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sexta-feira, junho 24, 2005
Futebol sustentável...
Os craques Manuel Fernandes e João Pereira, ambos do Benfica, e João Moutinho, do Sporting, são alguns dos jogadores já confirmados para alinhar no jogo de beneficência que oporá uma equipa "All Stars" da Superliga e o Algarve United, onde será feita uma recolha de fundos que reverterão para a Associação SOS Lince.
Com entrada livre, a partida joga-se no Estádio do Ginásio de Tavira neste sábado, dia 25 de Junho, pelas 21:00 horas, e é uma iniciativa para divulgar as actividades do Algarve United e os objectivos da Associação SOS Lince. E você, já pensou em tornar-se um lince?!
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Algarve United a caminho da SuperLiga
in Público, por Jorge Manuel Matias
O novo clube algarvio tem um ano de vida e já subiu da II à I Divisão distrital. Esta época o objectivo dos "linces" é chegar aos nacionais, a caminho da SuperLiga. Entre tanta ambição, ainda há tempo para apoiar a protecção de uma espécie animal ameaçada de extinção. Por Jorge Miguel Matias
Quando há um ano surgiu o Algarve United Futebol SAD e o seu homem forte e principal accionista, Corrado Correggi, afirmou que em seis anos queria colocar o clube na SuperLiga, muitas foram as gargalhadas que soaram face à utopia do projecto. Concluído o primeiro ano de vida, o Algarve United cumpriu o seu objectivo base e ascendeu, no seu ano de estreia, da II Divisão distrital do Algarve à I Divisão e para a próxima época a intenção é subir à III Divisão Nacional. Por agora, as gargalhadas continuam face à ousadia do projecto, mas já diminuíram de tom.
"Sim, é um sonho. Levar este clube à SuperLiga, à UEFA é um sonho. Sei que vou ter muitos problemas. Mas, o perigo dos sonhos é que, muitas vezes, realizam-se", diz a sorrir Corrado Correggi, principal accionista da SAD (Sociedade Anónima Desportiva) com 80 por cento dos 250 mil euros do capital social (os restantes 20 por cento pertencem a John McGovern, cunhado e parceiro numa empresa de representação de jogadores que ambos também possuem).
Tudo neste jovem clube passa por aquele italiano, cuja visão comercial é epidérmica. O simples nome do clube resulta da análise que Correggi fez do potencial que o Algarve pode ter no caso de chegar aos patamares mais elevados do futebol europeu. Sem estar limitado a uma determinada cidade, o Algarve United tem a vantagem de abarcar uma região conhecida mundialmente o que, no futuro e com a crescente visibilidade mediática que o clube pode vir a dispor, poderá trazer frutos. "Amanhã é um nome tremendamente comercial em toda a Europa. O Algarve United na Europa. Imagine a publicidade", afiança.
Para já, no primeiro ano de actividade, o Algarve United subiu de divisão. "E não foi fácil", assegurou Correggi. Forçados a treinarem-se em diferentes campos todos os dias (os jogadores eram informados durante a tarde onde iriam treinar nessa noite) e sem adeptos, o Algarve United jogava fora de casa mesmo quando realizava jogos na condição de visitado, uma vez que os adeptos do clube adversário eram sempre mais numerosos.
Mas as dificuldades ajudaram a consolidar um grupo. O início de temporada decepcionante, com algumas derrotas e empates, fez temer que a equipa não seria mais do que um grupo de rapazes. Mas aos poucos os resultados começaram a aparecer e com uma mudança de treinador pelo meio a subida de escalão foi uma realidade.
Os jogadores que compõem o Algarve United são na esmagadora maioria jovens - a média de idades da equipa é de 19 anos. Nenhum deles recebe ordenado, assegura Correggi, que critica a forma dissimulada como muitos clubes dos distritais aliciam jogadores amadores oferecendo-lhes ordenados.
Correggi também não compreende o motivo porque os clubes amadores só podem inscrever um jogador de nacionalidade não portuguesa. Com dois irmãos no plantel, filhos de pais ingleses, mas naturais do Algarve, Correggi foi obrigado a esperar até Janeiro para poder inscrevê-los como profissionais, pois a FPF não permitiu a sua inscrição enquanto amadores.
Daniel Robinson e o seu irmão foi uma das vítimas desta regra. Trabalhador num dos inúmeros resorts algarvios, contribuinte para o Estado português, Daniel é estrangeiro nas leis do futebol. Mas este avançado é também o protótipo do jogador do Algarve United. Durante o dia exerce a sua actividade profissional e à noite percorre dezenas de quilómetros para ir treinar onde lhe indicarem, levando o equipamento de treino de que é responsável e que tem que lavar e cuidar em casa. Dinheiro não recebe. O clube apenas lhe paga a gasolina.
Correggi quer que as coisas continuem assim na próxima época e critica a forma como a maior parte dos clubes considerados amadores aliciam os jogadores com "ordenados". A estratégia dele é distinta. "Eu ofereço aos jogadores que não têm espaço para se mostrarem noutros clubes a possibilidade de jogarem nesta equipa, de revelarem o seu valor. Ofereço-lhes publicidade. Digo-lhes "Venham comigo eu mostro-os". E quanto mais em cima o clube estiver, melhor para eles e para mim. Prefiro aproveitar os desperdícios dos outros e revalorizá-los do que investir em contratações", revela de forma simples.
Sem adeptos - "houve jogos em que estava apenas o meu pai a ver-nos jogar", confessou Daniel - o Algarve United já prepara acções de promoção junto do público, de forma a ter apoios e a "criar" linces - o símbolo do novo clube. Preparados estão os cartões de adepto, que custarão 50 euros por ano e oferecerão descontos em produtos de merchandising, que na próxima época já poderão ser adquiridos com a imagem do lince ibérico. Garantidos para a organização SOS Lince, que trabalha na preservação desta espécie animal ameaçada de extinção, estão 10 por cento das receitas.
(publicado na edição de 19 de Junho de 2005)
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