(Publicado na edição de 28 de Outubro de 2004 do jornal POSTAL DO ALGARVE)
Milhares de algarvios já subscreveram a petição ao Presidente da Assembleia da República para promover a reapreciação e revisão da infeliz decisão do actual Governo de penalizar os utentes da Via do Infante com o pagamento de portagens.
A via longitudinal do Algarve – Via do Infante – foi “construída” em duas fases: uma primeira, há cerca de 12 anos, entre o Guadiana e Albufeira, financiada por fundos públicos e uma segunda, de Albufeira a Lagos, concluída apenas há dezoito meses, ambas sob a promessa pública dos sucessivos Governos de que não teria portagens.
Mais recentemente, seguindo o exemplo de Cavaco Silva, o anterior Governo reiterou a promessa que na Via do Infante não haveria lugar a portagens.
A Via do Infante não é uma auto-estrada, pois que o seu perfil e demais características não preenchem os requisitos das auto-estradas. A introdução de portagens obrigaria à execução de, pelo menos, 20 praças de portagem e à criação de bermas, o que desde logo iria gerar um custo acrescido deveras significativo.
No Algarve não existe qualquer via alternativa à Via do Infante, pois que a Estrada Nacional 125 é hoje uma rua com travessias em todas as povoações, com rotundas, cruzamentos e semáforos.
A EN125 é uma via urbana com um trânsito caótico e com problemas graves de segurança rodoviária, que já foi considerada pelas televisões internacionais como a estrada mais mortal do País.
Conhecedor desta dura realidade, Cavaco Silva veio esta semana defender os algarvios numa atitude inédita e reveladora do seu pragmatismo, defendendo o regime de excepção na Via do Infante e contribuindo para obrigar o Governo de Santana Lopes a reconsiderar as suas intenções. Obrigado, Professor!
Sabendo-se que a malha urbana dispersa da Região não tem a rede viária adequada às importantes deslocações diárias interurbanas nem é acompanhada de transportes públicos em quantidade e regularidade e o transporte ferroviário de passageiros não mereceu ainda a necessária prioridade por parte dos poderes públicos.
A economia do Algarve, essencialmente assente no Turismo, carece de condições de mobilidade regional que serão postas em causa com a introdução das portagens, pelo acréscimo de custos e pela diminuição da produtividade, prejudicando a competitividade do Algarve nomeadamente, face à região limítrofe e concorrente, a Andaluzia.
É por isto tudo que não podemos aceitar chantagens dos actuais titulares do poder, com pacotes de quilómetros e de euros, para mais quando a maioria das obras prometidas localizam-se em municípios geridos por autarcas do PSD. Já agora, qual é a sua posição sobre esta matéria?! Será que os eleitos dos algarvios que são membros deste Governo – Fernando Negrão, Carlos Martins e Patinha Antão – estão solidários com este disparate?!
Imagine o caro leitor que metade dos veículos que actualmente usam a Via do Infante passavam a circular na EN125, imagine a travessia da Luz de Tavira ou de Olhão…
É por tudo isto que convido-o a meditar sobre a introdução das portagens na Via do Infante e a subscrever a petição que será entregue a Mota Amaral.
No final, pode ser que impere o bom senso!
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