quinta-feira, setembro 21, 2006

Mobilidade e centralidade(s)


(Publicado na edição de 21 de Setembro de 2006 do jornal POSTAL DO ALGARVE)

A pacatez do Verão tavirense foi abalada pelos protestos dos comerciantes da baixa da cidade e pela recusa do responsável máximo da Câmara em recebê-los para conversar sobre as limitações impostas à circulação rodoviária.

Nas cidades modernas assentes em estruturas históricas há uma tendência crescente para valorizar os recursos patrimoniais, para garantir a mobilidade dos cidadãos e limitar os efeitos gravosos da utilização indiscriminada do automóvel.

Nas cidades europeias de média e grande dimensão, são conhecidos os problemas e as soluções encontradas para enfrentá-los, procurando-se no nosso Pais divulgar as boas práticas, adequando-as à nossa realidade e amenizando a agressividade do ambiente urbano. São esses os propósitos da Semana Europeia da Mobilidade, que estamos a concretizar por estes dias…

Contudo, a aplicação de tais medidas deverá ser sempre precedida de uma atitude pedagógica, explicando aos afectados as razões que justificam aquelas intervenções e os benefícios e lucros potenciais, sabendo-se à partida que serão sempre superiores aos encargos e incómodos que acarretam. Em bom português, colocar o carro à frente dos bois nunca será uma boa opção!

A reconversão urbanística da Praça da República sofreu alguns atropelos, desde a apresentação do projecto de ideias à sua conclusão (?!), passando pelo concurso público para a construção do parque subterrâneo e arranjo da superfície (que acabaria por ficar deserto…), reelaboração do caderno de encargos e execução da própria obra. Tudo isto já é passado, mas esperamos que a experiência tenha servido para alguma coisa!

Apesar de todas as demoras, o espaço está aberto ao público e ao trânsito, transformando radicalmente a forma como os tavirenses e os visitantes se relacionavam com a cidade, devolvendo alguma animação à zona ribeirinha e… afastando os carros do centro de Tavira!

Apesar do cidadão comum ser o grande vencedor da remodelação, algumas opções serão discutíveis. Os acessos ao casco histórico e à ponte antiga não mereceram uma análise que dignificasse duas zonas de transição cruciais e o esquema de circulação de trânsito automóvel é castrador do desenvolvimento comercial sustentado da baixa ribeirinha, por exemplo!

Até à plena entrada em serviço dos cinco parques de estacionamento prometidos, é fundamental que se recuperem as ligações rodoviárias entre a Rua da Liberdade e a Rua José Pires Padinha e entre a Rua do Cais e a Rua dos Pelames, limitando-as ocasionalmente quando estiverem programadas actividades na Praça da República. Na minha modesta opinião, esta poderá ser uma solução para garantir a mobilidade na cidade e fomentar novas centralidades. Voltaremos a este tema…

2 comentários:

Anónimo disse...

Para além de dar umas no cravo e outras na ferradura, V. Ex.ª esqueceu-se de mencionar que o concurso público para a construção do parque de estacionamento subterrâneo na Praça da República foi a maior campanha mediático-eleitoralista que a cidade de Tavira já conheceu...

Derrotado por Jorge Sampaio na eleições para a Câmara Municipal de Lisboa em 1993 e humilhado indecentemente nas páginas do semanário Independente anos a fio, o actual presidente da Câmara Municipal de Tavira chegou à cidade da sua meninice com muitas ideias e projectos para concretizar e que poderiam ser a sua tábua de salvação no panorana político nacional. A ver vamos se assim será... ou não!

Contudo, apostou na construção do parque de estacionamento da Praça da República como em nenhuma outra, pois as demais vinham dos executivos socialistas. Aquela seria o seu ex-libris, a sua conquista do Everest, a flor na lapela do seu sucesso autárquico!!!

Como é sabido, a montanha pariu um rato...

Anónimo disse...

El Comandante do Barranco da Nora prometeu que havia de dar a volta a Tavira e passo a passo vai-a destruindo.
Gasta rios de dinheiro em propaganda e depois não tem parede para limpar as mãos.
Veja-se só 3 exemplo:
1 - Tirou-a uma bomba de gasolina do Jardim para a pôr numa zona residencial em frente à Ubi.
2 - A caminho de Santa Luzia vai permitindo construções em zonas que eram protegidas e agrícolas.
3 - O plano de tráfego é uma autêntica anedota com lombas estúpidas e sem uma unica via de circulação em condições.

Conhecido em Lisboa foi corrido.
Agora, está nas mãos dos tavirenses, dar-lhe o mesmo pontapé certeiro e mandá-lo apanhar conquilhas na Asseca.