quinta-feira, abril 05, 2007

Todos somos Portugal!!!


Sendo assim, que mil espaços como este se multipliquem pelo país. Se estivermos unidos, o nacionalismo, a xenofobia e o racismo não triunfarão. Portugal somos todos nós!

7 comentários:

Anónimo disse...

Os gato fedorento tiveram a coragem de desmascarar esta malta do pnr, já que a lei os tolera.
Não os podemos tolerar mais. Concordo contigo, Portugal somos todos nós!
Um abraço e Boa Páscoa

Miguel disse...

Nem mais, JG ...!

Foi a resposta que esta gente merecia ...!

Uma Pascoa Feliz para ti ...!

Um abraço da M&M & Cª!

Anónimo disse...

Num país que mais parece um gigantesco livro de reclamações, torna-se imperativo enfatizar o que de positivo se faz em Portugal. Um bom exemplo disso são os Gato Fedorento, que já tinham provado na televisão o seu humor revelador de uma acuidade única e agora demonstraram - através de um cartaz estrategicamente colocado no Marquês de Pombal - que não perdem a perspicácia fora do ecrã. Aliás, num país invariavelmente acusado de não possuir uma verdadeira sociedade civil, os Gato Fedorento contrariam essa tese. Ainda que os Gato Fedorento sejam notoriamente figuras públicas, não deixa de ser aprazível verificar que são cidadãos possuidores de uma forte consciência cívica.
De facto, o país viaja entre um estado de acentuada inércia e um estado de relativa turbulência. Assim, o primeiro-ministro vê-se atrapalhado com uma licenciatura alegadamente pouco transparente e com uma Ota pouco convincente; a oposição manifesta a sua habitual tibieza; o descontentamento de muitos cidadãos torna-se mais audível num país onde o progresso e a melhoria das condições de vida de uma larga maioria de pessoas não passa de uma miragem. Neste contexto manifestamente desfavorável torna-se profícua a participação mais activa dos cidadãos. Os Gato Fedorento escolheram uma intervenção caracterizada por uma linguagem irónica e humorística, outros escolherão outras formas de intervenção cívica legítimas num Estado de direito.
Na verdade, o cenário não é melhor na maioria dos meios de comunicação social. A televisão em Portugal - meio de comunicação de massas - aposta numa programação que denota uma manifesta falta de qualidade: aos programas de entretenimento inanes acrescentam-se serviços de informação inconsequentes (ou em alguns casos condicionados por elementos externos às redacções). Porém, não há razão para preocupação, isto porque o Governo está seriamente empenhado em combater o "jornalismo de sarjeta". Ironias à parte, é notória a importância que todos os cidadãos possuem no sentido de intervirem mais na vida pública. Uma sociedade forte e interveniente dá um sinal positivo ao sistema democrático. Com efeito, a longevidade dos mandatos dos políticos e a leitura que estes fazem dos sinais provenientes de uma cidadania activa não são, seguramente, indissociáveis.
Em suma, é surpreendentemente agradável verificar que muitos cidadãos não se resignam, e que têm uma incisiva participação cívica. Os Gato Fedorento deram um passo original no sentido de intervir e de mostrar que essa intervenção pode ser acentuadamente prolífica. Quando os governos pautam a sua actuação alheios a muitos sinais negativos dos cidadãos, quando a oposição é ineficaz, quando os meios de comunicação social são inconsequentes (salvo algumas honrosas excepções), está nas mãos dos cidadãos intervirem civicamente.

Anónimo disse...

Os Gato Fedorento estão sob ameaça da extrema-direita por causa de cartaz


por Inês David Bastos* /Vasco Neves (imagem), in DN, 2007.04.06

Os quatro humoristas dos Gato Fedorento estão a ser alvo de ameaças por elementos da extrema-direita por causa do outdoor que colocaram na praça Marquês de Pombal, em Lisboa, onde se insurgem contra a mensagem xenófoba do cartaz do Partido Nacional Renovador (PNR), que está instalado bem ao lado.

