Em geral, as propostas dos grandes consultores passam por dividir, encolher, renomear, eliminar e mais ou menos privatizar, recomendando mudanças institucionais profundas quando uma revisão dos comportamentos seria suficiente e alterando a vida de milhares de pessoas de um momento para o outro...
Quando analiso a reestruturação proposta para o Instituto Nacional de Estatística, não posso deixar de pensar no alerta de Peter Martin no Financial Times referindo que "muitas vezes os consultores facturam duas vezes: uma como pagamento da encomenda originária, outra para cuidar dos destroços causados pela mesma".
Lembrando a saga da Bombardier, esta reestruturação também vem do Canadá e aponta para o encerramento das delegações regionais do INE e despedimento de funcionários, acabando com a desconcentração feita no consulado de Cavaco Silva, que permitiu reforçar significativamente a informação regional, com uma evolução notável em termos de flexibilidade de gestão e rapidez de resposta.
Pode-se reconhecer que algumas orientações do serviço público de estatística deveriam ser alteradas, para que a informação reflectisse melhor as tendências actuais da actividade económica e social, que o número de técnicos contratados fosse revisto e que as parcerias com as universidades fossem mais incentivadas, mas o encerramento puro e simples das delegações regionais vai contra o discurso de descentralização/desconcentração que o Governo entende fazer passar...
Como sublinha Manuel Carvalho no PÚBLICO, "o ministro MoRais SaRmento, que tutela o INE, parece ser o lídimo representante dessa velha tendência do Estado para concentrar a mais ínfima competência decisória nas proximidades do poder político."
Como diz o povo, apanha-se mais depressa um mentiRoso...
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