Estados de alma, intervenções e sinais de Tavira, do Algarve e de todo este mundo... e alguns raios de Sol!
terça-feira, agosto 08, 2006
Lamento *
Morreu metade de mim
Como posso assim viver?
Eu vislumbro já o fim
Sou rampa, já a descer
I
Eu tive uma vida cheia
De emoções e de trabalho
Mas hoje já nada valho
Corria o sangue na veia!
Sem mesmo ter pé-de-meia
Fui lâmpada de Aladim
Que iluminava sem fim
O meu solar, meu cantinho,
Mas hoje clamo baixinho
Morreu metade de mim!
II
As minhas pernas cansadas
Pensaram em fazer greve
Estou a ver que muito em breve
Muito mal darei passadas
Eu sinto-as tão carregadas!...
As artroses a crescer
Constantemente a doer
Às vezes falo comigo
Mas será isto castigo?
Como posso assim viver?
III
Eu tive uma vida dura
Mesmo parada, cansei
Duma vida em que lutei
Sempre agarrada à costura
O cansaço ainda perdura
E algo me fala assim
Meio confuso, em latim
É a voz do coração
A que não dei atenção
Eu vislumbro já o fim
IV
Nunca perdi esperanças
Às vezes mesmo caída
P'los infortúnios da vida
Mesmo em baixo de finanças
Sem recursos ou heranças
Sorria ao amanhecer
Com armas p'ra combater
Agora... desiludida!
Quase no fim da corrida?
Sou rampa, já a descer.
* Poema de Lisdália Viegas dos Santos (Costureira e poetisa algarvia nascida em 1930 na cidade de Tavira)
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