quinta-feira, julho 26, 2007

Uma prova de coragem


Contra todas as expectativas, o programa oficial da deslocação de José Sócrates ao Algarve foi divulgado com mais de 24 horas de antecedência aos órgãos de comunicação social...

Investimentos turísticos, barragem de Odelouca, entrega de computadores e diplomas no âmbito da iniciativa Novas Oportunidades e Hospital Central do Algarve, para além de um jantar de trabalho com os autarcas da região, são os temas que preenchem o
Programa ALGARVE PRESENTE que se desenrola nos municípios de Lagos, Monchique, Faro e Albufeira.

Se estamos mesmo no bom caminho, é preciso mostrar isso, nem que para tal seja necessário ser o próprio José Sócrates a fazer o serviço!

1 comentário:

Anónimo disse...

OS HOSPITAIS CENTRAIS DO GOVERNO DE JOSÉ SÓCRATES

Com o primeiro-ministro à cabeça, prepara-se para desembarcar no Algarve, no próximo fim-de-semana, uma excursão governamental, sob o lema “Governo presente no Algarve”. Trata-se de mais uma mega manobra de propaganda governamental à custa do dinheiro dos contribuintes, para distrair os algarvios, anunciando projectos turísticos já anunciados, distribuindo uma mão cheia de computadores e prometendo falar do Hospital Central do Algarve.

A este propósito, o PSD/Algarve reafirma o seu empenhamento na sua construção, que já deveria estar em curso há muito tempo. Mas não pode deixar de registar as contradições de percurso do Ministro da Saúde, que nunca bate duas vezes à porta da mesma afirmação.

Depois das promessas eleitorais do PS, em 2005, várias vezes repetidas após o acto eleitoral, Correia de Campos garantiu há um ano atrás (a 10 de Julho) que "sou responsável por aquilo que está sob a minha tutela. Controlo algumas variáveis deste processo, não todas. Controlo o ritmo de lançamentos de dois por ano, controlo a ordenação do lançamento, o Hospital Central do Algarve está em segundo lugar nesse ordenamento, e controlo a variável de início de arranque desse processo, no ano de 2007".

Acrescentou ainda que "não me posso responsabilizar por todas as variáveis porque há terrenos que são públicos, mas que pertencem a outras instituições e é necessário recompensá-las, e são variáveis que demoram o seu tempo e não estão na minha margem de manobra". Todavia, frisou que "isto não se aplica ao Algarve, em que as condições de utilização imediata estão garantidas".

Quanto ao Hospital Distrital de Faro, foi peremptório: "esta unidade está hoje inserida numa malha urbana, não tem já condições para ser um hospital central ".

Pois bem, a 18 de Junho de 2007 (véspera do início da visita do Grupo Parlamentar do PSD ao Algarve...), um despacho do Secretário de Estado da Saúde requalificou o HDF como Hospital Central. Como num passe de mágica, o Senhor Ministro deixou de controlar variáveis, o HDF passou a ter novas condições e o Secretário de Estado, qual Harry Potter, fez surgir um Hospital Central no Algarve. Se tivessem contratado uns figurantes para fazer de cirurgiões cardíacos, de reumatologistas ou de alergologistas, a ilusão teria sido perfeita.

Infelizmente para os Algarvios, não estamos num qualquer reino da fantasia mas numa Região bem real e periférica no que aos cuidados de saúde, e a tantas outras questões, diz respeito.

Passado mais de um mês sobre a “criação” do Hospital Central, o PSD Algarve não pode deixar de perguntar o que mudou, na prática, para os doentes algarvios. Foram criadas novas respostas? Aumentou o número de valências e especialidades? É mais rápido o acesso às consultas ou à Urgência? Diminuiu o tempo de espera por uma intervenção cirúrgica? Aumentou significativamente o número de médicos, enfermeiros ou outros profissionais? Para todas e cada uma destas perguntas a resposta é uma só: NÃO!. Mudaram as regras de financiamento, mas ninguém sente o seu efeito nem ninguém sabe se alguma vez o sentirá.

Uma só mudança. Visível, real, palpável. Um só alívio. Um alívio, não na saúde, mas na carteira dos doentes algarvios. Uma só mudança: como temos um Hospital “Central”, passámos a pagar taxas moderadoras de acordo com essa “melhoria”. Em Maio, a taxa moderadora de uma consulta no Hospital Distrital era de 2.85€, agora no Hospital Central custa 4.30€. A taxa de uma consulta de urgência no Hospital Distrital era de 7.75€, agora no Hospital Central custa 8.75€.

Segundo um estudo da Unidade Central de Gestão de Inscritos para Cirurgia, o tempo médio de espera para cirurgia oncológica no Algarve é de 6,6 meses. Segundo esta Unidade, organismo do Ministério da Saúde responsável pelo SIGIC (programa de recuperação das listas de espera cirúrgicas), a média de espera nacional é de 3,5 meses, constituindo o Algarve a região onde os doentes com cancro mais esperam por uma cirurgia.

Durante o corrente mês, a Secretária de Estado Adjunta da Saúde, Carmen Pignatelli, afirmou que a espera diminuiu, a nível nacional, para 1,5 meses.

Reagindo àqueles dados, o Conselho Distrital da Ordem dos Médicos veio denunciar a forma “aligeirada e insultuosa” como foi divulgada aquela informação, pondo em causa o seu rigor. Afirma ainda que o estudo em causa veio “ampliar os níveis de ansiedade e sofrimento dos doentes e seus familiares”.

Importa esclarecer se há ou não listas de espera cirúrgica para doentes oncológicos no Algarve. A existirem, e apresentando os tempos referidos, urge tomar medidas que permitam a sua drástica redução. A ARS/Algarve, já veio afirmar que o tempo de espera médio é de 45 dias, afinal, igual à média nacional veiculada pela Secretária de Estado.

Isto parece uma sinfonia desafinada. Cada qual diz coisa diferente.

É a este tipo de questões que o primeiro-ministro José Sócrates deveria responder, no próximo domingo, quando estiver a desempenhar o seu acto verbal hospitalar.

O PSD/Algarve continuará a bater-se pela melhoria das condições de acesso aos cuidados de saúde, contra as ocas manobras propagandísticas do governo, preparando-se de forma séria para apresentar aos Algarvios, em 2009, um conjunto de propostas e medidas concretas, fruto do trabalho do seu Gabinete de Estudos e de um amplo conjunto de contactos com os vários intervenientes nesta área.

Faro, 27 de Julho de 2007

A Comissão Política Distrital do PSD/Algarve