Manuela Ferreira Leite diz não acreditar «em reformas, quando se está em democracia». Só ouvindo mesmo, porque contado ninguém acredita... com facilidade!
Depois de uma fase de desesperante silêncio, a líder do PSD abriu a boca e nunca mais parou de dar pretextos a todos quantos desejam o seu afastamento da vida política activa. Hoje, prendou-nos com mais uma tirada inesquecível, claramente autoritária e anti-reformista, reveladora de uma lamentável falta de cultura cívica e democrática.
Pergunto eu, ainda falta muito para avançar... de vez?!
6 comentários:
A "ironia" tem limites. A sua demissão é urgente!
Esta senhora foi uma péssima secretária de Estado do Tesouro, enrrascou toda uma geração, colocou-nos de tanga como ministra das Finanças e agora prepara o velório do PSD!
Um partido, três opções e um destino
in Diário de Notícias - Editorial, 2008.11.20
O PSD defronta um problema difícil. A líder actual foi eleita para sacudir a modorra que se apoderou do partido depois da traumática derrota nas legislativas de 2005 com escassos 29%. Já Marques Mendes e Luís Filipe Menezes tinham puxado pelas hostes laranjas, mas não as conseguiram convencer de que, sob sua condução, poderiam arredar os socialistas do Governo em 2009.
Passados escassos meses sobre a vitória relativa de Manuela Ferreira Leite, depois de uma expectativa positiva traduzida em intenções de voto acrescidas até aos 32%, os seus declarados apoiantes caíram para os 26%. Este valor faz soar todos os alarmes dentro do partido. Mas não se vislumbre um rumo de resposta unificado. Uma corrente quer derrubar Ferreira Leite quanto antes, mas parece não ter força para o conseguir. Outra multiplica sinais de distanciamento face à líder, não deixando de a criticar após cada deslize. Mas também não se assume como alternativa até às eleições. E há ainda os que levaram Ferreira Leite à presidência partidária e que parecem crescentemente perplexos com a sua actuação.
O PSD está numa encruzilhada. Como a própria Ferreira Leite avisou logo no início do seu mandato, uma derrota em toda a linha nas legislativas pode provocar uma derrocada do poder local ainda maioritariamente laranja por esse país fora. O que representaria, aí sim, pôr em causa um dos principais pilares de sustentação do PSD e da sua dimensão interclassista e nacional. (...)
Há alguns meses atrás, decorria animada a campanha eleitoral para as habituais eleições internas semestrais do PSD, e no meio das discussões animadas e apaixonadas que costumava ter no meu local de trabalho da altura ouvi uma brilhante pérola de análise política que nem tão cedo esquecerei : " Agora se a Ferreira Leite ganha é que eles entram em pânico". Como devem calcular os leitores mais desatentos o "eles" era eu e todos os Socialistas deste país. Na altura, confesso que o comentário me incomodou um bocado porque, não só não me sentia nada em pânico, como até estava satisfeito com a ideia da ministra das finanças do governo do "cherne" poder liderar o maior partido da oposição num contexto em que teria que explicar aos portugueses por que razão seria melhor para governar depois do brilhante desempenho económico do seu consulado. Como tenho a mania de, apesar de defender convictamente as minhas opiniões, não me achar detentor da verdade absoluta pensei um pouco no assunto, não fosse a minha análise estar completamente errada. Cheguei à conclusão que não, que eu estava certo e que a pior coisa que podia acontecer era o futuro dar-me uma liçao de humildade.
