(Publicado na edição de 17 de Outubro de 2003 do jornal ALGARVE REGIÃO)
A crise governamental dos últimos dias veio acentuar a ideia transmitida pelas sondagens mais recentes. Este Governo aproxima-se lenta e perigosamente do seu fim e, sem soluções para os graves problemas do País que ajudou a agravar, apenas procura manter a cabeça fora de água...
As dificuldades sentidas por Durão Barroso para preencher as vagas decorrentes dos escândalos sucessivos que afastaram Isaltino Morais, Pedro Lynce e Martins da Cruz, para além do oportuno abandono de Valente de Oliveira, foram públicas e notórias, acabando por ser substituídos por tecnocratas sem peso político.
E, por muito que queiram afastar essa ideia, as consequências da pior vaga de fogos florestais ocorrida em Portugal não podem ficar-se pelo simples afastamento de Leal Martins do mal nascido Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil. Esperamos que não seja necessário morrer nenhum militar da Guarda Nacional Republicana no Iraque para que Figueiredo Lopes perceba que está a mais...
Nos domínios da economia e das finanças, como bem disse José Sócrates na Assembleia da República, “isto não está a correr nada bem!”
O desemprego não pára de crescer e os propalados investimentos estrangeiros não surgem do nada. A escassos dias da apresentação da proposta de Orçamento de Estado para 2004, sabe-se que o investimento público vai decrescer quase dez por cento e, em consequência, os fundos comunitários são reduzidos em mais de seis por cento, com particular incidência nos domínios da educação, da saúde e das obras públicas.
Ou seja, não há perspectivas que isto possa vir a correr melhor!
Com exemplos deste calibre, numa sociedade fortemente mediatizada e com um cunho individualista crescente, o papel dos cidadãos mais interventivos na vida política torna-se cada vez mais difícil. São necessárias soluções de futuro!
Quero recordar aqui duas iniciativas promovidas em 2000 pela secretaria de Estado da Administração Interna, e que acabaram por mobilizar outros órgãos de soberania e até os partidos da oposição, para apelar ao interesse dos jovens para as matérias do civismo e da cidadania.
As acções desenvolvidas no âmbito do Ano da Educação Rodoviária e da campanha da divulgação dos Símbolos da República, que não tiveram continuidade, serviram para que centenas de milhares de crianças e jovens tivessem as primeiras “aulas” de educação cívica, nas quais participaram como “professores”, entre outros, Jorge Sampaio, António Guterres, Durão Barroso, Carlos Carvalhas ou... Paulo Portas!!!
Motivar e reforçar a presença dos cidadãos no processo político parece ser a solução para o desencanto que avassala Portugal e desanima os mais empenhados.
Com base nos valores da solidariedade e da tolerância, incentivar a sua participação, quer individualmente, quer através de fóruns de debate sócio-político, na determinação do rumo de cada comunidade local e do próprio País parece ser o melhor caminho para fortalecer o seu interesse no bem comum!
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