quinta-feira, outubro 11, 2007

Há um tempo para tudo…


(Publicado na edição de 11 de Outubro de 2007 do jornal POSTAL DO ALGARVE)

Nos últimos dias, dois importantes quadros do Partido Socialista vieram a público manifestar as suas preocupações sobre o estado actual da sociedade portuguesa, em geral, e do sistema político-partidário, em especial…


Ambos fizeram parte dos governos de António Guterres, em pastas com dimensões e recursos bastante diferentes, mas onde conseguiram fazer obra e deixar uma marca indelével.

Ambos, em datas e por motivos diferentes, deixaram as funções executivas e encetaram percursos paralelos, participando em combates políticos com fins e resultados diversos. Mesmo assim, nunca se desencantaram…

Quer Manuel Maria Carrilho (MMC), quer João Cravinho (JC), embora pertencendo a gerações distintas, constituem hoje importantes reservas morais do Partido Socialista e, apesar de desempenharem funções em organismos internacionais, mantém uma atenção permanente ao “estado das coisas” do rectângulo português.

Publicadas no Diário de Notícias sob o título Encruzilhadas do Reformismo, as três crónicas de MMC (A implosão partidária, expectativas e impasses e o novo impulso) demonstram-nos que vale a pena para... pensar!

Esperamos que haja quem perceba a mensagem, saiba ler nas entrelinhas e compreender os sinais apontados por MMC e que estão cada vez mais nítidos na sociedade portuguesa. Melhor, sabemos que há gente bem colocada que compreende perfeitamente o ex-ministro da Cultura e dar bom uso a esta reflexão de utilidade pública. Mais, as soluções de futuro apontadas por MMC merecem uma reflexão séria e uma intervenção integrada dos actores sociais!

Senhor de uma rara inteligência política e de uma capacidade de trabalho que não parece esgotar-se com o avançar da idade, JC deu uma entrevista à revista Visão onde agitou as águas. “Há anos que a governação (em Portugal) é neoliberal”, “tudo se passa como se não houvesse diferenças entre o PS e o PSD” ou “foi um dos maiores choques da minha vida o mal-estar que o debate da corrupção causou no PS” são algumas das frases que alarmaram o poder instalado e procuraram recentrar as atenções do PS no seu património ideológico.

Recorde-se que, em 2005, JC foi o cabeça de lista que conduziu o PS ao seu melhor resultado eleitoral de sempre no Algarve. Enquanto representou a região na Assembleia da República nunca deixou de interessar-se pelos anseios e problemas dos algarvios, de contribuir para o debate e reflexão nas estruturas partidárias e de concorrer para concretizar a agenda política definida para esta Legislatura. Outros nem tanto…

Há um tempo para tudo, que bom seria a multiplicação dos espaços de reflexão sobre o estado da nossa sociedade e que se incentivasse uma cultura de exigência e de participação, sem artimanhas nem ilusionismos, criando espaço para a intervenção dos mais habilitados para o exercício de funções públicas!

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