domingo, novembro 04, 2007

A descoberta da... pólvora!


Pouco a pouco, os autarcas algarvios eleitos pelo Partido Socialista vão descobrindo que Macário Correia faz uma "utilização reiterada e instrumentalizada da AMAL para fins político-partidários"...

Felizmente, já passou o tempo em que o Presidente da AMAL - Grande Área Metropolitana do Algarve era considerado intocável por alguns dirigentes partidários, usando e abusando da sua condição de Presidente da Junta Metropolitana, um órgão colegial onde estão representados o PSD e o PS. Primeiro, foi Carlos Tuta, agora José Apolinário. Espera-se que hajam consequências!

5 comentários:

Anónimo disse...

Hospital de Faro: Troca de acusações entre autarcas

Apolinário e Macário em colisão

in Correio da Manhã, 2007.11.05

O presidente da Câmara de Faro, José Apolinário, promete insurgir-se hoje, na reunião da Associação de Municípios do Algarve (AMAL), contra as declarações do líder daquele organismo, Macário Correia, que criticou o Governo dizendo que o caos nas Urgências do Hospital Distrital de Faro (HDF) se deve ao encerramento de vários Serviços de Atendimento Permanente (SAP) na região.

José Apolinário, que ontem reuniu com a administração do HDF, considera “lamentável que o autarca do PSD que dirige a AMAL tenha aproveitado estas circunstâncias para fazer política partidária contra o Governo”.

O autarca de Faro, eleito pelo PS, diz que a intervenção de Macário foi “desproporcionada” e que “não houve nenhuma reunião da AMAL para discutir a questão da saúde ou do hospital”. Apolinário, por isso, acusa Macário de assumir “posições que não foram faladas internamente”. Para o autarca de Faro, o social-democrata “deve, no futuro, dar as conferências de imprensa na sede do PSD”.

Em declarações ao CM, Macário Correia refutou as acusações de José Apolinário, afirmando que para ele “os interesses e o bem-estar dos algarvios estão sempre à frente dos interesses partidários”. Sobre as acusações de Apolinário o presidente da Câmara de Tavira conclui que “para alguns parece que não é assim”.

“Quando o bem-estar dos algarvios estiver em causa, ninguém me calará”, afirma Macário Correia, acrescentando que a situação do HDF já estava em agenda para a reunião de hoje da AMAL, pelo que, “não será necessário o presidente da Câmara de Faro levar o assunto por ele”.

Entretanto, também o PCP tomou posição pública sobre a situação do HDF. Em comunicado afirma que “as demissões no Hospital Distrital de Faro põem a nu a realidade”. No documento “o PCP exige medidas imediatas que atendam à situação criada”.

Recorde-se que, na sexta-feira, 19 chefes de equipa da área médica das Urgências do HDF demitiram-se pelas condições “degradantes” em que os doentes se encontram internados. O mesmo fizeram os responsáveis pelos serviços de Oftalmologia, Anestesia e bloco operatório.

"FUNCIONAMENTO JÁ ESTÁ EM CAUSA"

Para o responsável pela Ordem dos Médicos (OM) no Algarve, “o funcionamento normal do HDF está em causa”. Em declarações ao CM, Martins dos Santos confirmou que as chefias demissionárias continuam “em funções interinamente”, mas “a motivação não é a mesma e há responsabilidades que não se assumem”, até pela própria situação em que se encontram as Urgências do hospital. Martins dos Santos concorda ainda com a posição de Macário Correia e defende que, “naturalmente, o encerramento dos SAP veio aumentar o número de pessoas que vão às Urgências”. O responsável da OM diz ainda que “a ARS pode avançar os números que quiser, mas basta entrar nas Urgências para se saber o que é a realidade”. Ainda ontem a presidente do Conselho de Administração do HDF afirmou acreditar que os médicos demissionários vão acabar por recuar.

FECHO DE SAP NÃO ENTUPIU URGÊNCIAS

A Administração Regional de Saúde do Algarve (ARS) desmentiu, ontem, que o encerramento de Serviços de Atendimento Permanente (SAP) na região tenha contribuído para um aumento do número de pessoas que recorre às Urgências do Hospital Distrital de Faro (HDF). Contrariando as críticas feitas por Macário Correia, a ARS refere, em comunicado, que na área de referência do HDF estão a funcionar, desde 1 de Janeiro deste ano, serviços de atendimento complementar para os casos clínicos mais simples nos centros de saúde de S. B. Alportel, Olhão, Tavira e Alcoutim. Aquele organismo esclarece ainda que funcionam durante 24 horas os SAP de Albufeira, Loulé e Vila Real de Santo António. Nos centros de saúde onde foram diminuídas as horas de atendimento, como aconteceu em Faro, a ARS garante que a redução permitiu realizar mais consultas programadas sem que se verificasse um aumento da procura no serviço de Urgências do hospital.

