas!

2 comentários:

Anónimo disse...
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Anónimo disse...

A NOVA ERA

por Mário Soares, in Diário de Notícias, 2009.01.20

1 . Quando os leitores lerem este artigo no Diário de Notícias, a América do Norte, a Europa e o resto do mundo preparam-se para seguir, com natural curiosidade, a passagem de testemunho e o acto de posse do 44.º Presidente dos Estados Unidos: Barack Obama. Trata-se de um dia histórico: pela primeira vez um afro-americano entra e se instala, por direito próprio, dado pelo voto popular, na sala oval da Casa Branca. Mas mais do que isso: em nome da mudança e para assegurar a mudança, não só nos Estados Unidos, mas também nas relações da primeira potência mundial com o resto do mundo, com a ONU e com o outro pilar Atlântico, a União Europeia.

Obama chega à Casa Branca num momento de rara gravidade, dada a crise financeira e económica global - a que urge fazer face, com êxito e rapidez - perante excessivas expectativas e exigências, à frente de uma jovem equipa, que se crê inovadora, díspar, pragmática e pluripartidária, inspirada por um jovem Presidente, humanista, multirracial, patriota e que pretende renovar o "sonho americano", no melhor que tem: o pioneirismo e o idealismo político, social e ambiental, cujas referências principais são os grandes Presidentes Abraham Lincoln, o anti-esclavagista, e Franklin Roosevelt, o construtor do New Deal, que salvou a América da crise e, depois, foi o vencedor do militarismo japonês e do nazismo, grande propulsor da Carta do Atlântico e da criação das Nações Unidas.

Obama prometeu a mudança e vai empenhar-se a fundo em a realizar, aliás, essencial para vencer a crise. Não tenho dúvidas que conseguirá. Mas veremos como e até que ponto...

2. A União Europeia segue, obviamente, com a maior atenção, o que está a passar- -se na América do Norte. Mergulhada na pior crise de sempre - que os seus dirigentes políticos, com raríssimas excepções, aliás, não previram -, querem também a mudança, sem a qual, sabem, precipitarão os seus países na decadência. Mas, curiosamente, os seus dirigentes são os mesmos do passado, com as mesmas ideias, só parecem pensar na sua sobrevivência política, ou seja: querem mudar o mínimo possível para que tudo fique na mesma ou quase. O que é uma impossibilidade nos seus próprios termos...

Com efeito, na União Europeia tudo está a degradar-se, sem remédio. A crise está a aprofundar-se todos os dias. Os escândalos financeiros e as gestões fraudulentas, de bancos e grandes companhias, sucedem- -se. As medidas, até agora tomadas, para ultrapassar a crise, são casuísticas, e não obedecem a uma estratégia de conjunto nem, muito menos, concertada entre todos. Cada país trata de si e os outros que se arranjem... Não consta que tenha havido responsáveis da crise, em nenhum país, ou, se existem, escondem-se sob o silêncio cúmplice, à espera que a tormenta passe. Nada mudou no sistema. O povo europeu, que devia ser informado pelos responsáveis - visto que lhe pedem o voto -, não o é e a desconfiança cresce. Ora, é conhecido que a confiança é um elemento fundamental para combater a crise. Não existe. E nem sequer se promove a transparência quanto às medidas tomadas e os responsáveis pelo que aconteceu parece desejar-se que fiquem impunes...

No plano institucional, a União Europeia patina. Que se passa com o Tratado de Lisboa? Ninguém é capaz de responder. Alguém pensa que a União pode ganhar credibilidade no exterior, como tanto necessita, para ser reconhecida como agente global, ignorando-se qual vai ser o seu rumo político? As eleições europeias estão à porta e pergunto-me com que convicção vão votar os europeus? Com a ambiguidade e as hesitações dos líderes e o descrédito com que são olhados?

O povo europeu não deixará de se perguntar - estimulado pela mudança americana - onde estão os dirigentes capazes de falar claro, dizer-nos a verdade e estimularem-nos - como Obama -, no sentido de uma mudança de paradigma, política, económica, social e ambiental, absolutamente indispensável para vencer a crise. Assim, vai a União Europeia a viver cada dia sem qualquer visão de futuro... Os partidos europeus têm que perceber que é necessário que apresentem, aos seus eleitores, planos para o futuro estruturantes, claros e aliciantes.
(...)