
Passeando pela blogosfera encontrei este apontamento, recordando a derradeira passagem do "tavirense" Álvaro de Campos pela cidade onde o poeta quis que o seu heterónimo nascesse. Deliciem-se!
"a última visita de álvaro de campos a tavira
a paisagem vista da mesa do café
imagem de infância : largo da alagoa
igreja da nossa senhora da ajuda
o homem que de gabardine cinzenta
atravessa a pé a velha ponte romana
olhando para o rio de uma maré baixa
o homem que de roupa interior branca
atravessa o corredor da residencial sécqua
olhando para o espelho acendendo um cigarro
uma mulher chegando num carro preto
olhando para o edifício fugindo da chuva
toca a campainha e sobe apressada
uma mulher musa que traz cartas e mapas
projectos e quer saber a porta do quarto
do senhor engenheiro bate e ele abre-a
o homem alto e magro cabelo liso aparado
tem febre e escreve : “cada rua é um canal
de uma Veneza de tédios” a frase solitária
premindo as teclas da underwood"
Pedro Jubilot, in Canal Sonora
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