Quem tem medo do espelho?!

Os portugueses estão mal habituados. Geralmente, nunca sobra tempo para avaliar acções e intenções, para meditar e corrigir o rumo, para prospectivar de forma estratégica e ver o futuro com ambição, de forma a ultrapassarmos a nossa triste e durável mediania, para não dizer mediocridade, colectiva...

Em relação a nós próprios, com o horror que temos aos espelhos, são raras as oportunidades de auto-avaliação das nossas atitudes e menos frequentes as tentativas de adopção de posturas pessoais de melhoria contínua. Aliás, o costume é endossar culpas e responsabilidades para um muito subjectivo "eles", para as circunstâncias ou faltas de sorte momentâneas...

Com frequência, consegue-se criticar os outros por aquilo que fazem e muitas vezes pelo que não fazem ou, na nossa distinta opinião, deveriam ter feito. Ou melhor, na sua ausência ou depois de sairem porta fora!!!

Por tudo isto, o artigo brilhante do Ministro das Finanças no Público e a entrevista do Ministro dos Negócios Estrangeiros ao Diário de Notícias tiveram as leituras que sabemos. Convinha abandonar momentaneamente a sombra agradável da nossa árvore e procurar entender as leis da floresta. Porque cada um tem a sorte que tem e não merece outra senão tiver a ousadia de lutar por ela...