(Publicado na edição de 27 de Maio de 2004 do jornal POSTAL DO ALGARVE)
A linha ferroviária Lisboa-Algarve foi completamente modernizada e tem troços que são de alta velocidade, o seu traçado foi corrigido e instalou-se um sistema de sinalização sofisticado que permite comandar à distância todas as circulações, garantindo uma segurança que é difícil obter nas nossas estradas.
Um investimento de milhões iniciado no consulado de João Cravinho e que ganhou visibilidade sob a tutela de Jorge Coelho, a exemplo da auto-estrada inaugurada no início do Verão de 2002. Fruto da determinação empenhada para “encolher” Portugal, com o apoio imprescindível dos fundos comunitários.
Desenvolvido em parceria pela CP e pela REFER, permitirá que o comboio pendular atinja 220 km/hora em algumas zonas do percurso e faça o trajecto entre a Estação do Oriente e Faro em apenas três horas, libertando os passageiros da travessia do Tejo nos barcos do Barreiro.
Desde 1997, os empreiteiros ao serviço da REFER electrificaram totalmente a linha, fizeram túneis, cortaram curvas, construíram pontes e viadutos e eliminaram passagens de nível e duplicaram o percurso entre a Ermidas e Torre Vã para permitir o cruzamento das composições sem as habituais paragens e absorver quaisquer atrasos...
Investindo numa nova competitividade, a CP adquiriu os novos comboios pendulares, dotados da tecnologia de ponta mais recente, que serão utilizados exclusivamente nas ligações entre Faro, Lisboa, Porto e Braga, permitindo concluir este trajecto em pouco mais de seis horas com uma comodidade impressionante.
A exploração comercial dos Alfas Pendulares começa na próxima semana, com uma única ligação diária a acrescentar às três do Intercidades. Ainda não é o TGV, mas quem precisa disso se só chegar em 2018?!
Porém, falta cumprir-se ainda o sonho de ver modernizadas as estações e a linha do Algarve ou de assegurar a ligação a Huelva e Sevilha. Para apanhar qualquer destes comboios em Faro ou em Tunes, quem mora nas pontas tem de mentalizar-se para mais uma hora de viagem (em média) em comboios da década de 50, para utilizar estações com poucas ou nenhumas condições e sem parqueamento para os automóveis...
Ao que parece, o projecto “Estações com Vida” lançado por António Guterres em Faro foi abandonado, a transferência da estação para o exterior da malha urbana seguiu o mesmo caminho e a criação do metro de superfície do Algarve, entre Lagos e Vila Real de Santo António, com as necessárias ligações à universidade do Algarve e ao Aeroporto, a Loulé ou a Quarteira deve estar a ganhar pó nalguma prateleira ou bem engavetado para não ameaçar o cumprimento do défice!
Sem os investimentos monstruosos e de difícil retorno exigidos pelo TGV, estas opções parecem-nos mais adequadas para garantir a competitividade e a qualidade do transporte ferroviário, quer de âmbito local, quer regional, quer internacional, num prazo decente. É preciso decidir ao ritmo dos novos comboios, para servir melhor os algarvios e os portugueses!
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