“O Empresário”, uma ópera de Mozart, numa versão em língua portuguesa, será apresentada na Praça da República, em Tavira, no âmbito do Festival Cenas na Rua...A produção desta ópera resulta de uma parceria entre a ACTA – A Companhia de Teatro do Algarve e a Orquestra do Algarve. A dramaturgia e encenação são de Paulo Matos e a direcção musical está a cargo do maestro Osvaldo Ferreira.
“O Empresário” trata-se de uma obra que foge aos cânones tradicionais da ópera, incluindo uma forte componente de teatro declamado. Teve a sua estreia original em 1786, na mesma noite de uma outra obra de Salieri, “Prima la Musica Poi le Parole”. Aconteceu então, sob a forma de arte, o confronto entre dois diferenciados caminhos para a criação operática: por um lado, com Salieri, o modelo de ópera seria italiana que se expandia por quase todas as cortes da Europa (Portugal inclusive) e por outro, a revitalização da tradição do teatro cantado, desejada por alguns artistas, entre eles, Mozart.
Na produção que agora se apresenta, pela primeira vez em língua portuguesa, o libreto foi inteiramente reescrito, mantendo-se no entanto os seus debates internos originais, na perspectiva pretendida por Mozart, de proximidade e comunicação directa com os públicos a que a obra se destina.
As interpretações estão a cargo dos sopranos Liza Veiga e Lara Martins, do tenor Fernando Guimarães e dos actores e actrizes do elenco da ACTA Luís Vicente, Afonso Dias, João Jonas, Luís de A. Miranda, Elisabete Martins, Glória Fernandes e Tânia Silva.
Nesta quarta-feira, pelas 22 horas, mais uma cena imperdível!
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REQUERIMENTO APRESENTADO NA ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA:
ACTA – A PRÓXIMA VÍTIMA DO CENTRALISMO CULTURAL
A ACTA – A Companhia de Teatro do Algarve, poderia vir a celebrar em 2008 o seu décimo aniversário. Estrutura de teatro profissional, a ACTA impôs-se pelo mérito próprio do seu trabalho, numa região escassa em produto cultural de qualidade, sobretudo no campo das artes cénicas e de representação.
Superiormente dirigida por Luis Vicente, a ACTA tem levado o teatro às escolas e às salas de espectáculo do Algarve, e não só, em colaboração com múltiplas entidades, públicas e privadas.
Mas é reconhecida a dificuldade de sobrevivência de uma estrutura profissional teatral numa região como o Algarve, que tem uma população residente diminuta, e uma elevada população flutuante de natureza turística, na sua esmagadora maioria de origem estrangeira, logo com dificuldade em consumir este produto cultural específico.
Se as autarquias locais, e o Estado, não derem o seu suporte à ACTA, esta não conseguirá sobreviver à primeira década da sua existência.
Existem várias dificuldades actuais, e uma delas radica na absorção pelo Ministério da Cultura, do espírito centralista que caracteriza neste momento a governação do país.
Como entender que, estando prevista no Concurso de Apoio a Projectos Pontuais, a contemplação de 6 propostas culturais da Região Norte, 6 para a Região de Lisboa e Vale do Tejo, e uma para a Região do Algarve, este critério de distribuição tenha retirado o Algarve da lista, tenha reduzido os projectos do Norte de 6 para 5, para aumentar os projectos de Lisboa de 6 para 8?
De facto, até na Cultura o centralismo se faz sentir de forma asfixiante!
O projecto de ópera “O Empresário”, de Mozart, levado à cena pela ACTA, com a participação da Orquestra do Algarve, que foi feito com recurso ao crédito bancário, para suportar temporariamente um custo de produção de € 90.000,00, fica assim impossibilitado de aceder ao apoio do Ministério da Cultura, e irá significar seguramente a falência da Companhia de Teatro do Algarve.
A situação é tanto mais caricata, quanto a apreciação do júri é pródiga em apreciações positivas:
-“desafio no bom sentido”
-“troca de experiências profissionais entre os agentes do teatro e os da música”
-“projecto muito interessante e ambicioso”
-“interpretação é competente”
O requerente já teve oportunidade de assistir ao espectáculo “O Empresário”, e só pode subscrever por baixo a apreciação do júri.
O resultado deste concurso leva a que, outros projectos com pontuação não ponderada inferior à obtida pelo projecto da ACTA, serão contemplados, e o da ACTA é excluído, pura e simplesmente porque o Algarve foi excluído.
Se, a isto, somarmos a recusa do apoio de € 20.000,00 para ajuda da reparação da avaria mecânica grave do autocarro da companhia, ou do apoio à representação internacional do espectáculo, então o panorama é deveras sombrio, triste e preocupante.
Nestes termos, e socorrendo-me de todas as disposições constitucionais, legais e regimentais em vigor, requeiro a V. Exa. sr. Presidente da Assembleia da República se digne obter da Sra. Ministra da Cultura resposta a esta questão muito simples:
-Vai permitir que a responsabilidade pela emissão da certidão de óbito da ACTA – A Companhia de Teatro do Algarve passe a constar do balanço da sua experiência governativa?
Assembleia da República, 9 de Julho de 2007
José Mendes Bota
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