(Publicado na edição de 6 de março do Algarve Informativo)
Nesta semana, os algarvios ficaram a
saber que devem pedir autorização prévia ao Senhor Doutor Pedro Nunes,
Digníssimo Presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar do
Algarve (CHA), para ficarem doentes ou para terem um acidente…
Talvez com uma antecedência mínima de
três ou quatro meses, para não dar muito trabalho aos excelentíssimos
funcionários que nos calharam na administração das unidades de saúde públicas
da região e permitir-lhes programarem atempadamente o merecido usufruto dos
seus períodos de férias ou as faltas e licenças legalmente consagradas…
Já agora, também seria útil mandar
encerrar todos os hotéis da região, cancelar os contratos com as companhias de
aviação, limitar o acesso aos areais e meter umas cancelas algures no acesso ao
Algarve e na ponte internacional do Guadiana para impedir quaisquer incómodos
inoportunos fora da época previamente estabelecida no conforto dos gabinetes…
Melhor ainda, seria publicar já um
decreto informando superior e inferiormente que o Algarve é mesmo uma região de
férias e apenas está aberta de 1 a 31 de agosto para gozo de alguns veraneantes
selecionados, saudáveis e pacatos, daqueles que não dão chatices, não adoecem
sem aviso antecipado e raramente resmungam ou fazem reclamações…
Basta de ironias, que esta situação já
cansa e o Algarve merece melhor do que aquilo que nos tem calhado em sorte!
Apesar das guerras decorrerem na outra
ponta de Mediterrâneo, o ministro da Saúde considerou há dias em pleno
Parlamento que estamos em estado de sítio ou coisa parecida e disponibilizou-se
para vir fazer a paz em terras algarvias, reunindo com os autarcas (legítimos
representantes das populações, caso alguém não tenha percebido…) e com os
atores do setor que tutela.
E esta situação, que ultrapassa
largamente as divisões político-partidárias existentes, não é de hoje nem de
ontem, arrasta-se há tempo demais e urge colocar-lhe cobro, nem que seja
através da imediata substituição do Conselho de Administração do CHA, que
apenas peca por tardia, já que não é possível mudar de utentes, impedir
acidentes ou fechar fronteiras como algumas pessoas gostariam!
Sem querer entrar em guerras público –
privado, sublinho apenas a elevada importância que o setor da saúde tem para a
região, as conquistas que fomos alcançando e os passos que urge dar para
qualificar a prestação de serviços, responder às necessidades dos utentes e
pacificar o serviço nacional de saúde. Sem demoras, sem esperar pelo Verão,
porque os Algarvios vivem cá doze meses e todos trabalhamos para valorizar a
oferta turística ao longo de todo o ano!
Não podemos aceitar que populaçõesinteiras fiquem meses seguidos sem médico, como aconteceu no Verão de 2015 na aldeia de Cachopo ou nos primeiros meses deste ano na vila de Alcoutim,
restando-lhes percorrer largas dezenas de quilómetros para terem acesso à
simples prestação de cuidados de saúde primários.
É tempo de dizer basta e… que haja saúde!
Sem comentários:
Enviar um comentário