(Publicado na edição de 18 de Março de 2004 do jornal POSTAL DO ALGARVE)
Mais de 25 milhões de espanhóis votaram no último domingo pela mudança de poder. Optaram por castigar o Partido Popular e Mariano Rajoy pelos erros de José Maria Aznar, concedendo ao Partido Socialista Obrero Español a oportunidade de governar Espanha nos próximo quatro anos.
A vitória de José Luís Rodríguez Zapatero nas eleições gerais de Espanha é um sinal de esperança para todos os povos da Europa, traduzindo-se numa condenação clara da conduta autista que levou a Espanha para uma guerra ilegal.
Este resultado vai ter um efeito positivo, entusiasmante e galvanizante para todos os europeus que lutam por um ideal comum.
Nestas eleições, ao lado de Aznar e Rajoy, acabaram por ser derrotados todos os participantes da cimeira das Lajes – George W. Bush, Tony Blair e Durão Barroso...
Parafraseando Abraham Lincoln, podem-se enganar algumas pessoas todo o tempo, podem-se enganar todas as pessoas durante algum tempo, mas é impossível enganar todas as pessoas durante todo o tempo!
Pela honestidade e pela transparência na vida pública, seria muito bom que todos os políticos reflectissem sobre estes resultados.
No próximo dia 13 de Junho, seria excelente que os eleitores europeus apostassem no diálogo como caminho preferencial para conquistar a paz mundial e humanizar a globalização, condenando inequivocamente os governos que apoiaram a invasão do Iraque, ao arrepio do bom senso e das deliberações das Nações Unidas, e reforçando através da sua participação o papel do Parlamento Europeu. Em Novembro, essa tarefa competirá ao povo dos Estados Unidos da América...
Reagindo aos atentados ignóbeis de 11 de Março e às tentativas inábeis de manipulação da investigação policial, a participação fortíssima das cidadãs e dos cidadãos de Espanha nestas eleições é uma afirmação do poder da Democracia e um apelo claro à mudança de atitudes e de políticas. Agora, compete ao PSOE saber corresponder positivamente a este desafio!
O terrorismo combate-se com a liberdade, a democracia e os valores do Estado de Direito, nunca com as mesmas armas nem desrespeitando os direitos fundamentais. Apesar das tentativas de condenação, a procura de diálogo com a ETA protagonizada por Josep-Lluís Carod-Rovira acaba por ser premiada pelo eleitorado que triplicou a votação na Esquerda Republicana da Catalunha (passando os seus representantes no Parlamento de um para oito), demonstrando que o diálogo é imprescindível para resolver os problemas do País Basco e, noutra escala, do Próximo Oriente.
Nas eleições autonómicas da Andalucía, a quinta vitória do PSOE e de Manuel Chaves, que recuperaram a maioria absoluta perdida em 2000, demonstrou a validade das suas políticas de desenvolvimento sócio-económico e consagrou os seus esforços para promover a Europa das Regiões e aprofundar o relacionamento europeu com os países do norte de África, reforçando os mecanismos de cooperação indispensáveis para pacificar o Mediterrâneo.
As eleições espanholas constituíram um magnífico exemplo de maturidade e serenidade democrática. Obrigado, Espanha!
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