Ana Isabel Coelho / João Mira Godinho

Anónimo disse...

Autarcas do PS consideram que futuro da AMAL está em risco por culpa de Macário Correia

in Barlavento, 2007.11.08

O coordenador dos autarcas socialistas do Algarve Francisco Leal denunciou o clima de insatisfação na Grande Área Metropolitana do Algarve (AMAL) devido à forma como o presidente da Associação, o social-democrata Macário Correia, «gere as suas relações com as diversas entidades, em nome do organismo».

Francisco Leal, também vice-presidente da AMAL, considera que as atitudes de Macário Correia «descredibilizam os autarcas algarvios e põem em risco o futuro da Associação», pois, «com este tipo de condução política, o presidente revela estar mais preocupado em defender o seu partido do que os interesses da região».

«Este é um período em que temos de nos preocupar com o melhor aproveitamento dos Fundos Comunitários e com a realização de obras importantes para a região como a construção do Hospital Central do Algarve, a requalificação da EN 125 e os planos de intervenção da Ria Formosa, do rio Arade e do rio Guadiana. Não podemos perder tempo com questões político-partidárias», frisou Francisco Leal, em comunicado divulgado hoje pelo PS Algarve.

O coordenador dos autarcas socialistas critica ainda o facto de, na última reunião da AMAL, Macário Correia não ter esclarecido as declarações feitas ao Rádio Clube Português sobre a introdução de portagens na Via do Infante, bem como a acusação feita ao ministro do Ambiente Nunes Correia, o qual já as desmentira publicamente.

«Estou em condições de dizer que, uma vez que esta situação não foi esclarecida em sede da AMAL, significa que Macário Correia fez, na minha presença, declarações infundadas e sem consistência ao Rádio Clube Português, pois o ministro desmentiu-as e ele não prestou qualquer esclarecimento adicional», frisa Francisco Leal.

Anónimo disse...

PS vs PSD: mau clima na AMAL

PCP diz que tudo é “mediatização”

in Região Sul, 2007.11.09

O clima no seio da Grande Área Metropolitana do Algarve (AMAL) anda degradar-se entre dirigentes PS e PSD. O vice-presidente, o socialista Francisco Leal, acusa o presidente, o social-democrata Macário Correia, de pôr em risco o futuro da AMAL.

Em comunicado, Francisco Leal, que é também o coordenador dos autarcas socialistas e presidente da autarquia de Olhão, diz que há um “clima de insatisfação na AMAL” devido à forma como Macário Correia, “gere as suas relações com as diversas entidades, em nome do organismo”.

Os socialistas consideram que Macário Correia está mais preocupado em defender o seu partido que os interesses da região, e que para tal usa a AMAL. Concretamente, critica o facto de Macário Correia não ter esclarecido em reunião da AMAL declarações que fez ao Rádio Clube Português sobre portagens na Via do Infante.

“Estou em condições de dizer que, uma vez que esta situação não foi esclarecida em sede da AMAL, significa que Macário Correia fez, na minha presença, declarações infundadas e sem consistência ao Rádio Clube Português, pois o Ministro desmentiu-as e ele não prestou qualquer esclarecimento adicional”, frisa Francisco Leal.

Por outro lado o presidente da AMAL já tinha sido acusado na semana passada, pelo edil farense, José Apolinário, de usar a AMAL para fazer campanha contra o Governo, na sequência da demissão colectiva de 19 médicos Chefes de Equipa do Hospital de Faro.

Em declarações à Lusa, Macário Correia acusou os socialistas de “totalitários" e "perturbados". "Esses meus colegas devem estar a ver-se a um espelho e altamente perturbados", afirmou. Macário mostrou-se “perplexo” com as referidas afirmações e rematou, ironizando: "Para dar a minha opinião sobre questões que são óbvias vou ter que pedir autorização a algum partido político". Para o responsável, o comunicado emitido pelo PS é que é um “documento nitidamente partidário”.

PCP reage

“No quadro de profunda identificação entre o PS e o PSD, o PCP só pode entender a troca de palavras (…) como uma forma de mediatizar os protagonistas e desviar as atenções para os reais problemas que afectam crescentemente a região e cujas responsabilidades estão nos partidos a que ambos pertencem”. O PCP lembra: “esta AMAL foi mais um cozinhado entre o PS e o PSD”.

No entanto os comunistas não se coíbem de considerar “degradante” a situação no Hospital de Faro e “inconcebível a posição assumida pelos deputados do PS de crítica à atitude dos médicos e de complacência face à situação existente” (...)

Anónimo disse...

