Exactamente trinta meses após o 11 de Setembro, o horror do terrorismo desferiu um golpe profundo na Europa. Em véspera de eleições, a Espanha foi o alvo escolhido e Madrid o palco da tragédia. Os atentados nas estações que debitam diariamente milhões de passageiros no centro da capital espanhola traduziram-se em duas centenas de mortos e milhares de feridos...
Depois dos primeiros momentos de incredulidade, já experimentados em 2001, os sentimentos de repulsa e de solidariedade tomaram conta de cada um de nós, dos milhões que encheram as "calles" de Espanha e que levantaram a sua voz em uníssono globalizando emoções e protestos...
As tentativas de explorar politicamente este trágico acontecimento pareciam estancadas com a suspensão imediata das campanhas eleitorais, mas há sinais que não podemos ignorar.
A acusação imediata aos independentistas bascos, por parte do Presidente do Governo Espanhol. A tentativa de ocultação de evidências que provam a ligação ao mundo árabe. A directiva da ministra dos Assuntos Exteriores aos diplomatas de Espanha pelo mundo. A quem interessam este tipo de acusações?!
Dois dias depois, ficámos a saber que já estava tudo planeado, devidamente descrito na Internet e que era do conhecimento de investigadores do terrorismo árabe. A participação da Espanha na invasão do Iraque e no ataque ao mundo árabe perpetrado pelos Estados Unidos, sem a benção das Nações Unidas e com base em permissas que revelaram-se totalmente infundamentadas veio acicatar os ódios. Na minha aldeia, a sabedoria popular diz-nos que "quem semeia ventos, colhe tempestades..."
"A possibilidade de a Al-Quaeda ter conseguido desferir um ataque fora dos países muçulmanos, algo que não sucede desde o 11 de Setembro, e a sua chegada à Europa confirma a dimensão mundial da guerra que estamos a travar" reflecte José Manuel Fernandes, no seu editorial do PÚBLICO, concluindo que "a única atitude possível é a recomendada por todos os grandes partidos democráticos espanhóis: votar em massa no domingo."
Nesta linha, sublinho eu, o futuro da Europa somos todos nós, seja neste domingo, seja nos outros domingos de eleições. A força da Europa reside na vitalidade da democracia, no empenhamento dos seus governos no seu aprofundamento e dos seus povos na sua consolidação, através da participação cívica!
PS: O problema do País Basco resolver-se-à com diálogo, nunca com arrogância, muito menos com violência!!!
Sem comentários:
Enviar um comentário