quinta-feira, setembro 20, 2007

De pequenino…


(Publicado na edição de 20 de Setembro de 2007 do jornal POSTAL DO ALGARVE)

Passados dois anos sobre a sua criação em França, o Dia Europeu sem Carros invadiu vilas e cidades portuguesas, com o objectivo de procurar reafectar espaços rodoviários em favor de modos de transporte sustentáveis…

Corria o ano de 2000 e o primeiro 22 de Setembro foi marcado pelas ruas vazias de automóveis, pelos transportes públicos sobrelotados e pelo silêncio nas ruas de Lisboa. Um estranho silêncio!

Passados sete anos, os autarcas perderam a coragem inicial e a dimensão das iniciativas reduziu-se, apesar das expectativas dos cidadãos ser em sentido contrário, como apontam diversas sondagens.

Este ano apenas metade dos 64 municípios que aderiram à Semana Europeia da Mobilidade (SEM) fê-lo na qualidade de participante (Só Faro e Vila Real de Santo António no Algarve!), o que implica a adopção de uma medida de carácter permanente, e comprometeu-se a desenvolver actividades durante toda a semana.

No sábado, outras 23 autarquias decidiram participar no Dia Europeu sem Carros (Lagos, Loulé, Silves e Tavira), e as restantes são meras apoiantes. Se o objectivo é facilitar um debate alargado sobre a necessidade de mudanças de comportamentos em relação à mobilidade, especificamente no que se refere à utilização do automóvel particular, não se percebe que tantos municípios fiquem de fora!

Na Europa, de acordo com as sondagens de opinião efectuadas durante a SEM, a maioria dos cidadãos quer promover modos de transporte mais amigos do ambiente e são muitos os que estão preocupados com a qualidade do ar que respiram e põem a poluição atmosférica no topo da sua lista de prioridades ambientais. A maioria é também favorável a que se consagre mais espaço a corredores verdes e a zonas pedonais, em detrimento de ruas para automóveis, a fim de se reconstruir um sentido comum de vizinhança e de comunidade local, resolvendo-se por outro lado os problemas da qualidade do ar e da poluição sonora.

Em Portugal, segundo um estudo de 2006, três em cada cinco pessoas gostariam de ver a zona sem tráfego automóvel aumentada durante a SEM. Por outro lado, 90% dos inquiridos concordaram em que, para se reduzir o tráfego urbano e a poluição, se deve limitar a utilização do carro, nem que seja limitando a velocidade permitida no interior das cidades.

Contudo, é preciso criar incentivos para deixar o carro longe dos centro das cidades, estimular a utilização dos circuitos de transportes urbanos desde a idade escolar e proporcionar melhores ruas para todos!

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