domingo, agosto 26, 2007

ETA, MIA & Cia. Lda.


As autoridades portuguesas estão a trabalhar, de forma discreta, "ao nível da prevenção um pouco por todo o país", no sentido de descobrir bases de apoio ou mesmo precaver eventuais atentados da ETA, soube o Diário de Notícias de fonte policial.

Com um pendor cada vez mais "tablóide", o diário lisboeta acrescenta que algumas cidades do Algarve e os montes que circundam a Barragem de Santa Clara (Odemira) reunem "condições propícias para servir de refúgio a elementos da ETA".

Apesar das
garantias do Director Nacional da Polícia Judiciária, os articulistas do DN esqueceram-se de mencionar a tradicional solidariedade entre grupos terroristas, senão teriam acrescentado que os bascos até podem estar albergados nas mansões dos ex-activistas do MIA (Movimento para a Independência do Algarve).

Como escrevia ontem Nuno Rogeiro no
Correio da Manhã, "o sul de Portugal está cheio de bascos. Boa gente, à procura da mesma felicidade da Humanidade restante." Porém, acrescenta, tal não quer dizer "que o terrorismo vizinho tem uma base fixa, estável, profunda, importante, em Portugal."

Os especialistas em matéria de segurança sabem perfeitamente que as zonas turísticas podem funcionar como espaço de recuo de grupos criminosos ou terroristas, suspeitando-se igualmente da existência de pactos tácitos de não-agressão em determinadas regiões. Assim, haja tranquilidade!

1 comentário:

Anónimo disse...

A união luso-espanhola contra a ameaça da ETA

EDITORIAL, in DN, 2007.08.28

A confirmar-se a vinda a Lisboa de Baltasar Garzón para discutir a equipa luso-espanhola que vai investigar a presença da ETA em Portugal, Madrid confirma levar muito a sério a hipótese de o grupo independentista basco ter uma base em território nacional.

O juiz espanhol, que ganhou fama internacional com o mandado de detenção contra o ditador chileno Augusto Pinochet, possui vasta experiência no combate ao terrorismo, tanto basco como de origem islamita. E isso oferece garantias de que a cooperação entre as justiças dos dois países ibéricos, algo urgente dadas as ameaças partilhadas, vai favorecer o lado português, menos habituado a estes desafios. E também colocar a investigação no caminho e dimensão certos, pois se a presença etarra por cá é provável, é igualmente evidente que o País não é um santuário capaz de substituir o País Basco francês. Mesmo que tradicionalmente existam entre nós simpatias pelos nacionalismos anticastelhanos - não confundir com simpatia pelo terrorismo -, a ETA em Portugal nunca terá o tipo de rede de apoios que conta em Baiona e arredores.

A fragilidade portuguesa perante a ETA é sobretudo a fragilidade das sociedades modernas: abertas e, portanto, vulneráveis. (...)