quinta-feira, julho 21, 2005

Mudar de atitude


(Publicado na edição de 21 de Julho de 2005 do jornal POSTAL DO ALGARVE)

Durante muito anos, independentemente do seu posicionamento e responsabilidade, a maioria dos portugueses comportaram-se de forma irresponsável perante as imparáveis alterações climáticas. Era coisa que afectava os outros e usava-se a técnica da avestruz…

Contudo, com a escassez da água nos solos e nas torneiras e com o aumento incessante do barril do petróleo e do preço das gasolinas, começaram a perceber que o mundo tinha mudado e que tal facto acabaria por reflectir-se nas suas carteiras, mais cedo ou mais tarde.

Há um ano atrás, meio Algarve insurgiu-se indignado contra as declarações do então ministro do Ambiente alertando para os problemas decorrentes da escassez de água e das suas consequências no negócio do turismo.

Hoje, mais de oitenta por cento do território nacional está sob seca extrema e vinte por cento sob seca severa. Em muitos concelhos do interior, o precioso líquido é racionado e muitas explorações agrícolas enfrentam o espectro da falência.

Perante esta situação, este Governo criou o Programa de Acompanhamento e Mitigação dos Efeitos da Seca 2005, instituiu mecanismos específicos de acompanhamento da evolução da situação de seca e de definição e coordenação das medidas consideradas necessárias, adoptou medidas de emergência de aplicação imediata e definiu quatro níveis de intervenção, adequados à avaliação da severidade e duração da seca em cada região do País, tendo em conta o Programa para o Uso Eficiente da Água, apresentado em 2001 e entretanto metido na gaveta…

Porém, concluído o 1º. semestre de 2005, as barragens algarvias (Bravura, Funcho, Arade, Odeleite e Beliche) apresentam descidas preocupantes dos seus níveis, tal os principais aquíferos da região, com destaque para o Querença – Silves, que abastece os concelhos do Barlavento. Como sabemos, nos meses de Julho e Agosto intensificam-se os consumos, renovando-se as preocupações para a possibilidade de cortes frequentes de abastecimento.

Por agora, não vale a pena falar da necessidade urgente da construção das barragens de Odelouca e da Foupana ou das pequenas barragens para a agricultura e combate aos fogos florestais e da interligação do sistema algarvio às barragens de Santa Clara ou do Alqueva. Agora, é preciso mudar de atitude!

Se não houver poupança, os cortes e a falta de água podem acontecer a qualquer momento e a melhor forma de lutar contra essa hipótese é as autarquias encherem os depósitos o mais possível nas "horas mortas" e deixarem de desperdiçarem água em regas de jardins e lavagens de ruas, por não serem de todo essenciais!

E cada um de nós, também pode começar por deixar de lavar os carros e seguir as regras básicas de poupança. Cada pequeno gesto nosso pode contribuir muito para mitigar o problema. Por tudo isto, poupe hoje, para ter amanhã!

3 comentários:

Anónimo disse...

Não são aproveitadas as dádivas da natureza, quando ela as dá, e agora parecem todos uma baratas tontas, "só se lembram de Santa Bárbara quando fzaem trovões", até parecem patéticos.
No interior algarvio existe a possibilidade de arranjar e armazenar água até quantidades inimagináveis, mas ninguém fala nisso. Haja coragem para investir no interior do algarve, para bem de nós todos.

Anónimo disse...

Infelizmente, para muita gentinha, Portugal é só Lisboa!

Sobre esta questão dos investimentos públicos, recomendo-te a leitura do magnifico artigo do Prof. Vital Moreira, inserido ontem no jornal Público.

O sindicato defende-se hoje nas páginas do Diário de Notícias...

Unknown disse...

Mesmo que sejam de autores anónimos, agradeço os comentários, já que não violam as regras da cortesia e da boa educação. Principalmente, desde que não façam ameaças veladas.

1 - No sábado, encontramo-nos em Querença!

2 - A serra do Algarve está sujeita a um regime de chuvas torrenciais. Chove uma ou duas vezes e ficamos seis ou sete meses sem pinga de água. Muitos agricultores já perceberam isso e construiram pequenas reservas, contribuindo para a redução da erosão e para sustentarem as suas explorações nos períodos de seca. Com os apoios do Estado e da União Europeia, é preciso continuar a insistir na rede de pequenas barragens agrícolas e nas redes de irrigação....

3 - Também li o artigo sobre o sindicato de Lisboa e, a prova é artigo do Dn e o Fórum TSF de Hoje, eles estão bem organizados. Em primeiro lugar, este Governo foi eleito com um programa e está a cumpri-lo. Em 2009, conversamos!!!