As ameaças estão a ser difundidas na Internet, no Fórum Nacionalista (um agrupamento internacional defensor da raça branca) e nalguns casos os seus autores, que se escondem atrás de nicknames, dizem-se dispostos a agredir fisicamente qualquer dos humoristas Ricardo Araújo Pereira, Tiago Dores, Miguel Góis e José Diogo Quintela.

"Para os felicitar creio que terei de fazer um destes dias uma visita à hora de saída do colégio (...), onde um destes burgueses esquerdistas tem os seus filhos a estudar e assim parabenizá-lo pessoalmente pelo brilhante cartaz", escreve no fórum um nacionalista que se assume como "Nuno NS", da Costa da Caparica. O colégio aí citado é frequentado pela filha de Ricardo Araújo Pereira.

Mas as ameaças não se ficam por aqui. "Deviam ser considerados traidores à Pátria e sofrer em conformidade, mesmo usando a violência física (...) Cá por mim não renuncio ao meu direito de ajustar contas com qualquer destes fedelhos", escreve outro nacionalista. Ao que outro elemento da extrema-direita acrescenta: "Plenamente de acordo, a partir de hoje [ ontem] estão sujeitos a qualquer violência"."Não faço comentários mas dei conhecimento do caso às autoridades", reagiu ao DN Ricardo Araújo Pereira.

No centro da polémica (e das ameaças) está o cartaz instalado quarta-feira ao final da tarde onde se pode ler: "Mais imigração. A melhor maneira de chatear os estrangeiros é obrigá-los a viver em Portugal" e "Com os portugueses não vamos lá". Uma resposta - que Ricardo Araújo Pereira disse ao DN ser "humorística", embora reconheça poder ter uma "mensagem política" (ver texto em baixo) - dos Gato Fedorento ao cartaz antes colocado pelo PNR no qual se faz apelo ao nacionalismo e se escreve: "Portugal aos portugueses, basta de imigração."

"O nosso cartaz é um acto de humor, não é acto político; é uma sátira política, mas não descarto que possa ter consequências políticas", justifica Araújo Pereira.

Já José Pinto Coelho, presidente do PNR, disse ao DN estar "agradecido" aos Gato Fedorento "por ter dado visibilidade ao ponto de vista" dos nacionalistas. *com JMT

Anónimo disse...

Diz que é uma espécie de política

por Fernanda Câncio, in DN, 2007.04.06

O cartaz é uma cópia, mas ao contrário. O outro diz "boa viagem", o deles diz "bem vindos". No dos outros o avião está a partir, no deles o avião está a chegar. "Basta de imigração", dizem os outros; "Mais imigração", dizem eles. "Nacionalismo é a solução", dizem os outros. Eles respondem: "Nacionalismo é parvoíce".

Os outros são os do PNR, o Partido Nacional Renovador que quer "Portugal para os portugueses" e dá loas a Salazar ; eles são os quatro Gato Fedorento, que vivem de fazer humor, e garantem: "Com portugueses não vamos lá". O cartaz dos Gato, feito a expensas dos quatro, foi colocado na quarta-feira ao fim da tarde exactamente ao lado do cartaz do PNR, no centro de Lisboa.

O gesto, inédito em Portugal e talvez no mundo, inaugura qualquer coisa que não se sabe bem o que é. Quando um grupo de humoristas, habitualmente pagos para fazer o que sabem fazer (pouco dos outros) paga do seu bolso para fazer pouco de um cartaz de um partido, isso é o quê?

O gato Ricardo Araújo Pereira diz que o cartaz é "a posição deles como cidadãos". Recusa, no entanto, estar a "fazer política", frisando: "é um acto humorístico". E se admite poder ser lido como um gesto político, sê-lo-á, sublinha, como muitos outros gestos.

Se a política é uma coisa que se come todos os dias, como diz a frase feita, todos os gestos são políticos, etc, etc. Mas toda a gente sabe que (para usar outra frase feita) há gestos mais políticos que outros, e o cartaz dos Gato, por mais graça que tenha - e tem, mas pilhas de graça, dentro do género cómico involuntário, tem também o do PNR - é definitivamente um desses. E dos mais explosivos de que há memória.

