sexta-feira, outubro 26, 2007

Tinha que acontecer...


Na edição de Outubro, o PS e o PSD surgem praticamente empatados no Barómetro DN/TSF/Marktest, os sociais-democratas subiram oito pontos percentuais, ao passo que o PS que caiu cinco pontos...

Num estudo realizado após a eleição de Luís Filipe Menezes como líder do PSD, segundo a
TSF, o PSD registou um dos seus melhores resultados dos últimos dois anos, ao passo que o PS, numa altura em que teve de enfrentar a mega-manifestação do Parque das Nações, registou o seu pior resultado neste período.

"Terá sido do efeito novidade?" questiona-se o
Diário de Notícias, sublinhando que só "os próximos meses confirmarão - ou não." De qualquer forma, as sondagens nunca foram favoráveis a Marques Mendes e, sob a sua liderança, o PSD nunca quebrou a barreira dos dez pontos de diferença e agora regista-se um empate técnico!

O desgaste socialista era esperado há muito, mas os números teimavam em contrariar aquilo que sentia nas conversas quotidianas. Sócrates tomou muitas medidas difíceis e impopulares, afectou interesses instalados e atacou corporativismos inatingíveis. Depois da Europa, estamos certos que regressará a Portugal!

1 comentário:

Anónimo disse...

Desemprego e presidência da UE ajudam à queda do PS

in Público, 27.10.2007, Leonete Botelho e Joana Ferreira da Costa

PS reage com cautela, mas já há quem peça o regresso à matriz socialista. PSD diz que "não vai embandeirar em arco"

Pela primeira vez nos últimos dois anos, duas sondagens - uma do Centro de Sondagens e Estudos de Opinião da Universidade Católica (CSEO/UCP) e outra da Marktest - mostram uma quebra acentuada de popularidade do primeiro-ministro, acompanhada pela descida nas intenções de voto no PS. Já o novo líder do PSD, Luís Filipe Menezes, é recebido de braços abertos, embora em apenas num dos inquéritos o PSD dispare nas intenções de voto (ver caixa). "Apesar das diferenças na metodologia e na amostragem, há resultados congruentes entre as duas sondagens que apontam para uma mudança expressiva no comportamento do eleitorado", afirmou ao PÚBLICO o politólogo Pedro Magalhães, responsável do CSEO/UCP.
O que pode justificar esta mudança de atitude? A presidência da União Europeia e a existência de taxas de desemprego elevadas são dois factores que, comprovadamente, resultam em quebras de popularidade dos governos. Se coincidirem no tempo, como agora acontece, podem tornar-se uma combinação explosiva.
A hipótese é admitida ao PÚBLICO por Linda Veiga, professora da Escola de Economia e Gestão da Universidade do Minho e co-autora, com Francisco José Veiga, de um estudo sobre a popularidade dos chefes de governo e das instituições políticas em função da situação económica do país. "A elevada taxa de desemprego, associada à contracção da despesa pública e à redução da qualidade dos serviços, a coincidir com presidência portuguesa da UE", podem bem justificar esta quebra da popularidade do partido do Governo e do primeiro-ministro, considera.
A partir dos gráficos elaborados naquele estudo, Pedro Magalhães marcou os dois anteriores períodos da presidência portuguesa da UE: no primeiro semestre de 1992 e no primeiro semestre de 2000, tanto Cavaco Silva como António Guterres viram a sua popularidade cair significativamente (sobretudo no segundo caso) durante o período em que assumiram a liderança europeia.
No estudo citado, os investigadores identificaram ainda outros factores de peso na popularidade dos líderes: a sua própria personalidade, a erosão provocada por governações longas e o "efeito lua-de-mel". Numa análise superficial, o politólogo André Freire encontra nas sondagens de ontem algumas razões deste tipo. "Há um crescente crítico em relação ao Governo e ao primeiro-ministro, sobretudo depois de uma série de casos que parecem revelar uma certa prepotência e intolerância, que serão o efeito perverso da maioria absoluta", avalia. Por seu lado, o PSD estará em lua-de-mel com o novo líder - "a nova liderança do PSD goza, neste momento, do benefício da dúvida" - e a "extrema-esquerda tira dividendos do descontentamento social", acrescenta.
PS atento, PSD capitaliza
Apesar da queda, o PS diz - através do seu porta-voz, Vitalino Canas - encarar estes resultados "sem nenhum alarme", até porque "não há propriamente uma inversão na tendência de voto". "O PS continua na posição cimeira das intenções de voto", lembra aquele responsável, frisando que "as sondagens são sempre muito sensíveis a factores conjunturais". "Ao longo destes dois anos tem havido subidas e descidas, nem sempre por motivos que dependam do PS. É preciso não esquecer as mudanças no PSD", acrescenta.
Mas nem tudo são rosas no interior do PS. Há muito que se vêm ouvindo queixas de falta de ligação ao terreno e, no interior do grupo parlamentar, têm sido frequentes as críticas a políticas governamentais que agudizam a crise social. "Estas sondagens são absolutamente inevitáveis, mas ainda bem que surgem a tempo", considera Vítor Ramalho, deputado e presidente da distrital de Setúbal. "É necessário dar mais atenção ao partido, ao ideário, à luta por valores e princípios, aos que sofrem", resume. "É preciso reencontrar causas que motivem as pessoas. A matriz socialista é indispensável como o pão para a boca", frisa.
Apesar da satisfação, o líder do PSD, Luís Filipe Menezes, sublinha que "ainda não fez por merecer" esta popularidade e garante que não irá "embandeirar em arco". "É um bom sinal, sinal de que existe uma possibilidade de os portugueses poderem ter uma lógica de alternância democrática do poder, mas temos de fazer por merecer", afirmou Menezes.
Já Miguel Relvas - um barrosista afastado esta semana da presidência de uma comissão parlamentar - considera que a inversão nas sondagens para o PSD "é consequência da nova liderança, que dá uma nova esperança ao eleitorado". "É preciso que o PSD saiba aproveitar esta subida e se consolide como alternativa ao Governo, para transformar este pico num planalto", sublinha.