A Crise do Hospital e a Politiquice Politiqueira

por José Mateus, in 1001 Olhares

A crise do hospital de Faro desencadeou uma tempestade num copo de água… Macário Correia criticou a situação e aparentemente fê-lo de um modo ambíguo e pouco cuidado. José Apolinário aproveitou a deixa e fez uma crítica cerrada às ambiguidades de Macário Correia.

Apolinário não admite – e bem – que Macário use a sua posição de presidente da AMAL para para fazer política partidária. “A AMAL – diz Apolinário – não é um órgão do PSD e Macário não pode usar desta posição para assumir posições que a AMAL não discutiu democraticamente”. O presidente da câmara de Faro tem razão, como é óbvio. E as declarações de Macário, por muito que ele agora se explique, ficam irremediavelmente prejudicadas… Para a próxima, é conveniente que Macário não seja ambíguo, não jogue nas ambiguidades, clarifique a sua posição e seja claro no que diz.

Mas a moral desta estória é outra. É a incapacidade dos políticos algarvios de se entenderem na defesa dos interesses do Algarve. Porque se é verdade que Apolinário tem razão e se é verdade que Macário não devia ter usado a crise do Hospital de Faro para política politiqueira, também é verdade que enquanto for assim não há política, com P grande, para defender os algarvios… E neste cenário todas as crises são possíveis no hospital de Faro ou em qualquer outro lado sem que o Algarve se saiba defender!

E – deixem-me que vos diga – não é com a regionalização que se resolve esta incapacidade dos políticos algarvios de fazer política a sério e defender o Algarve… Pelo contrário, a regionalização só virá agravar esta politiquice. Portanto, mais do que regionalizações, o que precisamos realmente é de gente capaz!

Anónimo disse...

Saúde e política

por Fernando Reis, in 1001 Olhares

Dezanove médicos do Hospital Distrital de Faro demitiram-se das chefias das urgências, alegando falta de condições para assistir os doentes que chegam aos respectivos serviços. Os responsáveis tentam desvalorizar o caso, enquanto o PS-Algarve fala de demissões com contornos políticos, no contexto da actual disputa eleitoral para a direcção da Ordem dos Médicos.

É bem possível que acha alguma dose de razão nas razões de uns e outros, mas aos olhos dos algarvios, principalmente dos que se vêem obrigados a recorrer ao Hospital de Faro, salvo algumas raras excepções, a assistência prestada aos doentes, particularmente aos que entram nas urgências, deixa muito a desejar. Mais por culpa do entupimento dos serviços, com doentes espalhados pelos corredores deitados em macas ou sentados horas a fio em cadeiras de rodas e pelo risco acrescido de doenças resultantes das múltiplas bactérias que por ali proliferam, encontrando terreno fértil para o contágio de quem ali tem o azar de ter que recorrer, do que pela falta de competência dos médicos.

Ora se os utentes sofrem na pele com a falta de condições daqueles serviços, a que importa somar as listas de espera para certas cirurgias - o caso das operações às cataratas é paradigmático – os profissionais de saúde que ali trabalham, médicos e enfermeiros, sofrem o stress, a impotência e a frustração de pouco ou nada poderem fazer para obviarem a grave situação que se lhes depara. Com o agravante de serem, quase sempre, os primeiros a serem responsabilizados quando as coisas não correm bem para o lado do doente, nem sequer servindo de atenuante as urgências consecutivas que por vezes são obrigados a fazer para suprir as carências dos serviços.

Do esgrimir de argumentos entre as partes sobressai, de facto, a componente política. Na verdade, um dos grandes obstáculos à resolução dos problemas da saúde tem residido na circunstância de a melhoria do sector não ser encarada como um desígnio nacional, acima de qualquer interesse – político, económico ou de qualquer outra natureza – mas de terreno de luta política, em que muitas vezes o Governo e o ministro têm que desfazer o que outros fizeram em nome de uma ideologia, de um programa ou de um objectivo político.

Será que alguém, consciente das dificuldades de resposta do sistema público de saúde e atento aos sucessivos adiamentos na construção de um novo Hospital Central e do desinvestimento da administração central na área da saúde, pode ignorar este protesto dos médicos? O que é visível para a opinião pública é que há uma tendência acentuada para acabar com o Serviço Nacional de Saúde, a pretexto de doutrinas neoliberais que acham que ninguém tem direito aos serviços públicos de saúde sem pagar, mesmo quando já é o contribuinte que paga, através de descontos, taxas e impostos, esse serviço.

O Governo tem razão quando quer pôr termo ao parasitismo dos que se querem aproveitar do sistema, mas o Estado tem uma obrigação social da qual não se deve demitir. E o que parece estar no horizonte é o fim do Estado Social. Depois de mais de 30 anos de democracia, recusamo-nos a aceitar que a saúde seja só para os que têm dinheiro.