segunda-feira, fevereiro 06, 2006

A liberdade não tem preço!


A liberdade de expressão na Europa está gravemente ameaçada pelo fanatismo religioso e pelos movimentos radicais islâmicos. Junta a tua voz às assinaturas de todos nós...

No teu blogue, no teu sítio, mostra a tua indignação e
apoia a luta da Dinamarca pela liberdade de expressão nos órgãos comunicação social. Vamos demonstrar aos líderes europeus as virtudes da tolerância democrática e mostrar aos dirigentes radicais que a força da LIBERDADE não se amedronta com ameaças, com manifestações, com fogo ou com tiros!

4 comentários:

Anónimo disse...

Um «cartoon» pode ser uma bomba-relógio. E um conjunto deles, publicados nos idos de Setembro, podem deflagrar em Fevereiro. Como se estivéssemos na Idade Média e as notícias só chegassem meses depois. Na época da Internet estamos a voltar à idade das trevas.
Divididos pelo Mediterrâneo, dois mundos chocam. E o problema é que durante séculos conviveram, até que o Ocidente abriu as portas dos oceanos e o mundo árabe se refugiou no seu universo sagrado. Falamos mas já não nos entendemos. Os países árabes regressaram à religião como cimento unificador. O Ocidente acredita na economia como passaporte para a liberdade. E todos querem errar na sua análise do que se passa do outro lado da barricada. A democracia, para o Ocidente, é aceitar um governo no Afeganistão com senhores da guerra e traficantes de droga e rejeitar os terroristas eleitos do Hamas. Para o Islão radical tudo o que seja Ocidente é para destruir. Como se congemina nas cidades de Paris ou Londres. Escusamos de nos iludir: neste momento os radicalismos de cada lado comem os restos uns dos outros. Esse alimento não terminará com um diálogo de surdos. A única linguagem franca entre o Ocidente e o Islão dá pelo nome de petróleo. Esse dilema alimentará a interminável guerra do século XXI.

Unknown disse...

Não concordo com Freitas do Amaral, não concordo com abusos nem concordo com a violência...

Anónimo disse...

A ver se a gente (não) se entende

por Fernanda Câncio, in Diário de Notícias, 2006.02.10

Já não há paciência para falar dos cartoons e do comunicado-homília de Freitas. Já não há paciência para discutir o que é afinal sagrado, o que é afinal a liberdade e o que é afinal o bom senso. O problema é que não há mais assunto. E não é de agora, nem é sequer desde Setembro de 2001. O que se pensa nestas matérias traça a linha que demarca civilizações - ou a civilização e a falta dela. É bom por isso que não haja confusões - e confusões é o que mais há.

Por exemplo na quinta-feira, no meio do pequeno grupo de cidadãos que se reuniu frente à Embaixada da Dinamarca em penhor de uma solidariedade entre países que o comunicado do ministro dos Negócios Estrangeiros tinha negado, apareceu um homem com uma bandeira de um partido xenófobo.

Há entre os que defendem que não se deve nem se pode pedir desculpa pelos cartoons gente dessa, que acha que os muçulmanos são inferiores, que "devem ir para a terra deles" e desejaria até erradicá-los do mundo? Com certeza. O episódio dos cartoons foi espoletado por gente assim? É possível. Esse tipo de discurso é simétrico do dos fundamentalistas islâmicos? Certamente. Significa isso que quem não abjurar os cartoons é xenófobo e odeia os muçulmanos? Perdão, mas não é possível defender a liberdade de publicar os cartoons sem concordar com os cartoons (e até sem os ter visto). E é óbvio que haver quem se ofenda com os cartoons não significa que eles só possam ser vistos como ofensivos. Não perceber isso é não ser da Europa, como é ser-lhe estranho fazer prelecções sobre a liberdade "com responsabilidade", como se uma fosse dissociável da outra e estivéssemos agora na Idade da Pedra Lascada (ou no meio de uma turba daquelas que queimam embaixadas).

Outro argumento fascinante é o de que "quem não pede desculpa está a fazer o jogo de Ben Laden". Ou seja se interessa a Ben Laden que os muçulmanos me odeiem, e se eles me odeiam tanto mais (o que é discutível) quanto menos eu me humilhar e anular aos olhos deles, então se não me humilho e anulo é porque quero que me odeiem. Como quem diz: se eu quero mesmo a paz, estarei em paz mesmo quando estão em guerra comigo. É bonito e pode ser o caminho da santidade. Mas é bom perceber que, quando alguém está em guerra connosco, estamos em guerra. E que os nossos bons sentimentos não são para aí chamados.

Anónimo disse...

A PIOR E MAIS PERIGOSA IRRESPONSABILIDADE...

por Vasco Pulido Valente, in Público, 2006.02.10

«Nesta história das caricaturas muito gente se esforçou por provar a sua tolerância, o seu horror à xenofobia e o seu seriíssimo sentido das responsabilidades. Com toda a incorrecção política, talvez seja bom ver onde nos levam as nossas virtudes. Primeiro, a tolerância - devemos tolerar o islão. Isto à superfície parece óbvio. Mas pede uma pergunta: também devemos tolerar a intolerância do islão? A "Europa" respondeu que sim, mesmo à custa de se negar a si mesma. No tratado constitucional (felizmente falhado) evitou a palavra "cristandade". Mais precisamente, rejeitou a sua natureza e a sua origem, em última análise a sua liberdade, para reconhecer ao islão um privilégio que a si própria não se reconhece. Como, de resto, na prática permite que as comunidades muçulmanas vivam segundo a sua lei e não segundo a lei geral, até quando se trata de direitos do indivíduo e, muito principalmente, da mulher. A tolerância não acabou por se tornar na defesa da intolerância?

Xenofobia significa aversão ou hostilidade ao que vem de fora, ao que é "estrangeiro". Para escapar à xenofobia - hoje um crime sem nome - temos de aceitar acriticamente o islão, como se a nossa cultura não fosse na essência uma cultura crítica?

Não ofender o sentimento religioso do próximo implica que se aceite como irrelevante ou inócua a sharia? Que se aprove, como coisa natural e permissível, qualquer fatwa contra qualquer ocidental que incorra na ira de qualquer imã? É, de facto, a nossa obrigação cívica e moral contemplar em silêncio e com respeito a sociedade da Arábia Saudita, do Irão ou do Afeganistão sob o regime taliban? A nossa virtuosa renúncia à xenofobia não acabou por se tornar na defesa do intolerável?

Falta falar da responsabilidade. Maomé foi um profeta, mas também foi um guerreiro, um conquistador e um soberano. A sharia trata extensamente de política. Uma autoridade como o ayatollah Khomeini disse um dia: "O islão é político ou não é nada." Tentar distinguir entre a guerra política e a guerra religiosa que o islão move ao Ocidente não passa de um sofisma. Não se pode dividir o indivisível. A jihad deriva directamente do Corão. E o terrorismo, material e psicológico, assenta numa base doutrinal sólida, que Bin Laden, por exemplo, frequentemente invoca. Que espécie de responsabilidade leva, então, o Ocidente a não "provocar" um inimigo declarado? Não se tornou ela na pior e mais perigosa irresponsabilidade?»