domingo, fevereiro 12, 2006

Ainda há esperança!


No meio do burburinho da guerra das caricaturas, da violência contra os símbolos ocidentais nos países islâmicos, de intervenções incompreensíveis de altas personalidades, há vozes responsáveis que nos permitem respirar fundo e acreditar que ainda há esperança...

O príncipe Aga Khan, líder espiritual dos muçulmanos ismaelitas, foi distinguido como «líder da paz», durante a
cerimónia de doutoramento, na Universidade de Évora. O seu patrono e presidente do Conselho Nacional de Avaliação do Ensino Superior, Adriano Moreira, realçou as qualidades do líder espiritual na promoção do desenvolvimento e da paz, tendo em conta o momento actual de conflitos religiosos.

Aga Khan é líder espiritual dos muçulmanos Shia Imami Ismaili - um dos três ramos do xiismo - e descendente directo do profeta Maomé. Fundou a Rede de Desenvolvimento Aga Khan (
Aga Khan Development Network), da qual também é presidente, que representa uma das maiores organizações privadas para o desenvolvimento do mundo e tem por missão responder aos problemas da pobreza e exclusão social. A sua actividade é desenvolvida, sobretudo, na África Subsaariana, na Ásia Central e do Sul e no Médio Oriente, distinguindo-se o seu papel na promoção do desenvolvimento sustentado de Moçambique...

Em
Portugal, a sua missão é promover soluções criativas e sustentáveis para responder aos problemas de pobreza e exclusão social, com especial nas grandes áreas urbanas e no Alentejo. Aga Khan (Senhor Nobre) é um título hereditário honorário atribuído nos anos 30 a Aga Hassanaly Shah, o líder espiritual dos muçulmanos ismaelitas, pelo Xá da Pérsia!

2 comentários:

Anónimo disse...

Sampaio condena ataques à liberdade de expressão

Jorge Sampaio comentou a polémica das caricaturas de Maomé, dizendo que é inaceitável qualquer ataque à liberdade de expressão. O Presidente falava na cerimónia de doutoramento honoris causa do líder dos muçulmanos ismaelitas, Agha Kan, que considerou a polémica como o resultado de um choque de ignorância que pode ter resultados negativos.

in TSF, 12 de Fevereiro de 2006

O Presidente da República considera inaceitável qualquer ataque à liberdade de expressão, sobretudo se vier de grupos políticos ou regimes não-democráticos.

As palavras de Jorge Sampaio foram proferidas durante a cerimónia de doutoramento honoris causa do líder dos muçulmanos ismaelitas Agfha Kan, na Universidade de Évora.

Na sua intervenção, Sampaio condenou a violência que surgiu em vários pontos do Mundo, após a publicação das caricaturas e defendeu que há liberdades inatacáveis seja por quem for.

«Tal como nunca aceitamos a "fatwa" sobre Salmon Rushdie, também agora não podemos aceitar que a liberdade de expressão seja atacada, posta em causa por grupos políticos e regimes que infelizmente não se têm distinguido pelo seu apego à democracia e pela sua defesa dos direitos humanos. E cuja voz, talvez seja oportuno recordá-lo, não temos ouvido com igual vigor denunciar e condenar actos terroristas bastante mais reprováveis do que a simples publicação de caricaturas por mais infelizes que estas possam ser», avançou o Chefe de Estado português.

O Presidente da República considera que a violência a que se tem assistido por causa das caricaturas é inadmissível e não pode ser interpretada «como uma manifestação de xenofobia generalizada contra o Islão ou sirvam de pretexto para atacar embaixadas e agitar o ódio contra o Ocidente».

Também Agha Kan, que foi agraciado por ser um defensor do pluralismo, não esqueceu o tema polémico das caricaturas.

O líder espiritual dos muçulmanos ismaelitas considerou que se trata mais de um «choque de ignorância» do que um choque de culturas.

«Mesmo que atribuamos o problema à ignorância, não estamos de forma alguma a minimizar a sua importância. Num mundo pluralista, as consequências da ignorância podem ser profundamente prejudiciais», concluiu.

Anónimo disse...

A saga das desculpas

De desculpa em desculpa o Ocidente está a creditar na sua conta de erros mais um débito. O próprio Freitas do Amaral, cada vez que tenta emendar uma declaração que proferiu num momento de angústia existencial, enterra-se ainda mais no pântano das suas contradições. Freitas desculpa-se das suas desculpas anteriores.

Como na matemática «menos» com «menos» dá mais. Isto é: «desculpa» com «desculpa» dá culpa. A questão dos «cartoons» já ultrapassou as fronteiras do bom senso. Quando se fala de direito internacional a propósito do incêndio das embaixadas ocidentais, é porque vivemos no mundo do delírio. E, nesse aspecto, a esquerda não está a perceber que há uma lógica de montanha-russa neste diálogo de surdos. Não nos iludamos: o maravilhoso mundo do Al-Andaluz não regressará. Nem daqui a uma centena de anos. A democracia nos países árabes é uma utopia que só pode mover, por razões inexplicáveis, os neoconservadores americanos e os idealistas europeus. Quando o petróleo deixar de garantir ditaduras nos países árabes, o Ocidente verá mais violência. Não é por acaso que o apóstolo do principado do petróleo, George W. Bush, fala das energias alternativas. Com os actuais preços do petróleo, este vai deixar de ser a bandeira da democracia para o Ocidente.