(Publicado na edição de 12 de Agosto de 2004 do jornal BARLAVENTO)
Em 2003, Portugal gastou 10 milhões de euros em 2003 no aluguer de meios aéreos para combater os incêndios florestais. Ponderou-se a compra de Canadair's e a utilização dos Pumas da Força Aérea, mas tudo acabou no capítulo das promessas esquecidas…
Em 2004, repetiram-se os mesmos erros e arderam 39 mil hectares de floresta algarvia. Há árvores que só voltam a produzir a melhor cortiça do mundo daqui a doze anos!
Um mês e meio depois das primeiras chamas, os autarcas dos oito concelhos afectados continuam a reclamar a declaração de calamidade pública para que se possam ultrapassar burocracias e aceder aos subsídios indispensáveis para recuperar a floresta, ajudar as famílias e lançar novos projectos agro-turísticos.
Há um ano atrás, escrevemos aqui algumas impressões sobre o flagelo dos fogos florestais. Hoje, não acrescentaria nem mais uma palavra.
Nenhuma das medidas anunciadas no Livro Branco de Incêndios Florestais, pomposamente anunciado depois dos incêndios de 2003, foi executada de forma pragmática e eficaz!
A Agência para a Prevenção de Incêndios Florestais só foi criada em Abril, ficando sem verbas para funcionar devidamente, e a maioria das Comissões Municipais de Defesa da Floresta não funcionam. As medidas e acções a desenvolver no âmbito do Sistema Nacional de Prevenção e Protecção da Floresta contra Incêndios só foram publicadas no Diário da República de 30 de Junho. Passado um mês, é publicado o diploma que aprova o programa de apoios para 2004 do Fundo Florestal Permanente…
Entretanto, nada de novo foi desenvolvido na organização dos grupos de reforço e reacção rápida para apoiar os corpos locais de bombeiros. Aliás, nos vários incêndios do Caldeirão, os bombeiros algarvios enfrentaram as chamas heroicamente sós ao longo de dois dias e os meios aéreos foram desviados de Monchique para a Arrábida para “animar“ uma conferência de imprensa!
Os financiamentos do Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil (SNBPC) às corporações que dispõem de Grupos de Primeira Intervenção (GPI’s) não foram cumpridos, dificultando salários e compromissos!
Formaram-se comissões técnicas para analisar a formação dos bombeiros e reformular o sistema de comando operacional e ninguém sabe os resultados dos seus esforços!
Apesar de tudo, a elaboração da Carta Nacional de Risco foi concretizada, mas permitam-me que duvide da sua eficácia pois grande parte do Algarve ficou de fora das zonas de maior perigo…
O plano de reequipamento de meios de combate a incêndios florestais, incluindo meios aéreos, serviu para alugar mais duas aeronaves, mas um dos Canadair’s permanece semiafundado numa barragem desde a primeira semana de Julho. Dos Pumas da Força Aérea, não há novidades. O primeiro submarino deve ser entregue em 2009!
Perante este cenário, vamos cruzar os braços e desistir?! Nem pensar, para revitalizar as zonas afectadas são necessárias soluções concretizáveis e sustentáveis no tempo e que permitam a sedentarização das famílias mais jovens e perspectivem-lhes um futuro mais risonho!
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