(Publicado na edição de 29 de Abril do jornal Barlavento)
Alberto Arons de Carvalho, professor e profundo conhecedor de comunicação social é autor de um livro intitulado "Valerá a pena desmenti-los ?". Quis nesse trabalho escrever sobre as relações entre a política e a comunicação social. A frase aplica-se também ao recente artigo do deputado Prof. Patinha Antão que ao discorrer sobre a Política de Pescas implementada no Algarve pelo ex-secretário de Estado Dr. José Apolinário, no qual procura desmerecer e desvalorizar um trabalho sério, empenhado e de mérito, em nome de uma demagogia político-partidária de objectivos imprecisos. Valerá a pena desmenti-lo?
Sabendo que, nestas coisas, a verdade tem sempre um valor relativo para certas pessoas, não quero preocupar-me com isso. Tendo colaborado directamente com José Apolinário na secretaria de Estado das Pescas, permitam-me apenas refrescar a memória do também Presidente da Assembleia Municipal de Loulé e dos nossos leitores...
Na Iniciativa Comunitária PESCA (ICPESCA) de um total de 1422 projectos de modernização de embarcações em todo o País, 669 foram no Algarve, que absorveu 30 por cento do investimento nacional, num total de 40 milhões de Euros. Dezoito destes projectos respeitaram a outras tantas modernizações de embarcações registadas em Quarteira.
A racionalização e modernização da frota, com o abate das embarcações mais desajustadas, concretizou-se com o aumento da potência instalada (de 65.251 kW em 1995 para 73.285 kW em 2000) e da Tonelagem de Arqueação Bruta se manteve estável (13.970 TAB em 1995 e 13.626 TAB em 2000).
Referindo-nos apenas à pequena pesca, foram construídas 41 novas embarcações com comparticipação nacional e comunitária (PROPESCA) e 412 no âmbito de um programa específico nacional (SIPESCA), que implicaram investimentos da ordem de 8,5 milhões de Euros. No mesmo período, foram modernizadas 304 embarcações através do SIPESCA, tendo sido efectuadas modernizações em mais 196 unidades, ao abrigo do PROPESCA e do ICPESCA, implicando investimentos da ordem dos 4,4 milhões de Euros.
Mas, nos outros segmentos, a frota também se renovou. O arrasto de crustáceos era das frotas mais modernas do País. No cerco e na ganchorra dirigida aos bivalves verificaram-se novas construções e modernizações. Menos barcos e menos tripulantes implicam melhores condições de segurança e empresas mais competitivas, mais qualidade no pescado e melhor remuneração dos pescadores, ajustamento da frota aos recursos disponíveis. A gestão sustentada dos recursos sempre foi considerada fundamental para o futuro da pesca. Assim fosse com este Governo!
O financiamento de uma rede de equipamentos sociais nas comunidades piscatórias foi outra das prioridades desenvolvidas, assim como a modernização das infra-estruturas marítimas e terrestres. Será que não conhece os centros comunitários de Santa Luzia e Cabanas de Tavira ou da Fuzeta, entre muitos outros?! Nunca ouviu falar de um dos maiores sistemas de recifes artificiais da Europa, entre Quarteira e Cacela Velha?! Estão esquecidas as novas lotas de Vila Real de Santo António e Sagres?! E a Estação Piloto Nacional de Aquicultura?! Ou as melhorias higio-sanitárias efectuadas nas lotas de Lagos e Santa Luzia há pouco mais de dois anos?! Ou que, ao fim de mais de trinta anos, colocámos inspectores veterinários nas lotas do Continente, que diariamente controlam todo o pescado descarregado, comercializado e consumido nos lares portugueses?! E o apoio aos investimentos privados efectuados nos domínios da aquicultura e da salinicultura tradicional, recentemente premiada a nível mundial?!
Para aqueles que comem muito queijo, recorde-se que o Porto de Quarteira foi financiado pelo sector das Pescas, primeiro com uma homologação de apoio comunitário assinada pelo Dr. Marcelo Vasconcelos e, para cobrir os encargos financeiros adicionais, com uma decisão de homologação de financiamento adicional assinada por José Apolinário. Qual foi até hoje o contributo concreto do Prof. Patinha Antão em favor de Quarteira?
Para concluir, sobrevoando as questões do turismo, sublinhem-se apenas a conclusão da Auto-Estrada do Algarve, as decisões sobre a ampliação da rede de Pousadas da Juventude e de construção das pousadas da Enatur de Estoi e de Tavira e o crescimento contínuo das receitas do sector durante os seis anos de governação socialista, fruto de uma estratégia de desenvolvimento sustentado concertada com os privados.
Pelo contrário, com o Governo do PSD-PP, apesar de bastante avançada, a melhoria da rede ferroviária teve que esperar mais de dois anos para estar concluída, as pousadas da juventude ficaram no fundo da gaveta, a pousada da Enatur de Estoi não tem destino certo e a de Tavira está atrasadíssima e os últimos dois anos foram péssimos para os empresários algarvios!
Será que esta pressa de apresentar trabalho e de glorificar Carlos Martins terá algo a ver com a situação catastrófica da saúde portuguesa e com a mais que provável remodelação da equipa ministerial que não consegue suster a ampliação das listas de espera e teima em atolar-se nos balanços pouco credíveis da saga Hospitais SA?!
Ou estará a aquecer a luta pelo poder na distrital laranja e pelos lugarzitos na próxima lista de candidatos ao Parlamento Europeu ou à Assembleia da República?!
Esperemos, pois o tempo é o melhor aliado da verdade...
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