(Publicado na eição de 22 de Julho de 2004 do jorna POSTAL DO ALGARVE)
Os próximos dois anos vão ser marcados por uma torrente de anúncios e propostas populares de difícil concretização e de duvidosa utilidade. A demagogia e o populismo vão grassar como nunca…
Os primeiros dias já demonstraram a criatividade dos “staff’s” e a facilidade comunicacional dos responsáveis governativos, apesar da irresponsabilidade e da impraticabilidade da maioria das propostas….
Desde a instalação dos ministérios e serviços públicos nas mais diversas cidades do País até à redução dos impostos tudo serve para confundir as pessoas e dar a sensação de grande actividade, mesmo que tal nunca passe da fase do anúncio ou dos estudos preliminares!
Quanto á instalação do ministério do Turismo no Algarve, na Madeira ou na Serra da Estrela, que é apontado como um exemplo de descentralização (?!), o melhor é esperarmos sentados para que ninguém tenha problemas circulatórios, parafraseando Pinto da Costa!
Quanto à redução dos impostos, recordem-se as intervenções recentes do Governador do Banco de Portugal, bem sublinhadas pelo Presidente da República na tomada de posse do Governo.
A ineficácia da máquina fiscal e o esgotamento progressivo dos proveitos extraordinários desmentem quaisquer possibilidades de crescimento da receita pública e a redução da despesa só poderá ser feita em detrimento da qualidade dos serviços públicos ou da insuportável redução dos investimentos do Estado e das autarquias, especialmente numa fase pré-eleitoral…
(Apesar de corrigir uma ilegalidade), a própria demissão do recém-nomeado director-geral dos Impostos não passa de mais um número para português consumir e para Bagão Félix marcar a diferença da sua antecessora, vitimizando alguém no altar dos “media” só porque tem um salário descomunal. Será que vão ser demitidos todos os administradores de empresas e titulares de cargos públicos com vencimentos e prebendas superiores ao do Presidente da República?!
Nesta fase, para ultrapassar dois anos de profunda crise e de desânimo generalizado, seriam necessários governantes corajosos e com sentido de Estado, capazes de rentabilizar os ânimos redescobertos pela prestação portuguesa no Euro’2004 e de recusar pequenos momentos de glória fácil.
Tal como Durão Barroso, Santana Lopes ficou muito aquém das expectativas e o CDS/PP ficou a ganhar nas trocas e baldrocas de poleiros. Que ninguém se iluda, apesar de estarmos em tempo de saldos e promoções, o “stock” parece estar esgotado!
Esperemos que o contágio não seja generalizado e que os portugueses consigam resistir, esperemos que a responsabilidade e o bom senso dominem os próximos tempos da oposição, pois não devemos combater demagogia e populismo com mais demagogia e populismo.
Está na hora de preparar soluções de futuro, é tempo de preparar o futuro!
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