Depois de mais de quatro anos de
completo abandono por parte da Administração Central, apenas minimizada pela
intervenção permanente das Autarquias Locais e das instituições de
solidariedade social que minimizaram os efeitos trágicos dessa deserção do
Estado, o Algarve enfrenta desafios enormes e ninguém pode sentir-se dispensado
desta missão de elevado interesse público regional.
Este é um tempo novo, é tempo de voltar
a colocar as pessoas na primeira linha da intervenção política, é tempo de dar
aos cidadãos um papel central no espaço público, de discussão, de partilha de
opiniões e de definição de prioridades em questões estratégicas para o nosso
futuro comum.
Para algumas pessoas poderá parecer
desfaçatez, ou até mesmo ofensivo, ver os deputados do Partido Socialista naAssembleia da República votarem ao lado dos membros das bancadas do Bloco deEsquerda ou Partido Comunista Português. Para algumas outras, até poderá
parecer qualquer coisa de inacreditável assistir à satisfação dos compromissos
eleitorais assumidos com os cidadãos. Habituados à mentira frequente, à “chico-espertice”
mais rebuscada ou aos jogos de palavras dos seus representantes, quando não ao
silêncio cúmplice com o Governo Central ou ao desaparecimento puro quando se
tratam de medidas mais onerosas para a Região, os Algarvios devem esperar agora
comportamentos renovados dos deputados apoiantes do Governo atual. Devem
esperar e devem exigir essa mudança de atitude!
Aprovada por unanimidade no congresso de Tavira, a moção de orientação estratégica global “Algarve com Rumo” define as prioridades do PS-Algarve para a região e para o partido, mas é e será sempre um documento aberto à participação dos militantes e dos simpatizantes socialistas e dos amantes do Algarve. Subscrita em primeiro lugar pelo presidente reeleito dos socialistas algarvios, António Eusébio, foi elaborada com a mesma metodologia que havia estado na origem da proposta de programa eleitoral regional apresentada e discutida em Portimão na convenção regional “Afirmar o Algarve”, incluindo as principais bandeiras sufragadas nas legislativas de outubro de 2015.
Para defender os interesses do Algarve todos somos poucos, principalmente quando os constrangimentos financeiros do Estado são enormes e os compromissos internacionais extremamente exigentes. Porém, todos sabemos que o Algarve é um contribuinte líquido da Fazenda Pública, concorrendo de forma substancial para o equilíbrio da balança de pagamentos, apesar das medidas fiscais que nos últimos anos oneraram especialmente a economia regional, seja pelo aumento do IVA na restauração e na hotelaria, seja pela introdução de portagens na Via do Infante, agravando especialmente a mobilidade na região e dificultando o acesso dos turistas espanhóis…
Por tudo isto, podem saber os nossos representantes na Assembleia da República que contam com o total apoio dos Algarvios no trabalho desenvolvido para fazer valer as bandeiras eleitorais, seja na procura incessante de melhoria dos serviços públicos, seja no combate permanente pela beneficiação das condições de mobilidade na região, seja na criação de emprego digno e estável, seja na necessária revisão do modelo económico regional, seja no combate permanente contra as assimetrias entre o litoral e o interior…
Apesar de não ser uma zona do interior mais desfavorecido do País, o Algarve não se resume ao glamour de Albufeira, da Praia da Rocha ou de Vilamoura e a construção de infraestruturas públicas dimensionadas para acolher milhões de veraneantes tornou-se um fardo pesado para as autarquias locais da região, levando-as a descurar muitas vezes as zonas mais afastadas das respetivas áreas sem que se verifique uma verdadeira solidariedade territorial.
Cada vez mais, o Algarve carece de um olhar global e de um projeto regional, superior á soma das ambições e dos interesses dos dezasseis municípios e das sessenta e quatro freguesias. Estamos a começar bem, ultrapassando diferenças meramente conjunturais e colocando os objetivos estruturais acima das limitações partidárias!
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