Com a data da festividade de São Pedro e São Paulo, a carta encíclica CARITAS IN VERITATE é fruto de uma reflexão profunda sobre o estado da economia mundial, das relações laborais e da postura da Igreja Católica perante uma realidade extremamente dinâmica, cujo controlo já perdeu há muito tempo...
Apelando ao predomínio da ética nos domínios da economia e dos negócios, Bento XVI evoca a memória de Paulo VI e recorda-nos a encíclica Populorum progressio (Junho/1967), salientando que "o homem não é capaz de gerir sozinho o próprio progresso, porque não pode por si mesmo fundar um verdadeiro humanismo. Somente se pensarmos que somos chamados, enquanto indivíduos e comunidade, a fazer parte da família de Deus como seus filhos, é que seremos capazes de produzir um novo pensamento e exprimir novas energias ao serviço de um verdadeiro humanismo integral."
Por isso, o Papa sustenta que "a maior força ao serviço do desenvolvimento é um humanismo cristão que reavive a caridade e que se deixe guiar pela verdade, acolhendo uma e outra como dom permanente de Deus. A disponibilidade para Deus abre à disponibilidade para os irmãos e para uma vida entendida como tarefa solidária e jubilosa."
Nas conclusões do documento, Bento XVI sublinha ainda que "só um humanismo aberto ao Absoluto pode guiar-nos na promoção e realização de formas de vida social e civil — no âmbito das estruturas, das instituições, da cultura, do ethos — preservando-nos do risco de cairmos prisioneiros das modas do momento", apelando "a sair daquilo que é limitado e não definitivo, dá-nos coragem de agir continuando a procurar o bem de todos, ainda que não se realize imediatamente".
Uma visão considerada esquerdista no prestigiado El País, que realça a necessidade evidenciada na encíclica de valorizar o papel dos Estados e de seu poder, bem como o desafio aos sindicatos de instaurarem novas sinergias a nível internacional para defender as redes de protecção social e a proposta de criação de uma verdadeira autoridade mundial para o governo da globalização, capaz de procurar o bem comum e comprometer-se com o desenvolvimento humano integral inspirada nos valores do amor pela verdade. Caritas in veritate...
Nota pessoal - Resta saber até que ponto vai a ambição e tolerância do Santo Padre em relação aos muitos cristãos que continuam a ver limitada a sua participação na vida da Igreja...
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