O que os Gato estão a dizer, com o seu cartaz, é que o PNR e a sua mensagem são para gozar. E que a liberdade de expressão que o PNR reclama para poder insultar os imigrantes e exaltar o nacionalismo, os Gato reclamam para apoucar o PNR e afrontar os nacionalistas. O que os Gato estão a dizer é que a forma certa de lidar com a extrema-direita é compará-la a um bando de comediantes - eles próprios, no caso. Podem estar certos e podem estar errados. Mas estão decerto, mesmo que a Câmara de Lisboa exija a retirada do cartaz por não o considerar propaganda política, a gozar connosco quando dizem que não é isso mesmo que estão a fazer. (...)

Anónimo disse...

Cartaz e cartaz

Editorial, in DN, 2007.04.06

O cartaz diz: "Basta de imigração." Se houvesse um erro de português - por "imigração" querer dizer-se "emigração" - seria uma boa frase. Emigrar quase nunca é desejado pelo próprio, é doloroso partir de casa e dos seus. Que portugueses protestassem por isso compreendia-se num país com milhões de emigrantes espalhados por França e Venezuela, para falar só de emigrações recentes.

Infelizmente, aquele cartaz não faz erro de gramática. Ele quer dizer, mesmo, "imigração". Basta, diz, desses homens e mulheres estrangeiros que estão em Portugal. Expulsem-nos, diz o cartaz, que mostra um avião e esta frase terrível: "Façam boa viagem."

O Diário Económico de ontem, num notável trabalho estatístico, explica do que os autores do cartaz estão a falar: basta de 7% da riqueza nacional (que é quanto valem os trabalhadores estrangeiros em Portugal). Esses 5% da po- pulação em Portugal e que são de 9 a 10% dos trabalhadores em Portugal (quer dizer, trabalhando o dobro dos cidadãos nacionais) geram uma riqueza de 11 mil milhões de euros por ano, tanto quanto a Portugal Telecom, a maior empresa nacional. Portanto, diz o cartaz: "Boa viagem PT, vai-te embora!"

Houve vozes que exigiram a retirada do cartaz, único mas rapidamente famoso (destino fugaz de quem diz enormidades). Mas a forma mais inteligente de combater as ideias tolas é responder-lhes com factos, como fez aquele jornal económico.

Nem sempre, porém, se pode ser só calmo e contabilístico para reagir a alguém que falando de gente maioritariamente pobre e honrada diz com ironia sem compaixão: "Boa viagem..." É preciso não saber o que é Portugal, não conhecer a Murtosa que foi para Nova Jérsia, a ilha de São Jorge que se transferiu para a Califórnia, os arredores do Funchal que se estabeleceram em Caracas, é preciso não ter um vizinho que foi para as obras no Luxem- burgo ou uma mãe que foi concierge em Paris para ousar ser tão mesquinho com imigrantes, a outra face de emigrantes.

Há um senhor emproado que ousou dar a cara por essa ignorância e maldade. Há dias, ao DN, ele até disse que um imigrante só poderia ser português ao fim de cinco gerações. Isto é, ele expulsaria el-rei D. Duarte, D. Pedro, o infante D. Henrique, D. João e o Infante Santo, filhos da imigrante D. Filipa de Lancas- ter... Boa viagem, Ínclita Geração!

Contra um emproado assim, em- proaram-se os Gato Fedorento, rindo-se-lhe na cara. Dá gosto ser compatriota destes jovens inteligentes.

rascunhos disse...

Enquanto a lei não for dura para os skinheads de extrema direita( que agora se "legalizam" num partido qq) este tipo de situações não acaba. Já há uns anos largos, apareceram por aí a esfaquear e perseguir quem lhes apetecia, geralmente individuos de cor negra. Houve que tomar medidas para travar o ódio que espalhavam.Parece que agora estão a surgir de novo.Bandalhos não passam de lixo.

Cpts e parabéns au autor deste blog