Bem dito, melhor feito, eu estava errado. Não estava errado ao querer ver a Dona Manuela à frente do PSD, estava errado ao pensar que os "eles agora entram em pânico" se referia a mim e aos meus camaradas. É um defeito que tenho reagir como quem está cercado quando sinto alguém, ou como costume muitos alguens a pôr-me em causa mas desta vez confesso que exagerei. Os "eles" não eram os Socialistas. Eram os trabalhadores que ganham o salário mínimo nacional que estavam em pânico porque a Dona Manuela quer rasgar o acordo de concertação social que este governo assinou com os sindicatos e que permitiu o maior aumento de sempre do salário mínimo em apenas 4 anos. Quem estava em pânico eram as empresas de obras públicas pois essas iriam parar se a Dona Manuela chegasse ao governo. Quem estava a entrar em parafuso eram os ministros das finanças da Guiné Bissau e da Ucrânia pois como a Dona Manuela tão bem explicou, a paragem das obras públicas em Portugal levaria ao aumento do desemprego nos seus países. Aqueles que ficaram aterrorizados, foram as empresas de fornecedores do estado e das autarquias que levam anos para receber e que este governo decidiu pagar pagar as dívidas ( medida que peca por 20 anos de atraso mas que foi tomada agora ) o que a Dona Manuela classificou de irresponsabilidade. Para terminar, em verdadeiro estado de pânico estavam os jornalistas que parece que não podem ser os únicos a decidir o que publicam e todos os sindicatos de todas as profissões deste país que perceberam ontem que para serem feitas reformas temos que suspender a democracia por seis meses.
Ontem compreendi finalmente o meu erro e lamento as discussões que causei por achar que, como Socialista, a eleição de Ferreira Leite representaria uma ameaça. Não era de mim que estavam a falar e lamento muito o meu erro de análise.
A todas as pessoas que agora se sentem verdadeiramente em pânico, pouco vos posso dizer a não ser que farei a minha parte para que a Dona Manuela não passe de apenas mais um erro de casting num filme de terror de classe C. Como eleitor, militante e dirigente de um partido político, neste caso o PS, esforçar-me-ei ao máximo para que ela não chegue ao ponto onde tenha a capacidade de suspender a democracia. Tenham fé e esperança. Confiem em mim. Ela não governará.
Fantástico. Eu não estou a ler bem.. Então um dirigente do PS não sabe que a ironia de Sócrates, o grego, tem a intenção de fazer as pessoas pensarem!? Ela - MFL - criticou o Socrates, o portuga, e agora tem a intenção de exercer a capacidade de suspender a democracia!? Isto sim é POPULISMO!
Aliás, o comunicado da Lusa que manipulou, tirando do contexto, a frase proferida MFL, é uma vergonha. Pensava eu que vivia num país livre, mas a verdade é que tenho um governo que faz propaganda e ainda manipula a populaçao através da comunicação social!!
Por mim, esta senhora devia viver na Madeira, de braço dado com o Alberto João e seria felizes para sempre!
PS-Não desgosto dos madeirenses, mas se são pacientes ao ponto de aturarem aquele pulha, levem também com a bruxa, para ver se ela aprende a gostar da regionalização... ou põe ordem no arquipélago das bananas!
Para mostrar como a tese de Ferreira Leite, de que "não se podem fazer reformas em democracia", não é somente uma "barbaridade" em termos de teoria democrática mas também está em profunda contradição com a cultura e história política do próprio PSD, lembrei as reformas de Sá Carneiro e de Cavaco Silva, que não precisaram de "suspender a democracia" para as efectivarem.
Tanto bastou para que esta inatacável observação fosse retirada do contexto e denunciada por um vigilante da ortodoxia da esquerda protestatária como uma demonstração do «desgraçado bloco central neoliberal». Assim mesmo, como se registar uma facto histórico significasse concordar com ele, como se fosse preciso alinhar com a "revolução neoliberal" de Reagan e de Thatcher para constatar a evidência da mesma.
Típica de uma certa tradição sectária de patrulheirismo ideológico, esta crítica não é só totalmente descabida, mas também pouco séria (para dizer o menos...), cancelando qualquer hipótese de debate decente de divergências ideológicas com o radicalismo de esquerda. Já nos vamos habituando...
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