quarta-feira, março 14, 2007

Outra geração...




O Ministério da Administração Interna (MEAI) apresentou o seu novo sítio na Internet e estreia com uma nova geração de blogues... governamentais!!!

Para quem se interessa por estas coisas das novas tecnologias e da Administração Pública, recomenda-se uma
visita...

PS - Já agora, para começar:
1 - Não seria possível ter mais cuidado na recolha de informações sobre as estruturas desconcentradas do MEAI e evitar o fornecimento de dados incorrectos?! Há pessoas que já sairam dos cargos há muito tempo e os seus nomes ainda por lá vegetam...
2 - No
blogue, falta uma ferramenta preciosa, potenciadora da desejável participação dos cidadãos. E, com os filtros hoje disponíveis, há formas de controlar aquilo que coloca nos COMENTÁRIOS!!!

1 comentário:

Anónimo disse...

Informação, participação e propaganda

in Público, 14.03.2007, por José Vítor Malheiros

A Internet tornou-se o primeiro meio de comunicação e informação. O mail ultrapassou o correio, as mensagens instantâneas começaram a substituir mail e telefone, o telefone através da Web cresce a passos largos, a Web é o primeiro sítio onde vamos quando procuramos informação, quando queremos encontrar e comunicar com alguém, sejamos crianças ou eruditos. Vemos televisão na Internet, vamos lá buscar as músicas e os filmes e os livros, discutimos com amigos e desconhecidos nos fóruns on-line, publicamos as nossas ideias, as nossas fotos e as nossas paixões na Web .

A Web é o sítio onde está a informação e - o que é mais importante - é o sítio onde estão as pessoas.

Seria preciso ser cego para não dar por nada disto, mas há quem não seja e não dê. E o mundo da política não está isento da cegueira. A Internet tem na política um campo de aplicação natural, mas espantosamente chegou (está a chegar) tarde a esta área - e não só em Portugal.

A utilização mais básica da Internet, como ferramenta de disponibilização de informação, ainda está muito aquém do que podia e do que devia, mas esta é uma utilização que os cidadãos devem e podem exigir dos seus representantes e dos seus servidores públicos. Houve uma altura em que o custo da difusão justificava "tecnicamente" a retenção de informação. Hoje isso não acontece. Nos Estados Unidos, a documentação não classificada da administração está disponível on-line ou em vias disso. Não há razão aceitável para que o mesmo não aconteça em Portugal. A Internet facilita o cumprimento do dever de informar dos políticos e da administração pública e permite satisfazer o direito dos cidadãos.

A Web é porém, hoje em dia, muito mais que uma ferramenta de difusão de informação: é um ponto de encontro, um local de reunião, de debate, misto de café-concerto e fórum cívico, onde é possível fazer reuniões de peritos ou conferências de cidadãos num piscar de olhos, reagir, fazer petições. Os políticos que perceberam isso - como fez o precursor Howard Dean nos Estados Unidos ou Ségolène Royal na actual campanha presidencial francesa - estão a usar as potencialidades cívicas da chamada "Web social" e a capitalizar esses contactos.

Hoje em dia os cidadãos querem falar e habituaram-se a falar - entre si e a ser ouvidos pelo poder - e os políticos fazem bem em escutar. Que os políticos estejam na Web é inevitável, porque a Internet é o espaço mediático por excelência - como a televisão já foi e ainda é em muitas áreas -, mas os políticos têm de perceber que não é possível usar a Web como se fosse a televisão. Na Web não é possível dizer aos cidadãos para se sentarem, para se calarem e ouvirem. Na Web, os cidadãos respondem.

O blogue do MAI que hoje é lançado oficialmente pode ser apresentado como um gesto de inovação, mas tem tiques infelizes de tempo de antena. Se para um martelo tudo parece um prego, para um político tudo parece um microfone, mas a Web não é tão fácil de domesticar. Se o site do MAI existir apenas para António Costa poder responder às críticas que lhe são dirigidas nos jornais, isso poderá estimulá-lo imenso, mas esta será mais uma oportunidade perdida de estabelecer uma relação madura entre cidadãos e Governo.